Quando estava escrevendo a monografia da pós-graduação em Direito Constitucional Aplicado, deparei-me com uma reflexão: a nossa atual democracia é nova para as pessoas da melhor idade e velha para os jovens, pois sempre conviveram com ela, pelo menos para aqueles nascidos pós-1988.
Nesta semana podemos observar que ela ainda é realmente muito jovem, incompreendida, inaceitável e incômoda para muita gente. Para aqueles que pediam o retorno da ditadura militar, tivemos em nosso Estado o mais lamentável exemplo e recordação de derramamento de sangue, nada me faz mudar de opinião que o massacre aos professores diferencia-se de alguma forma do que aconteceu com a Charlie Hebdo.
Criamos um monstro, o Leviatã, e agora não conseguimos detê-lo. Ele engoliu as políticas públicas, a democracia deliberativa e todos os professores! O modus operandi do Leviatã conseguiu, por enquanto, superar 27 anos de democracia com balas de borracha, bombas de gás lacrimogênio, helicóptero e uma violência descomunal. Tudo isso contra giz e apagador.
E não é apenas pela força bruta que tratam mal os nossos professores, mas também com péssimos salários e aposentadorias, leia mais no artigo “A importância do professor hoje – e como isso é tratado no Brasil” da nossa colunista Camila Feiler.
Vivemos uma crise de representatividade política, não conseguimos nos encontrar nas opiniões daqueles que elegemos para falar por nós. Mas como diria Desmond Tutu, arcebispo da Igreja Anglicana e ganhador do Prêmio Nobel da Paz em 1984 pela luta contra o Apartheid, “Se você é neutro em situações de injustiça, você escolhe o lado do opressor”, então, por isso dizemos #SomosTodosProfessores #LutoPelaEducação.
E para finalizar, deixo o vídeo do Porta dos Fundos chamado “Bala de Borracha” para reflexão, e o nosso respeito a todos os professores e aos policiais que se recusaram a agredi-los e acabaram sendo presos.