Como já comentei em meus artigos anteriores, amo ouvir histórias reais de superação, que possam inspirar e motivar outras pessoas.
Este mês, conversei com o menino prodígio Israel, da cidade de Tubarão/SC. Sua história de vida é muito inspiradora e gostaria de seu feedback ao terminar de ler este artigo lindo, e feito com muito carinho e dedicação!
“Bom, desde criança eu já era um pouco diferente das demais. Quando pequeno já sofria muito, não tinha praticamente nenhum amigo, na escola no horário do recreio ficava sempre sozinho em um canto. Já na sala de aula não era diferente.
Quando a professora pedia para fazer algum trabalho em grupo ou mesmo em dupla, ninguém queria se sentar comigo. Também sofri um pouco de bullying. Para os meus colegas eu era estranho, ou mesmo um burro.
Eu não acreditava em todo o meu potencial, para mim eu não aprendia nada, não era capaz de ter inteligência, de demonstrar raciocínio. Depois de algum tempo, as orientadoras da minha escola começaram a chamar a minha mãe.
Segundo elas, eu estava desenvolvendo algum problema emocional, por isso a aconselharam a me levar em um psicólogo.
Fiquei por um bom tempo me tratando com terapeutas. Depois disto, quando estava já com 14 ou 15 anos, surgiu um desejo em mim de querer virar padre.
Então fui para o seminário, fiquei nesse lugar pelo período de uma semana, no final dessa semana desisti do seminário pois enfim desenvolvi a esquizofrenia. Com o desenvolvimento da esquizofrenia tive o meu primeiro surto, que foi a primeira tentativa de suicídio.
Depois do primeiro surto, começou o meu tratamento com psiquiatra. Passei por 4 médicos. Em muitas vezes, por causa dos surtos e das tentativas de suicídio que aconteceu mais três vezes, meu psiquiatra sugeriu para minha mãe que eu deveria ser internado, para o meu próprio bem.
Mas minha querida mãe achou melhor eu não ser internado, pois seria pior fazer isso. Durante muitos anos sofri com os sintomas da esquizofrenia: tinha mania de perseguição, tristeza profunda, e, o pior, o pensamento suicida.
Depois de muito tratamento enfim melhorei gradativamente. Hoje em dia não tenho os sintomas esquizofrênicos, é como se eu nunca tivesse desenvolvido essa doença.
Mas melhorei graças ao meu tratamento psiquiátrico e terapêutico.
Hoje tenho uma vida melhor, estou terminando meus estudos, me casei, e escrevi um livro. Eu sonho em ser escritor, de viver de escrever, também quero ser professor, quero ensinar história e filosofia.
Quero informar também que já estou escrevendo um segundo livro, mas esse segundo não é constituído por fatos reais e sim é um romance, é uma obra fictícia.
Quero agradecer imensamente aos integrantes do projeto amigos da saúde mental, pois me ajudaram muito, são eles: professora Rosana, professora Eliane, Guinga e Cleide, pois devo à elas um sentimento de gratidão.”
1. Como surgiu o convite para escrever um livro?
Bom, antes de criar o livro “Notas de uma mente com esquizofrenia”, eu tinha começado um primeiro livro, e então a professora Rosana Romanha entrou em contato com a editora da Unisul, falando dessa primeira obra, mas não deu certo, pois nunca a finalizei. Então escrevi o livro “Notas de uma mente com esquizofrenia”, levei um ano para escrever essa história. Novamente a professora Rosana entrou em contato com a editora, e falou um pouco sobre os meus manuscritos, então eles pediram para que enviasse os meus manuscritos, depois eles foram analisados, e após isso, eles ligaram para mim dizendo que adoraram o meu livro, e resolveram publicá-lo.
2. Qual seu sentimento ao lançar um livro de sua autoria e sendo um menino tão jovem?
O sentimento que tenho é uma mistura de felicidade com auto realização, eu não esperava que um dia iria alcançar esse sonho, de que um dia teria um livro publicado.
3. O que lhe dava forças de seguir em frente?
O que me dava força de seguir em frente era saber que um dia realizaria o meu sonho de virar escritor de ter a minha doença controlada e de voltar a ter uma vida normal.
4. Que mensagem você deixa para jovens que estão passando pela mesma doença?
Para os que sofrem de esquizofrenia, digo que nunca devem perder a esperança de melhorarem, de terem uma vida normal, pois o esquizofrênico pode sim viver em sociedade, eu sou um exemplo disso, mas ressalto que para se libertar dessa doença é necessário que o portador tenha acompanhamento psiquiátrico e terapêutico, fazendo isso o esquizofrênico irá melhorar tanto, que até irá parecer que estará curado.
5. Onde as pessoas podem adquirir o seu livro?
O meu livro pode ser encontrado na casa do projeto do Amigos da Saúde Mental, ou também na livraria da Nobel do Shopping da Unisul.