A ONG TETO foi fundada em 1997 no Chile e hoje em dia está presente em 19 países da América Latina. Durante todos esses anos, cerca de 110.000 famílias já trabalharam em conjunto com os voluntários da ONG na construção de casas emergenciais. A ajuda oferecida não é mero assistencialismo, o Teto acredita que as famílias dos assentamentos precários são partes ativas da mudança. Portanto, a ação conjunta entre voluntários e moradores é fundamental. Não se trabalha para, mas com os moradores. Resolvi conhecer o trabalho deles de perto e participei da iniciativa ECO.
ECO – Escutando a Comunidade
A atividade ECO – Escutando a Comunidade é uma das primeiras fases práticas de um longo trabalho. Na ocasião, é feito um levantamento de dados com as famílias a fim de construir um perfil socioeconômico. Enquetes são aplicadas a vários núcleos familiares, tornando possível identificar as reais necessidades não somente do indivíduo, mas da comunidade como um todo.
De acordo com os diagnósticos gerados são elaborados projetos que incentivem o desenvolvimento comunitário, mas primeiramente são executados aqueles de curto prazo, como a construção de casas emergenciais. A ênfase inicial é assegurar o direito fundamental da moradia, que representa o carro chefe do trabalho do TETO. A partir daí são desenvolvidos projetos de longo prazo.
Por meio do ECO escutamos histórias que geralmente não tem importância, vozes que não são ouvidas, necessidades que são ignoradas e realidades que são esquecidas. Aprendemos com a garra e dedicação dos moradores, apreciamos sua simplicidade, escutamos suas aflições e dificuldades, compartilhamos sua alegria, nos emocionamos juntos com suas narrações e vemos no fundo dos olhos de uma pessoa como o TETO já fez a diferença na vida de muita gente. Essas pessoas e suas problemáticas são praticamente invisíveis. Estão escondidas na periferia e ofuscadas por uma dinâmica urbana segregacionista. Com o TETO, deixam de ser simples figurantes e se tornam protagonistas! De uma história, de uma construção, de um mundo menos egoísta.
Vivenciar esta experiência é uma oportunidade única. Ficamos rodeados de crianças que passam uma energia contagiante, contamos histórias, brincamos, distribuímos carinho e recebemos muito mais. Percebemos como o mundo realmente pode ser transformado por pequenos gestos: sabemos que mudamos algo na vida daquelas pessoas, e sentimos que elas mudaram as nossas.
Para que eles possam continuar realizando este lindo trabalho, precisam de recursos. A efetivação dos projetos não é instantânea e requer financiamento! Seja você também um “amigo do teto” ou venha participar da Coleta (dias 22,23 e 24 de maio). Há muitas formas de fazer parte da solução! Afinal, como diria Dom Quixote, “mudar o mundo não é loucura nem utopia, mas sim justiça!”
Fotos: Arquivo Pessoal
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