Chegou mais um final de ano. Momento no qual algumas pessoas param para refletir, ficar boazinhas, doar algo que não lhes serve mais, falar com os vizinhos que cruzam seus caminhos diariamente sem sequer trocar olhares, abraçar colegas de trabalho antipáticos apenas por educação nesse período, cumprimentar porteiros e garis que no resto do ano parecem não existir, e desejar, de forma quase mecânica: paz, saúde, amor, sucesso, prosperidade…
Sinceramente, seria muito mais legal se as pessoas fizessem isso durante o ano inteirinho, e aproveitassem para tirar uma folga desses atos e comportamentos apenas na semana entre o natal e o Ano Novo!
De que adianta cumprimentar as pessoas apenas durante esses dias de espírito natalino, e nem as enxergar durante o resto do ano? Estaremos nos sentindo melhor, mais humanos, apenas por termos compartilhado uma imagem ou um vídeo de Natal que recebemos pelo Facebook ou pelo Whatsapp, sem muitas vezes termos ao menos lido e refletido sobre o que ali está escrito?
O mundo está sempre em evolução, e essa evolução traz mudanças. Mudanças de comportamento, de cultura, e de sentimentos. Atualmente, para muitos, o espírito do Natal estaria representado por 4 elementos, não necessariamente nessa ordem: o 13º salário, Papai Noel, o peru da ceia, e os presentes ao pé da árvore iluminada.
Infelizmente, os abraços estão sendo trocados pelas mensagens virtuais. Os gestos, por vídeos. As palavras, por mensagens. As presenças, por presentes. Estamos conseguindo fazer nossas refeições assistindo a notícias terríveis, como se nada tivesse acontecendo. Será que gastamos toda a nossa sensibilidade devido à banalização do sofrimento no Brasil e no mundo?
Talvez não. Pois ainda conseguimos nos sensibilizar e chorar com algumas notícias ruins que nos chega através dos jornais. Mas, por que a comoção pela morte de franceses e americanos ainda é maior do que pela morte de crianças na Nigéria ou em Allepo? Por que os ataques terroristas na Inglaterra foram mais sentidos do que outros atentados e desastres?
O que há de diferente entre elas? A imprensa está controlando os nossos sentimentos? É ela quem diz por quem devemos chorar?
Claro que não conseguiremos mudar o mundo de uma hora para outra, mas podemos começar essa difícil jornada mudando um pouco de nós mesmos. Sensibilidade, comoção, e principalmente ação, é algo que vem de dentro pra fora, e não o contrário! Lembremo-nos disso!
E o que esperar de 2019?
Além dos desejos tradicionais que receberemos, talvez mais uma promessa de mudança, de regime, de novo emprego, de novas metas, de novos sonhos. Mas, de nada valerá tanto planejamento se no dia 02 de janeiro voltarmos a ser como éramos no dia 22 de dezembro do ano anterior.
O mundo está ao contrário, mas quem compõe o mundo somos nós. E se estamos pelo avesso, esse é o momento para reflexão, e quem sabe de mudanças. Não vamos apenas desejar um ano melhor. Vamos tentar fazê-lo melhor. Se cada um de nós fizer apenas 10% do que desejamos nas mensagens, imagens e vídeos compartilhados, o resultado já será bastante favorável.
Que façamos um 2019 mais feliz, mais sincero, mais amigo, e mais humano!