Essa história fala sobre encontros e despedidas. Sobre como eles fazem da vida algo tão inesperado e simples de se viver, como transformamos o próximo e somos também transformados. E é claro, como a comida entra no meio de tudo isso.
O Projeto Evoé é um projeto fotográfico que carrega o olhar da Nutrição, e busca retratar todo o universo da cultura alimentar em diferentes partes do mundo. Não apenas mostrar do que as pessoas se alimentam, mas como o alimento é cultivado e quais os modos tradicionais de vida para que ele chegue no prato das pessoas. Além das fotografias, os textos carregam os contextos políticos, econômicos e culturais dos países pelo qual o projeto passa que tenham relação com o tema.
Da necessidade biológica de se alimentar surgem tantas relações e práticas quanto podemos imaginar, que vão desde as origens do cultivo, do preparo, do servir, do comer, dos tabus, comportamentos, superstições, que são, em cada peculiaridade, um ato cultural e social. Quando vamos além do pensamento meramente biológico, inserimos na discussão sistemas alimentares permeados por fatores históricos, políticos, ecológicos e mais tudo isso que chamamos de vida em sociedade, nesse mundão cheio de belezas e desgostos. Cultura e culto derivam do mesmo verbo latino colo, que significa ‘eu cultivo’. Cultus é sinal de que a sociedade que produziu seu próprio alimento já tem memória.
Gosto muito do jeito que o antropólogo Roberto da Matta fala sobre a expressão da cultura na alimentação:
Comida não é apenas uma substância alimentar, mas é também um modo, um estilo e um jeito de alimentar-se. A comida vale tanto para indicar uma operação universal – o ato de alimentar-se – quanto para definir e marcar identidades pessoais e grupais, estilos regionais e nacionais de ser, fazer, estar e viver.
A fotografia documental tem a função de transmitir a compreensão da identidade de determinado povo. É um trabalho que demanda uma proximidade que só a imersão e convivência com as pessoas pode oferecer.
A pesquisa fotográfica do Evoé busca mostrar a riqueza cultural, em lugares que muitas vezes estão estigmatizados por outras questões culturais ou históricas, e assim revelar a essência de dos atos e costumes dessas pessoas.
Na nossa caminhada, o conceito do Projeto Evoé já auxiliou uma comunidade a desenvolver soluções para desenvolvimento econômico e social. Como o exemplo da Vila de Chiawa, no interior da Zambia, que passou a utilizar o conceito da cultura alimentar para começar um projeto de turismo na região, empoderando a comunidade e auxiliando para que possam gerar renda através de sua cultura.
A vivência com essas pessoas nos levou a esse resultado, que nunca imaginávamos possível antes de deixar nossas casas. Buscamos a simplicidade do interior, a energia da cidade e principalmente, pessoas que contem suas histórias. E quando menos se espera, você pode até se tornar um grande amigo de um rei, como foi o nosso caso na tribo Goba. Encontros e despedidas que nos enriquecem e deixam nossas bagagens cada vez mais carregados de companheirismo e gratidão.
Para saber mais, visite o site www.projetoevoe.com