Sucesso. Essa palavra nos remete a múltiplos conceitos e percepções, e cada indivíduo pode construir o seu próprio cenário que ilustra seu significado.
Porém, quase sempre, a pessoa pensa em carros sofisticados e/ou novos, lugares com paisagens paradisíacas e/ou em instalações luxuosas e confortáveis e na presença de pessoas famosas e/ou atraentes.
E qual o motivo disso?
Desconfio que essa visão de sucesso tenha sido criada não por cada um de nós, cientes do próprio potencial e individualidade, mas fabricada por organizações empresariais ou representadas por elas com propósitos comerciais.
Essa é, na verdade, uma das fontes da dinâmica da sociedade moderna: a criação de imagens, situações e contextos de uso e consumo de bens e serviços tidos como sinônimo de status e prestígio, juntamente com estereótipos de pessoas simbolizando um estilo de vida particular: o consumismo.
Mas será mesmo que um estilo de vida consumista é sinônimo de sucesso? Quais são, de fato, nossas necessidades? Como indivíduos, particulares e únicos, não teríamos cada um de nós um conceito próprio de sucesso? E, se não, não estaria na hora de construí-lo?
O consumo é sim um dos aspectos da nossa vida. Assim como o trabalho e o estudo. Mas como seres sociais, criativos e inteligentes, exercemos um sem número de papéis (ou poderíamos estar exercendo) que acabam ficando esquecidos ou em segundo plano. O motivo disso é que nossas vidas estão construídas através da ótica produtiva e, portanto, o que fazemos como profissão acaba nos definindo muito enquanto pessoas.
Um dos desafios dessa lógica é que ela funciona em um contexto competitivo, ou seja, quanto mais melhor. Dessa forma se produz demais, se consome demais e se produz lixo demais sem reflexão a respeito das consequências disso tudo.
Além do mais, para que, nesse ponto de vista, uns tenham sucesso é necessário que outros tenham o oposto. Logo me parece que, embora a pobreza poderia ser dizimada da face da Terra com a quantidade de riqueza que temos, se isso acontecesse o sucesso deixaria de existir, ou melhor, aquilo que dizem que é sucesso.
Se a pobreza é produto necessário do sistema de funcionamento da sociedade contemporânea, a riqueza também o é. E se estamos competindo, qual o propósito da vida? A subjugação dos mais fracos pelos mais fortes, o exercício de poder e controle dos detentores do conhecimento e domínio material e político em relação àqueles que dedicam-se a atividades mais simples e que não dispõem de autoridade econômica e social?
Acredito que o começo da resposta mora na empatia. Enquanto seres-humanos, temos o poder de nos colocar no lugar do outro e procurar pensar como ele pensa e sentir como ele sente. Será que a colaboração não é um dos caminhos para um mundo mais justo e pacífico? Será que o exercício da cidadania no voto, nos protestos, nas reclamações ao Poder Público e nas reivindicações aos patrões não traria uma nova forma de funcionamento das coisas aonde todos podem usufruir do mínimo de bem-estar aceitável sem contudo eliminar o direito das gerações futuras de ter bem-estar?