As pesquisas sobre o terceiro setor são muito importantes para traçar um panorama sobre a área e entender melhor sobre o impacto das OSCs.
Para quem trabalha com organizações da sociedade civil, um levantamento sobre filantropia e doações pode trazer insights valiosos. Afinal, entendendo melhor o comportamento de mercado, você pode criar melhores estratégias de comunicação e, assim, conseguir captar mais recursos.
Além disso, é muito importante ficar por dentro das tendências e compreender melhor como as pessoas enxergam o terceiro setor no país.
Estudar essas pesquisas é essencial para quem quer aprofundar seus conhecimentos. Por isso nós reunimos neste artigo uma lista de alguns estudos interessantes que foram publicados recentemente e que usamos como referência por aqui!
Continue lendo para conferir pesquisas importantes para o terceiro setor!
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“Percepção de brasileiros/as sobre a sociedade civil” – IPEC e Conhecimento Social
Encomendada pelo Grupo de Institutos, Fundações e Empresas (GIFE) e realizada pelo IPEC (Inteligência em Pesquisa e Consultoria) com a organização Conhecimento Social, a pesquisa inédita “Percepção de brasileiros/as sobre a sociedade civil” revelou que mais da metade das pessoas entrevistadas avalia positivamente as Organizações da Sociedade Civil.
Além disso, 46% delas consideram que o Terceiro Setor assume trabalhos que deveriam ser de responsabilidade do governo.
Porém, o levantamento também mostrou que a maioria das pessoas ainda desconhece as especificidades do terceiro setor. Assim, as fontes de recursos das organizações, a relação delas com o Estado, o foco das atividades e o formato de atuação não estão claros para a grande maioria da população.
Ou seja, as pessoas entendem que as ONGs são importantes, porém não compreendem muito bem como elas atuam, de onde vem os seus recursos e qual é a relação entre elas e o governo.
Por isso, é necessário que as organizações invistam em uma comunicação transparente para disseminar informações importantes e explicar, por exemplo, quais são suas fontes de recursos.
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“Dinâmicas do Terceiro Setor no Brasil: Trajetórias de criação e fechamento de organizações da sociedade civil de 1901 a 2020” – Ipea
Publicado em fevereiro de 2023, este levantamento inédito do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) analisou mais de um milhão de organizações da sociedade civil criadas entre 1901 e 2020 no Brasil.
A pesquisa mostrou que o movimento de formalização das organizações da sociedade civil ganhou força a partir da década de 1960. Mas, depois desse boom que durou até os anos 1970, e de um crescimento mais controlado nos anos 1990 e 2000, ocorreu uma diminuição na abertura de novas organizações da sociedade civil.
Outro dado importante encontrado no estudo é o de que pelo menos um terço de todas as OSCs criadas no Brasil nos últimos 120 anos já fecharam. Desde os anos 2000, o número de encerramento de atividades é ainda maior: a cada duas organizações que abriram até 2009, uma fechou.
Isso pode ser um reflexo dos problemas enfrentados pelas organizações com relação à gestão e à falta de recursos. Este é um exemplo de pesquisa que traz uma visão mais macro, e até mesmo histórica, que pode nos ajudar a entender a situação atual do terceiro setor.
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“A importância do Terceiro Setor para o PIB no Brasil” – FIPE e Sitawi
Executada pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (FIPE) e coordenado pela Sitawi Finanças do Bem, a pesquisa “A Importância do Terceiro Setor para o PIB no Brasil” mensurou o impacto econômico das OSCs para a realidade brasileira.
De acordo com o levantamento, o terceiro setor contribui para 4,27% do PIB, além de gerar 6 milhões de postos de trabalho.
Esse tipo de pesquisa é importante, pois traça um panorama atual desta área e mostra como além de promover um impacto social positivo, as organizações da sociedade civil são importantes para a economia do país.
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“World Giving Index 2022” – CAF e IDIS
A pesquisa World Giving Index 2022, elaborada pela organização britânica Charities Aid Foundation (CAF), representada no Brasil pelo IDIS, mostrou que mais pessoas doaram para organizações e ajudaram desconhecidos em 2021 do que em qualquer ano da década anterior.
Em todo o mundo, 3 bilhões de pessoas ajudaram alguém que não conheciam e cerca de 200 milhões de pessoas doaram dinheiro para organizações da sociedade civil.
Além disso, a pesquisa mostrou que o Brasil entrou para o top 20 mundial e ficou em 180 lugar no ranking, subindo 36 posições em relação aos dados de 2021.
Isso significa que tanto no Brasil, quanto no resto do mundo, as pessoas passaram a ser mais solidárias após a pandemia de Covid-19. A generosidade parece estar aumentando globalmente, o que faz sentido visto que o mundo passou por uma crise intensa, que levou muitas pessoas a quererem ajudar mais as outras.
Esse tipo de estudo é importante para compreender o impacto que a pandemia teve nas OSCs e o cenário atual da filantropia no Brasil e no mundo.
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“Periferias e Filantropia – As barreiras de acesso aos recursos no Brasil” – PIPA e Instituto Nu
Realizada em 2022 pela Iniciativa PIPA, em parceria com o Instituto Nu, a pesquisa “Periferias e Filantropia – As barreiras de acesso aos recursos no Brasil” mostrou que as periferias enfrentam inúmeras barreiras para acessar os recursos filantrópicos no país.
Os dados apresentados mostram um mapeamento inédito do terceiro setor e dão um panorama de uma outra realidade do país. Por exemplo, foi constatado que 31% das OSCs da periferia vivem com menos de R$5 mil por ano e em 58% delas toda a equipe trabalha de forma voluntária.
Além disso, 74,1% de integrantes dessas organizações são pessoas negras e 68% são mulheres. A maioria também se identifica como coletivo, não como organização da sociedade civil.
Esta pesquisa nos mostra o quanto as organizações gerenciadas por pessoas das próprias periferias, muitas vezes, não conseguem acessar os recursos financeiros que estão disponíveis para outras.
Portanto, é importante que os investidores e as investidoras enxerguem as periferias não apenas como beneficiárias das ações sociais, mas também como protagonistas de organizações do terceiro setor.
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“Filantropia e Covid-19: Examinando Doações em 2021” – Candid e CDP
Em junho de 2022, a Candid e o Center for Disaster Philantrophy (CDP) divulgaram uma pesquisa chamada “Philanthropy and Covid-19: Examining Giving in 2021 (Filantropia e Covid-19: Examinando Doações em 2021)”, que mostrou como a pandemia impactou o setor filantrópico e as organizações da sociedade civil.
Para compreender as mudanças do setor no Brasil, foram consultados a Associação Brasileira de Captadores de Recursos (ABCR), o Grupo de Institutos, Fundações e Empresas (GIFE) e o Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social (IDIS).
Assim como o World Giving Index, este levantamento mostrou que a filantropia tem crescido no Brasil e no mundo e que durante a pandemia as pessoas doaram mais para organizações, projetos e indivíduos.
Segundo a Candid, as OSCs também tiveram um papel importante no compartilhamento de informações sobre a Covid-19 e na distribuição de alimentos para as pessoas que precisavam.
Esta é outra pesquisa que mostra como uma tragédia como a pandemia impacta o terceiro setor e faz as pessoas repensarem sua relação com a filantropia.
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“Pesquisa Voluntariado no Brasil 2021” – IDIS e Datafolha
A terceira edição da Pesquisa Voluntariado no Brasil, realizada pelo IDIS em parceria com o Datafolha, mostra que o país conta com 57 milhões de voluntários ativos.
Além disso, 56% da população adulta diz fazer ou já ter feito alguma atividade voluntária na vida, 31% a mais que em 2011.
Mesmo durante a pandemia, 47% das pessoas passaram a realizar mais atividades voluntárias, mesmo que através da internet através de atividades como a prestação de apoio psicológico.
A pesquisa apresentou um retrato do voluntariado brasileiro mostrando quem são as pessoas que se engajam, onde elas atuam e quais são suas motivações. Assim, ele teve o objetivo de valorizar esse tipo de atividade e também analisar as mudanças ocorridas nas últimas décadas.
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“Digital for Good: estudo global entre modelos emergentes de doação” – Lilly Family School of Philanthropy e IDIS
A Lilly Family School of Philanthropy da Universidade de Indiana, nos Estados Unidos, conduziu a pesquisa “Digital for Good: estudo global sobre modelos emergentes de doação”, que conta com um capítulo sobre o Brasil desenvolvido em parceria com o IDIS.
O objetivo era explorar os modelos emergentes de filantropia, como crowdfunding, doações online e doações feitas pelo celular, dentre outras.
No Brasil, as iniciativas analisadas no relatório foram: a BSocial, a Editora MOL e as histórias do Arredondar. Isso porque essas três representam diferentes formas de doação que contribuem para a compreensão da diversidade dos mecanismos de doação no país.
Esse levantamento é extremamente valioso para as OSCs que querem entender mais sobre as novas tecnologias e usufruir de todo o potencial que elas podem trazer para a captação de recursos.
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“TIC Organizações sem Fins Lucrativos” – Cetic.br
Em sua quarta edição, a pesquisa TIC Organizações Sem Fins Lucrativos 2022 foi realizada entre os meses de fevereiro e julho de 2022, em um contexto marcado pelos efeitos da pandemia COVID-19 e pela retomada das atividades presenciais.
Segundo o site do Cetic.br, o objetivo do estudo era investigar o acesso, o uso e apropriação das tecnologias de informação e comunicação por organizações como ONGs, associações, fundações e organizações religiosas no Brasil. Também buscou compreender os impactos de TIC (Tecnologias de Informação e Comunicação) no trabalho e na relação entre essas organizações e suas comunidades de atuação.
Alguns pontos chamam atenção na pesquisa: 22% das organizações receberam doações pela Internet e 11% receberam doações por meio de plataformas ou redes sociais. Outro trecho interessante sobre escolhas relacionadas à comunicação: “A presença online via website manteve-se estável, enquanto a presença em plataformas e redes sociais aumentou”.
A pesquisa conta com a colaboração de um grupo de especialistas formado por membros da Associação Brasileira de Organizações Não Governamentais (ABONG), do Grupo de Institutos Fundações e Empresas (GIFE), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) e pesquisadores de diversas universidades.
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“O Futuro da Filantropia no Brasil:” – Instituto Beja
As doações filantrópicas no Brasil estão crescendo, mas os valores poderiam aumentar, principalmente, entre os ricos. Essa é a conclusão do estudo desenvolvido pelo Instituto Beja “O futuro da filantropia no Brasil: Contribuir para a Justiça Social e Ambiental”.
Para elaborar um panorama da filantropia no Brasil, 21 filantropos brasileiros e 21 profissionais ou especialistas atuantes no setor foram entrevistados entre setembro e dezembro de 2022.
O objetivo da pesquisa foi entender se a “filantropia no Brasil apoia de forma suficiente as iniciativas de mudança sistêmica e abordam as causas fundamentais dos problemas sociais e ambientais”.
Entre as conclusões interessantes, destacamos: “A doação global está num nível relativamente baixo, e os brasileiros, especialmente os ricos, poderiam dar mais”.
Essas 10 pesquisas apresentadas podem trazer muitos insights sobre o terceiro setor e a atuação das OSCs.
Então, se você quer entender mais sobre a área, não deixe de estudar, acompanhar e conferir mais artigos do nosso Portal de Conteúdo!