Há anos atrás, pouco se considerava a respeito das necessidades humanas e sua interação com o ambiente no qual estava inserida: havia uma generalização de propriedades físicas e psicológicas que classificava os homens em estado de semelhança/igualdade.
Apenas com o avanço das tecnologias de estudo, apuração e vivência no campo das ciências sociais, que a criação de ferramentas de diferenciação foram introduzidas à sociedade. Isso nos permitiu entender que não somos iguais, logo, nossas necessidades e influência no meio diferem.
No campo da construção, esses estudos e análises permitiram a invenção de um instrumento base para projetos de interesse social. Mas não estamos falando de engenharia ou arquitetura especificamente: o assunto a ser tratado aqui é o ato de morar, que implica em viver de alguma forma em determinado espaço.
O reconhecimento de que possuímos interesses e necessidades diferentes foi o primeiro passo rumo à humanização de projetos de interesse social (conjuntos habitacionais destinados à população cujo nível de renda dificulta ou impede o acesso à moradia através dos mecanismos normais do mercado imobiliário).
Empreendimentos habitacionais de interesse social são geralmente de iniciativa pública e têm, como objetivo, reduzir o déficit da oferta de imóveis residenciais de baixo custo dotados de infraestrutura (redes de abastecimento d’água, esgotamento sanitário e energia elétrica) e acessibilidade. – Wikipedia
Entretanto, mesmo pautado no avanço tecnológico e na abordagem social do tema, o progresso ainda está enraizado à padronização: esse tipo de habitação aqui no Brasil ainda não respeita, de fato, aos moradores, pois há notável insistência na priorização do enriquecimento das incorporadoras no mercado imobiliário e pouco se escuta dentro das comunidades que usufruem dessas residências.
O que deve mudar?
É difícil explorar o dilema da moradia sem citar uma cidade utópica que atenderia às necessidades de todos, de forma igualitária e justa. Claro, complexa demais para ser viabilizada hoje, então a alternativa mais simples adotada por alguns modelos de arquitetura em diversos países foi simplesmente enxergar as particularidades de cada família, projetando com embasamento em suas necessidades, construindo assim um lar que pode ser pessoal.
É uma questão de conforto não só físico como também psicológico: uma casa com crianças não pode ser pequena, idosos possuem limitações físicas, se a família passa muito tempo na residência a melhor opção seria uma iluminação natural para poupar energia…
Enfim, considerar o ser humano em sua peculiaridade é essencial para projetos sensíveis, que levam em consideração um conjunto de fatores em prol do bem estar coletivo e individual.