Pouco se fala em depressão pós-parto. Seria um assunto tão velado por uma questão social, onde as pessoas acreditam que as mulheres já são dotadas de poderes especiais para serem mães? Onde ser mãe é visto como um privilégio e falar sobre os sofrimentos soaria como blasfêmia? Enquanto as pessoas focam no nascimento e no bebê com deslumbre e encantamento, esquecem desse detalhe importante: como está a mãe? Ter um filho pode ser dolorido, solitário e desafiador.
Passar por um parto difícil, alterações hormonais depois do parto, casos anteriores de depressão, cobranças familiares e sociais podem estar vinculados aos motivos que levam à depressão pós-parto. Quando não tratada com a devida atenção, a depressão pode levar a sérias consequências para a mãe e para o bebê. Precisamos falar sobre isso porque não se vive de ilusão. A depressão pós-parto existe e precisamos aprender a lidar com isso.
Temos que falar sobre isso
Temos que falar sobre isso é uma plataforma de relatos anônimos de mães que tiveram depressão pós-parto, transtornos ligados à saúde mental na maternidade, transtornos no período perinatal (desde a concepção até o primeiro ano do bebê), dificuldades durante a gravidez, problemas com amamentação, partos traumáticos e violência obstétrica.
A plataforma funciona como um ambiente acolhedor para o desabafo de mulheres, desamparadas, que não encontram ajuda ou apoio para falar sobre isso. Mães com dificuldades em contar suas histórias por medo de serem consideradas incapazes de cuidar de seus próprios filhos, por vergonha, por insegurança, ou qualquer razão que seja, têm um espaço de acolhida e suas vozes serão ouvidas.
Nesse espaço, você pode compartilhar experiências, ouvir e ser ouvida por outras mães que passam ou passaram por situação semelhante a sua, sem julgamentos. A partir desse compartilhamento, é possível guiar as mães para que possam encontrar ajuda em programas sociais, profissionais de saúde, doulas ou grupos de apoio local.
Como a ideia é que cada vez mais pessoas tenham acesso a essas informações, a plataforma está desenvolvendo o vídeo “As mulheres e o pós-parto: a voz das brasileiras“. Se você tem alguma experiência para dividir, pode gravar um vídeo de até 5 minutos contando sua história e participar do movimento. Todas as informações sobre o envio estão no blog Temos que falar sobre isso. Lá você também pode navegar e descobrir os depoimentos, grupos de apoio e posts com vários temas relacionados. Também dá para acompanhar tudo pelo facebook.
Acreditamos que o primeiro passo para curar é falar sobre isso. E falando sobre isso damos a oportunidade de outras pessoas escutarem e se identificarem com o nosso caso, com a nossa história e pensarem sobre isso, e também falarem sobre isso.