O que é Economia Solidária e como surgiu
A Economia Solidária (ES) é uma resposta dos trabalhadores às consequências do crescimento desenfreado do capitalismo industrial. Esse movimento surgiu na Inglaterra no século XIX, chegou ao Brasil no final do século XX, mas realmente se intensificou a partir da década de 80.
Como funciona
Grupos de pessoas organizam-se em cooperativas ou associações na tentativa de criar um jeito novo de fazer e comercializar as coisas. Esse jeito novo tem como premissa básica: tudo é de todos e o bem comum é o maior objetivo! Trabalhar coletivamente significa promover um desenvolvimento sustentável, dividir tarefas e lucros (ou sobras como muitos chamam) de forma igualitária. Não há patrão, nem empregados, as decisões são tomadas coletivamente. A autogestão é uma condição e não característica.
A essência da ES vai muito além de gerar renda, o modelo idealiza formas alternativas de convivência, de organização e de consumo. Acreditam na potencialidade do trabalho colaborativo, apoiados na solidariedade e no equilíbrio das partes.
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Consumo solidário
Porque não consumir um produto com características similares a outro sendo um pouco mais barato ou um pouco mais caro, mas que promova a coletividade e práticas sustentáveis? Um dos fatores que ainda movem e muito a ES, é o consumo solidário. Uma prática que merece destaque e deve ser incentivada! Na verdade tem que fazer parte da nossa cultura! Isso se torna possível informando e educando constantemente a nossa sociedade.
Aqui em Londrina existe um Centro de Apoio à Economia Solidária* que atende cerca de 60 micro empreendimentos. Além de oferecer local para venda dos produtos e ajudar na formalização dos negócios, são oferecidos cursos de capacitação. Fiquei surpresa com a qualidade e variedade de produtos oferecidos.
A visão de Paul Singer
Paul Singer, renomado autor e militante neste campo, acredita que para a Economia Solidária passar de alternativa ao capitalismo a concorrente do mesmo, é necessário atingir níveis de eficiência na produção e distribuição de mercadorias comparáveis aos do sistema capitalista e de outros modos de produção (SINGER, 2002).
Contudo, será que o capitalismo e a Economia Solidária são mesmo tão antagônicos? Para mim, a Economia Solidária se apresenta como um novo olhar sob a essência do capitalismo. Como diria o marxista David Harvey:
Já que não há como romper com o capitalismo, há um novo tipo de capitalismo que vem sendo construído.
Já tinha pensado nisso antes?
Formalização
Em 2003, o Governo Federal criou a Secretaria Nacional de Economia Solidária (SENAES) vinculada ao Ministério do Trabalho e Emprego. A SENAES atua como articuladora das políticas federais de apoio a ES. Também foi criado o Conselho Nacional de Economia Solidária (CNES), órgão responsável pela interlocução entre governo e sociedade civil que atua em prol da ES. Em paralelo a isso surgiu também o Fórum Brasileiro de Economia Solidária (FBES), que fortaleceu ainda mais o movimento e ajudou a aumentar consideravelmente o número de programas municipais e estaduais de ES.
Nem tudo são flores
Existem alguns autores que apresentam uma visão mais crítica ao movimento. Rosangela Barbosa (2007) diz que a pobreza e todos os problemas que geram a exclusão decorrem de uma estrutura social perversa. Transferir a resolução deste problema para uma esfera individual é incoerente e injusto. Fomentar o empreendedorismo coletivo por meio de grupos de excluídos do mercado de trabalho, considerando sua baixa formação técnica e autoestima debilitada torna esta lógica também perversa e de sucesso duvidoso.
As pessoas não se transformam? Não aprendem? É importante lembrar que os ganhos destes coletivos vão além do dinheiro. Falamos também de autoestima, de autonomia, de noções de cidadania, de confiança no potencial individual e do grupo. Há coisas que vão além das palavras, dos olhos, do tangível.
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Bibiliografia: A Sustentabilidade da Economia Solidária – Contribuições Multidisciplinares