Na festa junina da escola da minha caçulinha, eu e o Pedroca, ficamos bem colados ao palco, do lado, para que da cadeira ele pudesse enxergar melhor sua irmã dançar.
E começou a dança mais linda do mundo.
Uma menina linda entrou com seu par. Passando ao lado do palco, olhou para o Pedroca (que gargalhava, sorria ao som de Luiz Gonzaga, vendo feliz a Gigi dançar, quase pulando da cadeira)
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Mas a menininha olhou assustada, ela não conseguia parar de olhar. Ela mal conseguia seguir a coreografia dela, nem acompanhava a turma de tanto olhar. De virar o pescoço, sabe? Ela não sorria para seus pais e não desviava seu olhar. Sorria pra ela. Mas ela não via mais nada. Olhava a cadeira de cima a baixo, sequer escutava a música e esqueceu o que estava fazendo.
O Pedroca sorria pra ela. Ela realmente ficou muito assustada de ver um garotinho numa cadeira de rodas. Naquele momento me deu vontade de dar um abraço nela. Me deu vontade de conversar com ela. De apresentar o Pedro e contar o porque ele utiliza cadeira de rodas.
O olhar dela foi de susto. Não foi de tristeza, nem de preconceito. Foi de espanto! Acho que pensava
Por que ele está na cadeira, por que ele sorri, por que ele estava ali?
Os olhos dos filhos são extensões dos olhos dos pais. A forma como respondemos a um filho quando ele pergunta o que vê de uma realidade diferente da dele faz toda a diferença.
Ah menina….você estava linda! Quando acabou a Gigi veio correndo nos abraçar e eu a perdi de vista na multidão. O Pedro estava tão feliz que seu olhar de medo/susto não foi percebido por ele.
Mas no meu coração ficou a pergunta: será que os pais conversam com os filhos sobre crianças cadeirantes?
Existimos, saímos de casa, sorrimos, vivemos e amamos!
Menininha não se assuste! Somos assim, igual você. Temos o mesmo coração batendo no peito. Somos humanos! ♡
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