Com salários atraentes e uma gama de benefícios, os bancos se tornaram instituições visadas por quem busca uma vaga no mercado de trabalho. Acontece que ninguém fala sobre as exaustivas jornadas de trabalho, assédios e competições doentias entre os funcionários, elementos fundamentais para o crescimento financeiro da instituição e muitos problemas para quem lá trabalha.
É com histórias reais que o movimento Vítimas do HSBC quer escancarar essa realidade, mostrando, através de pesquisa, que os métodos de gestão adotados pelo HSBC estão deixando os funcionários doentes.
Assédio estrutural: o que é?
O assédio moral mais comum envolve a exposição dos trabalhadores e trabalhadoras a situações humilhantes e constrangedoras, repetitivas e prolongadas durante a jornada de trabalho e no exercício de suas funções, normalmente acontece entre superior e funcionário. No HSBC, a situação vai além. Para Mauro Auache, advogado e presidente do Instituto Defesa da Classe Trabalhadora, que conduziu a pesquisa, o termo correto é assédio estrutural. Ele explica:
Faz parte das orientações de gestão da empresa. São ações de violência cotidiana, que nunca foram encaradas como tal, mas sim mascaradas como necessidade de competição e de performance lucrativa da empresa.
Claro que isso não é exclusividade do HSBC. Para o advogado Nasser Allan, um dos coordenadores da pesquisa, relatos de trabalhadores de outros bancos são bem parecidos, mas o HSBC ganhou o nome do movimento por ser um dos grandes representantes dessa prática. Além disso, a saída do banco do país torna o assunto mais urgente por trazer insegurança aos mais de 22 mil trabalhadores.
O que caracteriza o assédio estrutural por parte do HSBC é a invasão da vida privada dos funcionários – amplamente divulgado em 2012 com a revelação do dossiê do Ministério Público -, recrutamento de funcionários fora do horário, imposição de metas abusivas, controle do ritmo e da produtividade, humilhações públicas, ameaças de demissão, horas extras não remuneradas, controle no uso do banheiro, isolamento físico ou social de empregados, entre outros fatores.
Consequências
Entre as doenças que mais atingem os bancários está o estresse e a depressão. Com um tratamento diferenciado e machista, as mulheres acabam recebendo as maiores cargas de estresse e já somam 62% as que deixaram o trabalho por problemas de saúde. Elas também representam 59% dos casos de assédio por danos morais.
Os índices de mortes e suicídios também são assustadores: entre 2006 e 2013, houveram 7.074 mortes de bancários no Brasil tendo como principal causa o infarto, de acordo com dado do Ministério da Saúde. Outro dado que chamou a atenção dos pesquisadores é o fato de que, dos trabalhadores que citaram problemas de saúde em decorrência do trabalho, a maioria não tinha histórico de afastamento por doenças.
Confira o primeiro depoimento da série:
Onde acessar
Você pode acompanhar no site Vítimas do HSBC e no Facebook mais informações sobre o movimento, os depoimentos das vítimas e também deixar seu depoimento. Compartilhe e dê voz a essa causa!