Você já sentiu medo?
Já caminhou sozinha à noite, ouvindo passos atrás de você? Já segurou as chaves entre os dedos, como se fossem uma arma? Já fingiu estar ao telefone só para afastar um estranho? O medo não é paranoia. O medo é aprendizado. Porque sabemos o que acontece com mulheres todos os dias.
Mulheres crescem ouvindo alertas como “não saia sozinha”, “não volte tarde”, “não use essa roupa”, “não confie em estranhos”. Mas a verdade é que o perigo não está apenas na rua. Está em casa, no trabalho, na escola, no ônibus. Está onde quer que uma mulher esteja.
Sempre tem um homem te olhando
Você está voltando para casa. Um homem te olha. Aperte o passo. Ele continua te olhando.
Vire a esquina. Ele ainda está atrás de você. Ande mais rápido. Mais rápido. Corra. Fique quieta.
Tem um homem te olhando.
Sempre tem um homem te olhando.
Os números mostram uma realidade ainda pior:
♀ A cada 6 horas, uma mulher é assassinada no Brasil
♀ Em 90% dos casos de feminicídio, o agressor era alguém próximo
♀ Uma mulher é violentada a cada 6 minutos no Brasil
♀ No mundo, uma mulher ou menina é morta a cada 10 minutos por um parceiro íntimo ou membro da família
Fonte: ONU Mulheres Brasil – Relatório sobre feminicídios e violência de gênero, Organização Mundial da Saúde (OMS) e Fórum Brasileiro de Segurança Pública – Relatório sobre violência sexual no Brasil e Relatório Global da ONU sobre Feminicídio (2024)
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Flores, discursos e violência: a hipocrisia do machismo
Todos os anos, no Dia Internacional da Mulher, vemos homenagens, flores e discursos sobre a “força feminina”, porém, no dia seguinte, as estatísticas de violência voltam a crescer.
Na Espanha, por exemplo, só no primeiro mês de 2023, seis mulheres foram assassinadas por seus parceiros ou ex-parceiros, levando milhares às ruas para protestar contra o aumento da violência de gênero.
Na Alemanha, em dezembro de 2024, uma mulher foi brutalmente assassinada na rua enquanto tentava se separar do namorado, gerando revolta sobre a persistência da violência machista na Europa. No Brasil, 1,6 milhão de mulheres foram espancadas no último ano.
Essas mulheres tinham nome. Tinham família. Tinham sonhos. Mas agora são estatísticas… são mais números em meio à regra.
NO BRASIL:
➝ Uma mulher é vítima de feminicídio a cada 6 horas. Em 2023, foram registrados 1.467 feminicídios no país, o maior número desde a promulgação da lei que tipifica o crime em 2015
➝ A cada 6 minutos, uma mulher sofre violência sexual. O Anuário Brasileiro de Segurança Pública de 2024 indica que, em média, ocorre um estupro a cada seis minutos no Brasil (fonte: O Globo)
➝ Mulheres negras sofrem mais violência que mulheres brancas. Dados do Anuário Brasileiro de Segurança Pública de 2024 mostram que mulheres negras são as mais afetadas pela violência no país
➝ 1 a cada 4 mulheres já sofreu violência de um parceiro íntimo. A Organização Mundial da Saúde (OMS) aponta que, globalmente, uma em cada três mulheres já sofreu violência física ou sexual por parte de parceiros íntimos ou não parceiros
NO MUNDO:
➝ Mais de 85 mil mulheres são assassinadas por ano apenas por serem mulheres.Em 2023, 85 mil mulheres e meninas foram mortas intencionalmente em todo o mundo, sendo que 60% desses homicídios foram cometidos por parceiros íntimos ou outros membros da família
➝ Feminicídios representam 60% de todos os assassinatos de mulheres globalmente. Dos homicídios intencionais de mulheres em 2023, 60% foram cometidos por parceiros íntimos ou familiares (Fonte: ONU)
➝ 1 a cada 3 mulheres já sofreu violência física ou sexual. A OMS relata que uma em cada três mulheres em todo o mundo é submetida à violência física ou sexual ao longo da vida
➝ Mulheres que tentam se separar de seus parceiros correm maior risco de serem assassinadas. Estudos indicam que o período de separação é um momento de alto risco para mulheres, aumentando a probabilidade de violência letal por parte de parceiros íntimos
Em alguns países, o estupro dentro do casamento ainda é legalizado. A ONU destaca que, em várias nações, a legislação não criminaliza o estupro conjugal, perpetuando a violência sexual contra mulheres
Se você leu esses dados e não sentiu nada, volte e tente mais uma vez.
Os dados não mentem: MACHISMO MATA!
Temos medo. Medo de sermos seguidos na rua. Medo de entrar em um carro de aplicativo. Medo de sermos mais uma estatística.
Mas não vamos nos calar. Se você já teve medo ou se já foi silenciada, você não está sozinha. Se já chorou, gritou e lutou para ser ouvida, saiba que estamos aqui.
E nunca se esqueça que denunciar salva vidas. Caso você ou alguma mulher que conheça esteja em situação de violência, procure ajuda.
📞 Central de Atendimento à Mulher – Ligue 180
📞 Emergência – Ligue 190
Busque apoio em organizações especializadas, denuncie e fortaleça redes de apoio. E, acima de tudo: compartilhe essa mensagem. O machismo sobrevive no silêncio.
A Nossa Causa já entendeu que o machismo não é uma questão de opinião. É um problema global. Na América Latina, na Europa, no Oriente Médio, mulheres estão sendo mortas apenas por existirem. O feminicídio não é um “crime passional”. É um problema estrutural.
Enquanto algumas pessoas seguem ignorando os números, mulheres seguem sofrendo todos os tipos de violência.
E nós, o que vamos fazer para mudar essa realidade?
Veja também: Manual para Roda de Conversa Feminista