Segundo a Fundação Abrinq, quem faz parte do voluntariado é:
“ O ator social e agente de transformação, que presta serviços não remunerados em benefício da comunidade. Doando seu tempo e conhecimentos, realiza um trabalho gerado pela energia de seu impulso solidário, atendendo tanto às necessidades do próximo ou aos imperativos de uma causa, como às suas próprias motivações pessoais, sejam estas de caráter religioso, cultural, filosófico, político, emocional”.
Eu vou um pouco além, pois, pra mim, voluntariado foi uma mudança significativa no modo de ver o mundo. Então, se engana quem lê estas linhas e pensa que só falo por trabalhar no terceiro setor.
Aliás, eu vim parar na Gerando Falcões por me encantar pelo projeto Corona no Paredão e me oferecer como voluntário da área de comunicação. Fiquei um tempo ajudando nas redes sociais, até que me convidaram para trabalhar no blog.
Mas isso é papo pra outro dia…
Eu entrei para o mundo das ONGS em 2007, com 18 anos. Como dizia um amigo, “ quando o bicho do voluntariado te pica, você pega a doença pro resto da vida”. É uma doença boa, onde você começa a olhar o próximo, a vida e você mesmo por outra perspectiva.
Além disso, você começa entender que, realmente, todos somos humanos.
Por isso, resolvi escrever um post com alguns motivos para você, que ainda não foi picado pelo “bicho” do voluntariado, receber essa mordida do bem.
Então, vem com a gente!
1. Você aprende a viver de maneira mais simples
Primeiramente, esqueça aquele papo de que fazer o bem ao próximo é algo que faz bem pelo simples fato de ser caridade. O buraco é mais embaixo. Porém, no voluntariado, é normal que você se veja em um tom superior ao local que você está ajudando. Mas, com o tempo, vários pontos da vida simples e cotidiana vão te contaminando.
Assim, chega uma hora que você começa a se perguntar: “Como tem gente feliz com tão pouco?”, ou “Será que eu preciso mesmo de uma blusa de marca para me sentir tão bem?”. São questões que o voluntariado coloca na nossa mente, fazendo a gente refletir sobre como a vida pode ser feliz com o básico.
Nesse sentido, uma vez, quando fui a uma favela próxima a um bairro de elite de São Paulo, perguntei a uma senhora: “Como você mora em frente ao shopping e nunca foi lá?”. A resposta foi um soco eterno no estômago: “Mas pra que olhar tudo aquilo se quem eu amo está aqui do meu lado, moço? Quem gosta de lá é minha filha, mas eu prefiro comer o meu churrasco e ver quem eu gosto”, foi o que disse a senhora.
2. Com o voluntariado, você sai da sua bolha
Sim, estou escrevendo sobre a bolha social que todos nós vivemos. Pois, independente se você é pobre ou rico, homem ou mulher, gay ou evangélico, todos nós carregamos um modelo de sociedade embutido no nosso “eu”, como aquela marca que fazendeiros colocam no seu gado.
Então, o voluntariado ajuda a derrubar esses muros que envolvem a nossa vida. Assim, conhecer pessoas novas, com vidas diferentes (na maioria das vezes, bem piores), lugares diferentes, sotaques, comidas ou jeitos de encarar o mundo. Tudo isso é algo que expande o nosso mundo, fazendo com que nossa “bolha” aumente.
3. Ser voluntário faz você encontrar a sua razão de ser
Nietzsche escreveu uma frase que poderia definir o voluntariado: “Aquele que tem um porquê para viver, pode suportar qualquer como.”
Eu sei que você vai pensar que existir já é uma bela razão de ser. Mas a questão aqui é o quanto a sua existência está sendo produtiva e, além disso, fazendo bem para você mesmo.
Duvido que, em nenhum momento, você encostou a cabeça no travesseiro e pensou: “Será que eu podia estar fazendo um pouco mais?”, ou “Será que é só isso?”
O voluntariado traz parte dessa resposta. Pois, trabalhando em uma causa ambiental, social ou política, toda vez que você deitar no travesseiro, o rosto de uma criança sorrindo, uma senhora conversando ou um cachorro sendo acariciado, vai aparecer na sua mente. Tudo isso afagando o seu coração e deixando-o feliz.
Entretanto, não estou dizendo aqui que você não vai precisar mais de um namorad@, um trabalho estimulante ou uma boa roda de amigos. O fato é que o voluntariado leva você a ter certeza de que, no aspecto social, você vai para o caixão deixando algum legado para um mundo melhor.
4. Voluntariado faz você reencontrar a sua causa
Para deixar um legado para um mundo melhor, precisamos encontrar uma causa que nos encante. E o trabalho voluntário pode nos ajudar tanto a encontrar a nossa causa, quanto ajudar e praticar uma atividade que faz parte da nossa essência.
Um exemplo simples: o sujeit@ adora música. Assim, toca violão desde os doze anos, é fã de vários cantores e compositores; tira música de ouvido. Enfim, a pessoa só não virou profissional da música pelos acasos do destino.
Ess@ sujeit@ pode viver uma vida frustrada, até passar em uma casinha simples com a placa, “procuramos voluntários para dar aulas de violão”. O coração dele/dela se acelera. Sem pensar, ele/ela entra ali e já fala que quer dar as aulas. Descobre que são para alunos carentes, de uma favela.
Esse é um caso típico, não de quem encontra, mas sim reencontra a sua causa de vida através do voluntariado. A paixão pela música volta. Além disso, ver aqueles jovens dedilhando seus rocks favoritos e falando que amaram Beatles traz uma nova razão de existir para aquele ser:
Por fim, faço uma provocação: Quem está ajudando quem?
5. Cientificamente, fazer o bem faz bem
Até agora, falei muito de impressões pessoais que tive com o voluntariado. Mas chegou a hora de tratarmos de dados e ciência. Portanto, chegou o momento de dizer para você, tudo o que tem de bom no voluntariado, segundo a ciência.
Voluntários são mais felizes
Segundo estudo da Universidade de Oxford, de 2005, o cérebro de quem pratica voluntariado libera mais hormônios, como a dopamina e a serotonina, responsáveis diretos pela felicidade e bem-estar.
Voluntariado prolonga a vida
Sim, todos iremos morrer um dia. Mas um estudo, realizado em 2013, publicado pela American Psychological Association, atestou que o voluntariado reduz em 47% o risco de mortalidade em adultos e idosos.
Além disso, em estudo da Universidade de Michigan, foi comprovado que as pessoas que fazem trabalho voluntário têm, em média, 4 anos a mais de vida do que os que não praticam o voluntariado.
Então, bora levar o vovô e a mamãe pra ONG com você!
Voluntários têm 10 vezes mais chances de serem saudáveis
No livro The Healing Power of Doing Good (O Poder Curativo do bem), Allan Luks retrata todos os benefícios do voluntariado. Em uma das passagens, ele afirma que “quem realiza, pelo menos, 4 horas de trabalho voluntário por mês, tem dez vezes mais chances de ter uma boa saúde”.
Voluntariado tem que vir do coração
Porém, em todas as pesquisas citadas, os profissionais alertam que os efeitos só virão se a pessoa estiver fazendo o trabalho voluntário de corpo e alma. Se for só para colocar no Linkedin e ganhar uns pontos com o chefe, melhor ficar em casa mesmo.
Voluntariado na Gerando Falcões
Na Gerando Falcões, são 4 formas de ajudar: rede de mobilização; mentoria; unidades próprias; conte comigo.
Conheça cada uma delas e seja uma pessoa voluntária!
Texto de Thiago da Costa Oliveira, publicado originalmente no blog da Gerando Falcões, e adaptado por nós com autorização prévia.