Magia. Simplesmente, magia. Se fosse para definir em uma palavra o que anda acontecendo nas últimas duas semanas, essa seria a melhor palavra.
Quando coloquei uma plaquinha de papelão que encontrei na rua escrito “Bom Dia” na minha bicicleta, não esperava muita coisa. Achei legal. Botei. Mas não sei o que anda ocorrendo, olhe que coisa louca: em plena Curitiba, estou recebendo cumprimentos em todos os meus passeios.
Fiz a prova. Todo mundo diz que curitibano é fechado, antipático, que não conversa com estranhos. Bom, devo discordar sumariamente. Não foi uma ou duas vezes. Todas as minhas saídas ganhei saudosos “Bons dias”, “Boas Tardes” e “Boas noites”. Mais: de todo o tipo de gente.
Está sendo como um tiro no meu preconceito. Às vezes olho para um passante com cara amarrada, andando com pressa, absorto nos seus próprios problemas. Quase caio da bike, com um bom dia sorridente e gritado, que algumas vezes sai meio engasgado. De gente rica a pobre, parece que o bom dia é uma dessas coisas que é unanimidade nacional ao lado da bola de futebol. Gari, carrinheiro, cuidador de carro, motoristas, guarda de trânsito, estudante, gente no ponto de ônibus, ciclistas, todo esse pessoal tem algo em comum: coragem de desejar “bom dia”.
O que me leva a concluir o tamanho da burrice que fazemos ao acreditar que as pessoas estão mais fechadas e má educadas e que bom mesmo é no interior. Bobagem. As pessoas estão loucas para desejar o melhor aos outros. Só falta o primeiro passo, o resto elas fazem. Botei a placa, convido-as a se sentirem bem. Muita gente entra na brincadeira e eu retribuo com um ainda mais sonoro desejo de um dia melhor.
Sugiro que façam o mesmo, usem sua própria boca como placa. Deem “bom dia” para um desconhecido. Garanto que vão se surpreender com o resultado. Se não der certo, continue tentando. No mínimo você treina o seu sorriso de um modo mais sincero.