Como pudemos observar nos artigos anteriores, em que foram abordados os temas sustentabilidade econômica e profissionalização, as Organizações do Terceiro Setor necessitam aprimorar as táticas de gestão e se adaptar às exigências do mercado para que consigam manter suas atividades, e consequentemente, planejar o seu desenvolvimento.
Até pouco tempo, termos como: orçamento, ISO, eficiência, profissionalização, capacitação, liderança, metas, controle interno, planejamento, foco, gestão, processo, e indicadores, eram utilizados apenas pelas empresas comerciais de grande porte. Atualmente, esse vocabulário passou a ser bastante familiar inclusive para as entidades sem fins lucrativos.
Muitas organizações do Terceiro Setor já utilizam técnicas e estratégias administrativas com o intuito de se tornarem mais profissionais e “competitivas”. Essas entidades perceberam a importância do planejamento, organização, direção e controle de suas atividades, e conseguiram superar o desafio de ter também a gestão como foco.
Entretanto, quando se fala em administração e gestão, inicialmente não conseguimos identificar qual seria o modelo ideal a ser adotado por um determinado setor do mercado, ou por uma área de atuação específica. No Terceiro Setor essa definição é ainda mais complexa, pois as entidades que fazem parte desse conjunto possuem características inerentes tanto ao setor privado, quanto ao setor público.
Na prática, é bastante comum “copiar e colar” o que vem dando certo em outras organizações, sejam elas estatais ou privadas. Porém, é necessário frisar que nem todas as técnicas e instrumentos administrativos devem ser aplicados nas organizações do Terceiro Setor sem que haja uma adequação aos seus propósitos.
Por isso, é preciso certo cuidado, já que nem sempre estratégias de ação e de gestão adotadas pelas organizações públicas ou comerciais são cabíveis ao Terceiro Setor, antes de ocorrerem estudos e adaptações. A simples importação e aplicação das ferramentas e técnicas administrativas podem gerar uma sensível perda do principal objetivo das entidades, que é a atuação privada no alcance de interesses públicos.
O que chamamos aqui de utilização de técnicas administrativas não é a transformação das organizações do Terceiro Setor em órgãos públicos ou em empresas. Mas, sim, o direcionamento para que essas instituições possuam um padrão de qualidade na gestão que lhes permita a sobrevivência e o crescimento econômico, para que possam desenvolver e ampliar seus objetivos sociais.
Por isso, as técnicas, estratégias, ferramentas, e procedimentos administrativos devem ser utilizadas com o objetivo de contribuir para a melhoria da gestão nas entidades, sem que isto venha a comprometer a preservação de sua missão, de sua filosofia de atuação, e, principalmente, da essência que diferencia uma entidade do Terceiro Setor dos órgãos públicos e das organizações empresariais.