“Eu preciso mais que 24 horas para fazer todas minhas tarefas”. Quantas vezes você já ouviu algo parecido de alguém? Várias, não é? A sociedade hoje exige uma gama de tempo das pessoas em razão da crescente demanda por produtos. E é com esta falta de tempo que as pessoas acabam se crucificando no quesito “informação”. A correria da vida deixa pouco espaço para absorver informação útil, integra e inclusiva. A rede social Twitter é famosa por suas notícias de fácil acesso, porém, incompletas. E se você chegou até aqui, parabéns, faz parte de um seleto grupo de leitores que vão além do título.
É neste momento que a mídia como telejornais entram em ação. Cada canal na televisão brasileira tem cerca de no mínimo quatro jornais por dia. Porém, neste tempo em que as pessoas descasam em suas casas, deparam-se com um banho de notícias sobre diversos assassinatos, roubos e mortes. Muito se discute sobre quem sofre impacto, a mídia sobre o homem ou o contrário. Atuantes da área de jornalística dizem apenas dar aquilo que o público pede. Mas, agem de maneira calculista quando sua missão é obter fatos que chamem a atenção dos telespectadores.
Abutre
O filme Abutre, 2014, aborda exatamente este contexto, onde a mídia procura insaciavelmente por notícias sensacionalistas. No longa-metragem, o jovem Louis Bloom (Jake Gyllenhaal) tem dificuldade em conseguir um emprego, porém, encontra no jornalismo sua vocação e a partir disto corre atrás de acidentes e assassinatos impactantes. Percebi o que o filme queria de fato mostrar quando me deparei com a cena do dia 24 de junho de 2015, quando um jornal transmitia a notícia da morte de um cantor, e durante a transmissão foi feita uma entrevista com a mãe da namorada do cantor, que também havia morrido. Entendi então o termo “abutre”. Eles precisam de informações tanto quanto um urubu de carniça, e de fato, carne humana.
Não há ninguém que nos diga o que está certo ou errado no que é repassado pela televisão. Porém, é obrigação de cada um se dar o benefício da dúvida. E principalmente de escolher aquilo que realmente pode agregar em sua formação como um ser humano. A população caminha para uma desumanização. Cada vez mais as pessoas se tornam frias e insensíveis com o sofrimento alheio. Mas é papel de cada um optar por ser ou não ser. Fica a questão Shakespeariana.