Um ano depois da implantação da UPP Cidade de Deus, em 2010, a Agência do Bem, Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (OSCIP), viu a oportunidade de expandir para mais uma comunidade o trabalho de desenvolvimento social e humano de crianças e adolescentes através do ensino da música.
Perto de completar seis anos de atuação na Cidade de Deus, o projeto Escola de Música e Cidadania, assim como outras iniciativas e instituições de ensino públicas, vem enfrentando um quadro de conflitos cada vez mais constante. Mesmo com a familiaridade local e a utilização de uniformes que identificam o projeto, não há como evitar, principalmente durante os picos de confronto, que os próprios alunos e professores sejam alvos de olhares suspeitos e até mesmo abordagens por integrantes do crime organizado que tentam retomar ou reforçar o domínio de determinados pontos. As trocas de comando e chegada de novos adeptos às facções agravam a situação, aumentando o número de olheiros e possibilidades de aproximações de risco.
O efeito cascata advindo das altas dívidas do estado, que gerou um dos maiores cortes de verba do ano diretamente na pasta de segurança, recai no trabalho das UPPs, que por sua vez têm deixado moradores e agentes novamente inseguros em sua rotina diária. Além de vivenciar intermitentes conflitos que impedem a chegada de alguns professores e até mesmo de alunos que moram próximos ao local de ensino, a Escola de Música e Cidadania já precisou recorrer à paralisação total de suas atividades por duas vezes nos últimos meses por conta de operações envolvendo repreensões aos traficantes.
Temos acompanhado com apreensão esses novos episódios de violência, que haviam diminuído muito nos últimos anos. É preocupante e causa sérios transtornos ao andamento das atividades do projeto. E, mais do que isso, ficamos sensibilizados e solidários aos amigos e moradores da comunidade. O cenário do Governo do Estado não deixa muitas esperanças, mas torcemos para que o programa das UPPs se mantenha e avance naquilo que ainda não foi capaz de fazer.
– comenta o presidente da Agência do Bem, Alan Maia.
No último dia de paralisação, por conta do confronto entre policiais da UPP e criminosos, mais de cinquenta alunos que fariam aulas de violoncelo, viola e violino foram impedidos de comparecer, enquanto coordenadores se abrigavam do tiroteio sem poder deixar o local.
Fonte: Assessoria de Imprensa