Quem nunca se sentiu angustiado com tanta informação e com a necessidade de ver resultados rápidos, seja lá no que se está fazendo no momento?
Em um cenário em que as informações transitam cada vez mais rapidamente, muitas vezes nos vemos em ritmo extremamente acelerado e, pior, repletos de ansiedade. A vida da maior parte dos empreendedores sociais que conheço constitui-se de muito trabalho e muita vontade de ver os resultados acontecerem – não só dentro da empresa, como na sociedade, que é para o que trabalhamos.
E, quando falamos de impacto na sociedade, não falamos de impactos pequenos. Queremos uma sociedade onde a inclusão seja fato, onde nem saibamos mais o que é pobreza, onde a educação seja a melhor de todas, ou seja, onde a dignidade humana seja realidade. Queremos e trabalhamos para isso. Pensamos nisso frequentemente, conversamos sobre isso, lemos sobre isso.
O resultado vem. Mas nem sempre no tempo que queremos. “Paciência não é lerdeza”, me ensinou minha amiga – e também empreendedora social – Erika Foureaux. Paciência significa continuar trabalhando, continuar se dedicando e, principalmente, continuar acreditando, mesmo sem ver frutos imediatos do trabalho. Muitas vezes, deixamos de perceber a importância do processo de construção e nascimento de várias pequenas revoluções: seja a construção de uma empresa ou de um produto, de um livro, de um relacionamento comercial, da maturidade para certos projetos, e, inclusive, a construção de relacionamentos pessoais.
Gosto muito da expressão: “Não se pode engravidar nove mulheres ao mesmo tempo para ter um filho em um mês”. Isso representa bem a importância de todos os processos e do tempo de todas as construções, de cada ponto que vamos percorrendo para depois, olhando para trás, conseguir conectá-los, como bem disse Steve Jobs. O que não dá é para conectar pontos antes mesmo de eles serem desenhados.
Podemos ver a importância do processo acontecendo nesse momento pós-manifestações: algumas mudanças são mais ou menos perceptíveis na sociedade brasileira, e outras estão se construindo de forma a educar e informar melhor a nossa população. Sinal de que percebemos como nos falta informação – e inclusive compreender a informação que é veiculada – e que queremos estar mais bem preparados para isso. Dois bons exemplos disso são o blog Não Leia só o Título e a página do Facebook Explica Direito: frutos de um processo, os quais estão já semeando novos frutos no futuro: pessoas mais bem informadas e preparadas para tomar melhores decisões para a coletividade.
Ou seja, vale a pena viver e aproveitar cada pedacinho de tempo do caminho: muitas vezes estamos semeando práticas que serão frutíferas e multiplicadoras, e só saberemos disso na época da colheita. O fato é que não há colheita sem esse plantio e cuidado constantes. E, para isso, é preciso revisitar e acreditar sempre em nossos propósitos, no sentido que damos à nossa caminhada, em qual é mesmo a nossa causa!