As mensagens de como nossas ações individuais podem reduzir impactos negativos são muito comuns – e não pouco verdadeiras. Nossas escolhas diárias como indivíduos tem poder de transformação, mas a gente pode gerar um efeito exponencial quando somamos nossas pequenas atitudes a movimentos e projetos sociais.
Tem muitas maneiras de ser um transformador social, mas aqui no Atados a gente desenhou uma curva de engajamento que ilustra muito bem um caminho crescente para ser um agente empoderado nesse tema =) Dá uma olhada:
Antes de aprofundar em cada nível do gráfico, vale dizer que criar consciência do impacto que causamos na sociedade já muda nossa forma de lidar com o mundo e trazer a transformação para o nosso dia a dia.
Por exemplo, o simples ato de colocar um look novo no seu armário está ligado a mais de uma causa:
• Consumo consciente: questionar se eu realmente preciso deste produto?
• Direitos Humanos: quem faz meu produto? – aqui podemos trazer a causa das pessoas em situação de refúgio também
• Meio ambiente: como ele é feito? como ele chega até mim?
E as vezes é assim que despertamos para colocar a mão na massa. Aproveitando o assunto do despertar, vamos falar dos primeiros níveis de engajamento do nosso gráfico, que muitas vezes são nosso primeiro contato para o caminho da transformação.
A doação
Esta pode ser a maneira mais fácil e rápida de se engajar, geralmente não exige deslocamento para outras regiões e basta que a gente entenda as necessidades de quem vai receber os materiais doados para não dar bola fora =)
“As campanhas de doação tem um impacto muito relevante quando ativamos a escuta para entender o que, de fato, uma instituição precisa.” Conta Adriana Carvalho, da área de projetos do Atados.
Lembrando que a triagem é essencial, um item danificado sem uso para você, também não vai servir para quem vai recebê-lo, a não ser em casos específicos de transformação de itens como o lixo eletrônico.
“Muitas vezes entendemos que aquilo que não nos serve pode e deve ser doado, mas é importante ter em mente que nem sempre irá servir ao outro. Então antes de fazer um pré-julgamento, pare, converse e troque com os beneficiados, para assim tomar uma decisão coerente. Verifique se os itens doados estão em boas condições para alguém receber.”
Para concluir, Adriana também compartilhou um pouco da sua experiência em campanhas de doações com empresas:
“Um exemplo muito bacana foi quando uma empresa pediu para doar fraldas geriátricas para um abrigo de idosos, mas esse abrigo não tinha onde estocar esses itens, pois recebia com frequência de outros parceiros. O Atados orientou que o melhor caminho seria conversar com a instituição para entender o que faria diferença. Descobriram que havia uma necessidade imensa de receber produtos de higiene e papel higiênico.
A campanha foi um sucesso e a instituição pôde economizar a verba destinada aos materiais de higiene para atendimento médico dos atendidos.
Ou seja, com os cuidados certos esse tipo de campanha pode impactar vidas, trazer soluções para desafios que as pessoas ou as instituições passariam anos para conseguir.”
Voluntário Pontual
Em geral é o primeiro contato das pessoas com o mundo do voluntariado. São ações de um dia – como mutirões de limpeza ou revitalização de espaços, pinturas, plantio de hortas, oficinas, entre outros – ou curtos períodos para um evento específico, como no caso do #ÓleoNoNordeste em que uma pessoa pode contribuir durante um final de semana. Como são atos pontuais, exigem menos tempo e são mais fáceis de encaixar na agenda corrida do dia a dia.
Costumamos dizer por aqui que os maiores concorrentes do trabalho voluntário são nossos hobbies, os canais de streaming, o trabalho e as saidinhas de final de semana. Mas são nestas ações que o voluntário tem a chance de conhecer mais de perto outras realidades e organizações e se aventurar pelo mundo das causas sociais, até achar aquela causa do coração, que vai levá-lo a fazer trabalhos pontuais com frequência ou dar uma chance para acompanhar um projeto por mais tempo numa ação recorrente.
Vale lembrar que você pode unir seus hobbies e amigos no engajamento social e ampliar os efeitos da transformação fazendo o que gosta com quem gosta =)
Voluntário Recorrente
São trabalhos que envolvem maior comprometimento por parte do voluntário, tratam causas sociais e públicos de maneira mais profunda, por isso costumam ter algum tipo de processo de capacitação antes de colocar a mão na massa. São projetos onde vínculos são criados entre voluntários e atendidos, por isso precisam de maior responsabilidade por parte do voluntário, e essa relação pode ser mantida após o projeto. Neste tipo de ação existem muitas chances de troca, de ganhar conhecimento por parte da ONG e do público atendido mas também retribuir com o nosso.
Trazemos abaixo o depoimento da Alana Jorge, também da área de projetos e uma das responsáveis por coordenar e executar o projeto Mentoria Amiga, feito em parceria com o Consulado da Mulher, que apoia mulheres de baixa renda que atuam como empreendedoras no ramo alimentício:
“Nós acreditamos no voluntariado como potencial de transformação. A organização de arrecadações ou ações pontuais despertam para isso, mas o voluntariado recorrente é o que nos faz entender o real poder que o trabalho voluntário tem. Todos os anos fazemos um projeto de 5 meses de mentoria junto a empreendedoras de baixa renda e, ano após ano, percebemos o quanto os voluntários apoiam essas mulheres para que sintam-se orgulhosas de si mesmas e livres de padrões que a sociedade impõe a elas o tempo todo. Mas o mais interessante é que a transformação não para por aí. Os mentores voluntários terminam o projeto “revirados” – aprendem a enxergar o outro, a controlar suas próprias expectativas, a entenderem suas limitações e a se questionarem o tempo todo quanto suas próprias certezas. Para mim, o maior legado que o voluntariado recorrente traz é a conexão profunda que instantaneamente gera transformação para todas as partes.”
O objetivo desse projeto é acompanhar e impulsionar essas mulheres e seus negócios, mas no fim das contas – como a Alana cita – o ganho é muito mais profundo, e a técnica fica em segundo plano, não porque ela não é importante, mas porque muitas vezes o vínculo gerado traz resultados a nível de segurança, autoestima e autoconhecimento.
É lindo de ver <3
Voluntário Empoderado
E para falar sobre o último nível da nossa escala de engajamento, trazemos a Marina Frota, com extensa experiência como voluntária e integrante da equipe Atados desde os primórdios, que hoje cuida da nossa expansão nacional, anda pela África do Sul conhecendo projetos de lá:
“Hoje em dia eu acredito que o voluntário empreendedor é aquele que por diversas razões, conhece mais sobre a causa, pelo seu envolvimento com a organização, ambiente de atuação, e pessoas atendidas. E a partir de um incômodo começa a questionar como pode contribuir e fazer mais. Dessas questões, se houver espaço, ele cria, desenvolve projetos, e traz ideias para agregar!
Quando todas essas ideias não cabem mais dentro de uma organização – não porque ela não tem interesse, mas pode acontecer de estar fora da sua missão, visão e valores – nasce a possibilidade de encontrar novos lugares, empreender em um negócio social ou criar uma nova organização.
Organizações que incentivam uma pessoa a se empoderar são as que trazem conhecimento, rodas de conversa e debates. Por exemplo, na minha experiência como voluntária com o Teto, que ao meu ver foi um formador de voluntários empreendedores, sempre que íamos construir uma casa, recebíamos além da formação técnica, também uma formação de conteúdo, então muito mais do que montar a casa a gente entendia a questão social por trás dela e o porquê estávamos lá.
O interessante é que os voluntários e diretores puxavam muitas conversas sobre a causa, todo mundo vestia a camisa, então todos se empoderavam bastante, porque sabiam que se não fosse por eles, nada ia acontecer.
Resumindo, a pessoa empoderada é aquela que tem muito mais conhecimento sobre público e causa, e assim consegue fazer uma transformação muito maior.”
Incrível, né? Mas o grande lance desse caminho todo é que não tem receita certa, quando despertamos, podemos entrar em qualquer etapa, e todas elas têm seu papel e cabem na nossa vida, de acordo com nosso tempo e disposição. Vale lembrar que hoje somente 3,9% dos brasileiros são voluntários.
Bora deixar essa energia despertar e colocar a mão na massa? São muitas oportunidades em qualquer nível de engajamento e causa que você queira atuar!
Acesse o site do Atados e descubra como se engajar: www.atados.com.br
Autora: Sabrina Zerlini de Sá, Coordenadora de comunicação do Atados.
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