Quem nunca pensou em largar tudo que está fazendo na vida, por valores sociais, e ir atrás do que realmente ama. Wellington Nogueira desistiu de todo investimento que seus pais houveram lhe proporcionado para tornar-se médico e encarar a profissão de ator. Apesar de não ter escolhido nenhuma carreira tradicional, o que norteava suas escolhas estava baseado no fato de fazer aquilo que lhe dava a sensação de felicidade e alegria.
Deste modo, matriculou-se numa escola de formação de teatro musical em 1983 na Broadway, em Nova York, e lá conseguiu se formar na Academia. Wellington, depois do sonho alcançado, já se via realizando outras conquistas como peças nos palcos da Broadway e se tornando revelação em Hollywood, porém se indagava pelo fato de estar no lugar onde queria estar, fazendo que sempre quis fazer, e mesmo assim existir a sensação de que faltava algo.
Rir é o melhor remédio!
Até que percebeu que sua estadia lá não estava mais sendo divertida. Para ele, escolher uma profissão é para se estar atrelado ao fator alegria.
Alegria é uma comunicação bem estabelecida, com base em entender a necessidade do outro e agir para suprir, ou seja, servir. Servir uma causa, uma equipe, uma organização, tudo isso significa sair do ambiente conhecido, no qual transitamos confortavelmente, para tornar melhor a vida de alguém, ou seja, abraçar o desafio.
Segundo o filósofo Espinoza, a alegria encontra-se na conexão com a nossa potência. É essa conexão com o nosso lado mais saudável que nos ajuda a vencer desafios e obstáculos, a pensar criativamente e a olhar a vida como um jogo infinito, em que mais importante do que ganhar ou perder, o objetivo é continuar o jogo.
Um palhaço no hospital
Um convite surgiu para fazer um teste em que seu papel seria um palhaço em hospitais. Até entrar pela porta do primeiro paciente que foi visitar, carregava consigo um certo preconceito com o estilo de trabalho, pois, para quem se via em Hollywood como artista revelação, ser palhaço em hospitais não estava no seu plano. Mas esse preconceito caiu por terra até ver o primeiro contato dos palhaços com os pacientes no Hospital. Percebeu que aquelas crianças já se comunicavam com o olhar através da porta de vidro com os palhaços que do outro lado estavam.
E na indústria do cinema e do teatro, o que é uma pessoa numa platéia? Um fracasso retumbante. Mas dentro do hospital, é 100% da lotação.
Assim, ao finalizar a visita e seu teste com outro ator palhaço, escutou de um paciente, antes de sair pela porta, que ele havia conseguido deixar o seu dia mais leve. A partir deste momento, descobriu uma nova identidade de palhaço, não tentando ser o melhor ator para um papel e sim, criando todos os dias um novo personagem.
Doutores da Alegria
Um certo dia, soube que seu pai estava internado. No dia seguinte voltou para o Brasil. Sua nova profissão como palhaço em hospitais já estava na boca dos médicos do hospital em que seu pai estava internado. Mesmo com seu pai em estado de coma, buscou forças enquanto se maquiava para uma apresentação que lhe pediram para fazer. Após as visitas realizadas para as crianças, por algum milagre, seu pai teve uma melhora considerável e viveu ainda 9 meses.
Só tem um jeito de agradecer à vida por esta oportunidade: criando esse projeto nos hospitais do Brasil.
Wellington foi um vírus no Brasil, trazendo esta ideia de palhaço aos hospitais. Provou a importância da alegria na diversidade do hospital e criou a ONG Doutores da Alegria. Sua dificuldade chegou com questões efêmeras, pois seu trabalho era visto como consequência de ter saúde. Houveram muitas frustrações por não conseguir patrocínio que incentivasse seu projeto. Até que um empresário “ousado” investiu, tornando a ONG Doutores da Alegria numa fábrica de formação de palhaço, em que montavam programas e trabalhavam com pacientes, estudando besterologia e saindo com um doutorado.