Um grupo de mendigos que vive embaixo de um viaduto em São Paulo cria uma teia de relações na qual ironicamente prevalecem, apesar das semelhanças nas condições econômicas e sociais de cada um, situações de poder e dominação do outro. Enquanto isso, uma equipe de filmagem se estabelece nas proximidades para realizar uma produção baseada no universo de uma grande cidade onde só existem mendigos, misturando os limites entre realidade e ficção.
Essa é a descrição da peça SPon SPoff SPend, que passou pelo Festival de Teatro de Curitiba entre os dias 25 e 26 de março no Teatro Bom Jesus. A peça traz um enlace entre fantasia e realidade sobre a história dos que moram embaixo de um viaduto – são situações de poder, dominação e a ideia de inferioridade.
Mas a grande surpresa estava na platéia: 14 moradores de rua de Curitiba foram prestigiar a peça. Os convidados ganharam lugares de honra (as duas primeiras fileiras do teatro). Quem os convidou foi a estudante de Artes Cênicas da Faculdade Artes do Paraná (FAP), Julia de Campos Moura. A ideia surgiu com a leitura do livro O Caos. O autor, Hakin Bey, defende que, “em potencial, todos nós somos algum tipo de artista”.
Cerca de três horas antes da estreia, os jovens percorreram o Centro de Curitiba em busca de moradores de ruas que topassem participar. “Quando chegamos ao teatro, percebi que muitas pessoas não gostaram do fato de eles estarem lá. Acho que as pessoas pensam que apenas ricos e pessoas bem vestidas podem ir ao teatro”, afirma Julia.
No final, todos se emocionaram e mostraram que teatro é feito pra todo mundo.
E você, o que anda vendo no Festival de Teatro de Curitiba?