Certa vez, em conversa com um urbanista, ouvi que a cidade hoje tem um grande problema: as pessoas não se sentem pertencentes à ela. Cada um se faz extremamente responsável do portão pra dentro – fora dali, cada um que se vire.
Ainda bem que as coisas vêm mudando. Se ver como parte participante (é até redundante) de uma cidade, organismo vivo que movimenta e orienta várias performances da nossa vida, traz à tona a vontade de conservar, cuidar e construir. Alguns grupos, que envolvem diversas classes sociais e origens, têm feito isso, indo às ruas para levar um pouco de cuidado e fazer o que pode ser feito.
Se você aceitar o convite de um desses grupos, pode participar da construção de hortas comunitárias, meditações na rua, plantar fores em um canteiro, participar de debates em praças e muitas outras ações.
Em entrevista à BBC Brasil, a coordenadora de urbanismo do Instituto Pólis, ONG voltada para o estudo de políticas públicas, Margareth Uemura explica que ações como essas já acontecem há bastante tempo na periferia, já que existe uma carência de projetos de urbanização e a população precisa se mobilizar para que as coisas aconteçam. Agora esse movimento chega com força também ao centro.
Trata-se de um amadurecimento histórico. Desde a nova Constituição, foram sendo criados instrumentos democráticos de maior participação popular. Assim, o cidadão começa a entender que tem voz, e o poder público – que ainda tem o dever de zelar pela cidade – entende que pode compartilhar esta gestão,
afirma Uemura.
Além disso, ao ocupar espaços públicos, abrimos portas para o diálogo entre pessoas de diferentes partes da cidade, construindo laços, diminuindo o medo, a violência. Mas para que isso aconteça, é preciso resgatar o senso de coletividade e vontade de construir junto.
Quer conhecer um coletivo que faça isso em São Paulo? Acesse a página do A batata precisa de você.
Também dá pra conferir a matéria da BBC: http://www.bbc.com/portuguese/noticias/2015/05/150514_ocupacao_espaco_publico_rb.shtml