Dia da Mulher: um dia da caça, contra 364 dias do caçador
Todo dia 8 de março, as redes sociais são inundadas com homenagens, imagens inspiradoras e mensagens de carinho para as mulheres. Mas você já parou para refletir sobre o verdadeiro significado dessa data?
Mais do que um dia de bajulação ou entrega de brindes em empresas, o Dia Internacional da Mulher é um marco histórico de luta por igualdade, direitos e respeito.
A realidade ainda é dura: mulheres continuam enfrentando desigualdade salarial, violência de gênero e sub-representação em cargos de liderança. Segundo a ONU Mulheres (2022), globalmente, as mulheres ganham em média 20% a menos do que os homens exercendo as mesmas funções.
No Brasil, dados do Instituto Patrícia Galvão apontam que a cada duas horas uma mulher é vítima de feminicídio. Esses números reforçam que 8 de março não deve ser apenas um dia de mensagens bonitas, mas de reflexão e ação para transformar essa realidade de forma concreta.
A origem do 8 de março e seu verdadeiro significado
O Dia Internacional da Mulher surgiu no início do século XX, com manifestações de operárias em diversos países exigindo melhores condições de trabalho e direitos básicos, como jornada de trabalho reduzida e direito ao voto.
Um dos eventos mais importantes e decisivos foi o incêndio na fábrica Triangle Shirtwaist, em Nova York, em 1911, que vitimou mais de 120 mulheres e expôs as condições precárias de trabalho. A partir desses movimentos, a data foi oficializada pela ONU em 1975, como um dia de conscientização e luta.
Embora a origem da data esteja ligada à luta trabalhista, seu significado evoluiu. Hoje, o 8 de março representa a luta contra todas as formas de opressão sofridas pelas mulheres, incluindo violência doméstica, assédio, desigualdade econômica e falta de representatividade política.
A ONU e diversas organizações globais reforçam que esse é um dia de mobilização e não apenas de celebração!
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Como transformar homenagens em mudanças reais?
Mais do que discursos, rosas ou chocolates, o respeito, a dignidade e a igualdade são as melhores formas de celebrar essa data. Aqui estão algumas maneiras de transformar discursos em atitudes concretas:
Repense comportamentos e privilégios
Pequenas atitudes diárias podem reforçar ou desconstruir padrões machistas.
Questione-se:
- Você valoriza igualmente as opiniões de mulheres e homens?
- Incentiva lideranças femininas? Combate piadas e estereótipos de gênero?
Estudos indicam que estereótipos de gênero são introduzidos desde a infância e reforçados ao longo da vida, impactando oportunidades de crescimento e sucesso das mulheres.
Reflita sobre o espaço que as mulheres ocupam em seu ambiente de trabalho, em sua família e na sociedade. Em muitos casos, a desigualdade é estruturada de forma tão enraizada que passa despercebida. O primeiro passo para a mudança é a consciência.
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Apoie mulheres em situação de vulnerabilidade
Organizações que trabalham na defesa dos direitos das mulheres precisam de apoio contínuo. Seja por meio de doações, voluntariado ou compartilhamento de informação, toda ação conta.
No Brasil, iniciativas como o Instituto Maria da Penha e a Casa da Mulher Brasileira prestam apoio a vítimas de violência e promovem a autonomia feminina, por exemplo.
Contribuir com essas organizações ou mesmo divulgar seus trabalhos pode salvar vidas. Dados do Ministério da Mulher (2020) indicam que mais de 80% das mulheres em situação de violência não denunciam seus agressores por medo ou falta de suporte.
Promova igualdade no ambiente de trabalho
Empresas têm papel decisivo na redução da desigualdade de gênero. Por isso, implementar políticas de equidade salarial, criar canais seguros para denúncias de assédio e incentivar a contratação de mulheres em cargos de liderança são passos indispensáveis.
Dados do IBGE indicam que apenas 39% dos cargos de liderança no Brasil são ocupados por mulheres, apesar de elas representarem mais de 51% da população.
Além disso, estudos do McKinsey Global Institute apontam que empresas com maior diversidade de gênero tendem a ter melhores resultados financeiros. Ou seja: investir na equidade é também um diferencial competitivo.
Eduque-se sobre feminismo e direitos das mulheres
Precisamos entender as raízes da desigualdade de gênero para combatê-la. Livros, documentários e cursos são formas acessíveis de aprofundar o conhecimento e se tornar um aliado efetivo na luta feminista.
Leitura de obras como “O Segundo Sexo” (Simone de Beauvoir), “Sejamos Todos Feministas” (Chimamanda Ngozi Adichie) e “Gênero e Desigualdades. Limites da Democracia no Brasil” (Flávia Biroli) são bons pontos de partida para quem deseja compreender melhor a luta pela igualdade.
A educação também é de suma importância para as novas gerações. Crianças que crescem em ambientes que valorizam a equidade tendem a reproduzir comportamentos mais justos e igualitários, reformulando a sociedade da base, pouco a pouco.
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A história continua: o que você pode fazer?
A melhor forma de honrar a luta das mulheres é garantir que o debate e a conscientização se estendam para muito além do 8 de março. Isso inclui apoiar iniciativas que promovem a igualdade de gênero, amplificar vozes femininas e educar as próximas gerações sobre a importância do respeito e da equidade.
Caso você queira se aprofundar ainda mais no tema, confira o ebook exclusivo da Nossa Causa sobre feminismo e igualdade de gênero, “Manual para Roda de Conversa Feminista”. Juntas, podemos transformar esse dia em um movimento contínuo de mudança social!