Lara e Patrick são dois cineastas brasileiros apaixonados pela cultura dos países que visitaram, sócios na empresa Bem-Te-Vi Produções criaram o projeto “Por Dias Melhores”, com duração de 6 meses, que será gravado na Índia.
O objetivo do projeto é registrar 12 filmes documentários sobre histórias reais de heróis desconhecidos indianos, pessoas que estão mudando o mundo de formas diferentes.
Experimentando o mundo de forma colaborativa e social é como estes cineastas independentes decidiram viver. O local foi escolhido pois ambos se encantaram pela cultura e características sociais depois de uma viagem que aconteceu a 3 anos atrás:
Escolhemos a Índia por ser um lugar caótico, controverso e com uma mistura enorme. Conhecido comumente por sua miséria, mas que a uma segunda vista ensina lições a cada caminhada.
Tudo começa há 4 anos, a partir de uma residência artística na cidade cinzenta de Casablanca, Marrocos. Criando obras de arte e filmes para questionar o que o progresso realmente significa no país.
Após esta experiência seguiram para a Índia, Peru, Bolívia, Tailândia e Camboja, buscando sempre unir suas viagens com novos projetos, conectando-se com as comunidades locais e buscando novas formas de enxergar a vida.
Hoje está na moda viajar o mundo, é uma tendência que muitas vezes se resume apenas em contar quantos novos vistos foram carimbados no passaporte e quantas selfies em locais turísticos foram acumuladas, se hospedando e frequentando lugares que garantem a permanência na zona de conforto e recolhendo poucas experiências e muitas imagens.
Há uma grande conexão entre o turismo e a falta de sentido em nossa vida diária. Hakim Bey dizia que a imaginação do primeiro mundo capitalista está esgotada.
Levando o turista a deixar o espaço homogêneo de sua casa para o espaço heterogêneo de climas estrangeiros simplesmente para admirar o pitoresco, para ver e consumir a diferença.
Quando as figuras do peregrino e do turista são confrontadas, muita coisa é esclarecida. O turista deseja consumir a diferença cultural, enquanto o peregrino tem uma relação de iniciação com suas viagens, de abertura à outras formas de cognição e de busca incessante por novas “bênçãos”.
O duo então aplica esta lógica em suas peregrinações. Sua proposta não é o consumo, mas a criação de processos criativos e de colaboração, novas formas de cognição.
É utilizada a sua ferramenta, o audiovisual, para produzir o material fruto dessas relações com o lugar, as pessoas e os processos.
A aventura mais recente foi na Tailândia, onde a dupla foi para uma visita de 3 meses e viveu um ano. Ainda nos primeiros dias no país foram organizadas exibições dos trabalhos anteriores e abertas rodas de conversas sobre como poderiam ser úteis na produção de algo relacionado ao contexto tailandês.
Foi então que perceberam as dimensões do problema do consumo de plástico no país e decidiram fazer algo a respeito.
Não tão antigamente a Tailândia substituiu as folhas de bananeira pelo uso desenfreado do plástico. Em sua cultura, a imensa maioria das pessoas compra suas comidas em barraquinhas pelas ruas, todos os dias. Os alimentos então são todos embalados em plásticos, desde o arroz, o molho, vegetais, que, por sua vez, são embalados em uma nova sacola plástica.
Na capital, Bangkok, a média é de 8 sacolas plásticas consumidas por pessoa por dia, totalizando mais de 60 milhões de sacolas por dia na cidade ou quase 3 milhões por hora. É bastante assustador.
Foi então criada uma série de vídeos produzidos por crianças e adolescentes e coordenados pela dupla, unindo o aprendizado do processo de produção cinematográfica com a educação ambiental, criando consciência sobre o meio ambiente e empoderando os jovens à produção de documentários sobre temas relevantes em sua sociedade e realidade.
Eis que Patrick e Lara voltam ao lugar de origem das peregrinações e começam um novo projeto, o “Por Dias Melhores”, uma série de filmes que segue a contramão dos noticiários e jornais, trazendo belas iniciativas e histórias, celebrando as gambiarras sociais trazendo pessoas comuns e seus extraordinários improvisos que tornam a vida cotidiana mais digna, pessoas que através de suas próprias mãos e ideias melhoram suas vidas e suas comunidades.
O projeto iniciou-se há dois meses e quatro histórias já foram filmadas:
- Uma comunidade que vive nos desertos do Rajastão onde quase sua maioria é composta de músicos e trovadores que lutam pela existência da música e da cultura tradicional de sua região.
- O Barefoot College, a universidade dos pobres, que busca descentralizar o poder do conhecimento das mãos daqueles que possuem diplomas e capacitar as comunidades a serem ativas nos mais diversos temas, saúde, dentistas, engenheiros solares, construtores, etc.
- Um ativista que luta contra o tráfico de mulheres, resgatando-as e transformando-as em líderes, empoderando as mulheres para que sigam com sua luta, capacitando então outras mulheres para mudar o cenário do país.
- Uma cozinheira que reverteu sua diabetes e curou o câncer de sua mãe através da dieta vegana. No país que é um ávido consumidor de leite, ovos e derivados e que mais de 60 milhões de pessoas sofrem de diabetes, a chefe realiza oficinas, cursos e demonstrações sobre a dieta e a luta pelos direitos dos animais.
A lista de personagens é bastante extensa e o projeto está tomando forma. Lara e Patrick iniciaram um projeto de financiamento coletivo a fim de financiar as despesas de quatro meses de um total de nove meses para a conclusão e finalização do projeto.
No processo de produção dos filmes a dupla vive com os personagens, geralmente em suas casas, e é criado um contexto humano para que o filme aconteça. É conquistada a intimidade com os personagens, é vivenciado seu dia a dia e suas causas e finalmente são iniciadas as gravações.
Se você gostaria de saber mais e contribuir para o financiamento coletivo, clique aqui. Você pode doar, trocar sua contribuição por recompensas e fazer parte do projeto.