Avanços na redução da mortalidade infantil estão ameaçados, alerta ONU

Nota Social
31 de março de 2025
  • Geral
Compartilhe

O número de crianças que morrem globalmente antes de completar cinco anos caiu para 4,8 milhões em 2023, enquanto as mortes fetais diminuíram de forma tímida, permanecendo em torno de 1,9 milhão, de acordo com dois novos relatórios divulgados hoje pelo Grupo Interagencial das Nações Unidas para Estimativa de Mortalidade Infantil (UN IGME, na sigla em inglês).

Desde 2000, as mortes infantis caíram em mais da metade e os natimortos, em mais de um terço, impulsionados por investimentos contínuos na sobrevivência infantil em todo o mundo. Em 2022, o mundo alcançou um marco histórico, quando as mortes infantis caíram ligeiramente abaixo de 5 milhões pela primeira vez. No entanto, esse progresso desacelerou e muitas vidas de crianças ainda estão sendo perdidas por causas evitáveis.

“Milhões de crianças estão vivas hoje devido ao compromisso global com soluções comprovadas, como vacinas, nutrição e acesso a água segura e saneamento básico”, disse a Diretora Executiva do UNICEF, Catherine Russell. “Diminuir as mortes infantis evitáveis para um nível recorde é uma conquista notável. Mas sem as escolhas políticas certas e os investimentos adequados, corremos o risco de reverter esses ganhos arduamente conquistados, com milhões de crianças morrendo de causas evitáveis. Não podemos deixar que isso aconteça”.

Décadas de progresso de sobrevivência infantil estão agora ameaçadas, pois grandes doadores anunciaram cortes significativos de financiamento para ajuda humanitária. A redução do financiamento global para programas de sobrevivência infantil está causando escassez de trabalhadores de saúde, fechamento de clínicas, interrupções em programas de vacinação e falta de suprimentos essenciais, como tratamentos contra a malária. Esses cortes estão impactando severamente regiões em crises humanitárias, países endividados e áreas com taxas de mortalidade infantil já altas. Os cortes de financiamento global também podem prejudicar os esforços de monitoramento e rastreamento, tornando mais difícil alcançar as crianças mais vulneráveis, alertou o Grupo Interagencial.

“Desde o combate à malária até a prevenção de natimortos e a garantia de cuidados baseados em evidências para os menores bebês, podemos fazer a diferença para milhões de famílias”, disse o Diretor-Geral da Organização Mundial da Saúde, Dr. Tedros Adhanom Ghebreyesus. “Diante dos cortes de financiamento global, precisamos mais do que nunca intensificar a colaboração para proteger e melhorar a saúde das crianças”. 

Mesmo antes da atual crise de financiamento, o ritmo de progresso para sobrevivência infantil já havia desacelerado. Desde 2015, a taxa anual de redução da mortalidade de menores de cinco anos desacelerou em 42%, e a redução de natimortos desacelerou em 53%, em comparação com os anos 2000–2015.

Quase metade das mortes de crianças até cinco anos acontece no primeiro mês de vida, principalmente devido ao nascimento prematuro e complicações durante o parto. Além do período neonatal, doenças infecciosas, incluindo infecções respiratórias agudas como pneumonia, malária e diarreia, são as principais causas de morte infantil evitável. Enquanto isso, 45% dos natimortos tardios acontecem durante o parto, muitas vezes devido a infecções maternas, trabalho de parto prolongado ou obstruído e falta de intervenção médica no momento certo.

Melhor acesso a cuidados de saúde de qualidade para mães, recém-nascidos e crianças em todos os níveis do sistema de saúde salvará muitas vidas, de acordo com os relatórios. Isso inclui cuidados preventivos nas comunidades, visitas oportunas a unidades de saúde e profissionais de saúde no nascimento, cuidados pré-natais e pós-natais de alta qualidade, cuidados preventivos para crianças, como vacinas de rotina e programas abrangentes de nutrição, diagnóstico e tratamento para doenças comuns da infância e cuidados especializados para recém-nascidos pequenos e doentes.

“A maioria das mortes infantis evitáveis ocorre em países de baixa renda, onde serviços essenciais, vacinas e tratamentos são frequentemente inacessíveis”, disse Juan Pablo Uribe, Diretor Global de Saúde do Banco Mundial e Diretor do Fundo Global de Financiamento. “Investir na saúde das crianças garante sua sobrevivência, educação e futuras contribuições para a força de trabalho. Com investimentos estratégicos e forte vontade política, podemos continuar a reduzir a mortalidade infantil, desbloqueando o crescimento econômico e oportunidades de emprego que beneficiam o mundo inteiro”.

Os relatórios também mostram que onde uma criança nasce influencia muito suas chances de sobrevivência. O risco de morte antes dos cinco anos é 80 vezes maior no país com maior mortalidade em comparação ao país com menor mortalidade. Por exemplo: uma criança nascida na África Subsaariana tem, em média, 18 vezes mais chances de morrer antes de completar cinco anos do que uma nascida na Austrália ou Nova Zelândia. Dentro dos países, as crianças mais pobres, aquelas que vivem em áreas rurais e aquelas com mães menos educadas enfrentam os maiores riscos.

As desigualdades de mortes fetais são igualmente severas, com quase 80% ocorrendo na África Subsaariana e no Sul da Ásia, onde as mulheres têm seis a oito vezes mais chances de dar a luz a um natimorto do que as mulheres na Europa ou América do Norte. Enquanto isso, as mulheres em países de baixa renda têm oito vezes mais chances de experienciar uma morte fetal do que aquelas em países de alta renda.

“As disparidades na mortalidade infantil entre e dentro dos países permanecem um dos maiores desafios de nosso tempo”, disse o Subsecretário-Geral do Departamento de Assuntos Econômicos e Sociais das Nações Unidas (ONU DESA), Li Junhua. “Reduzir tais diferenças não é apenas um imperativo moral, mas também um passo fundamental para o desenvolvimento sustentável e a equidade global. Toda criança merece uma chance justa na vida, e é nossa responsabilidade coletiva garantir que nenhuma criança seja deixada para trás”.

Os membros do Grupo Interagencial das Nações Unidas para Estimativa de Mortalidade Infantil apelam a governos, doadores e parceiros dos setores privado e público para proteger os avanços arduamente conquistados para salvar vidas de crianças. Mais investimentos, integração de serviços e inovações são urgentemente necessários para ampliar o acesso a serviços de saúde, nutrição e proteção social, que salvam vidas, para crianças e mães grávidas.

Para ler o relatório de mortalidade infantil do UN IGME, acesse aqui (em inglês) e o relatório de natimortos do UN IGME aqui (em inglês).  

Fonte: UNICEF

Veja mais notícias sobre
newsletter
Fique por dentro de todas as notícias com o nosso resumo semanal.
Newsletter v2

Ao informar os meus dados, eu concordo com a Política de Privacidade.

Prometemos não utilizar suas informações de contato para enviar qualquer tipo de SPAM.

Notícias relacionadas
O "Nossa Causa" é um portal de notícias dedicado ao fortalecimento e disseminação de informações sobre o terceiro setor no Brasil. Nosso compromisso é fornecer conteúdo de alta qualidade e relevância, abordando temas como responsabilidade social, voluntariado, filantropia e inovações sociais. Com uma equipe de jornalistas especializados e colaboradores apaixonados, buscamos amplificar vozes e iniciativas que promovem impacto social positivo, além de oferecer análises e insights que auxiliam organizações e indivíduos engajados em causas sociais.
Nas Redes
Fale Conosco

Fale: 11 3251-4482
WhatsApp
redacao@notasocial.com.br
Rua Manoel da Nóbrega, 354 – cj.32
Bela Vista | São Paulo – SP | CEP 04001-001

newsletter
Fique por dentro de todas as notícias com o nosso resumo semanal.
Newsletter v2

Ao informar os meus dados, eu concordo com a Política de Privacidade.

Prometemos não utilizar suas informações de contato para enviar qualquer tipo de SPAM.