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*Por Roberto Ravagnani
O voluntariado no Brasil sempre teve um papel importante, com milhões de pessoas dedicando tempo e energia a causas sociais, ambientais e humanitárias. De acordo com o IBGE (2022), cerca de 7% da população brasileira já se envolveu em alguma atividade voluntária. No entanto, por trás desse ideal de solidariedade, surge um debate polêmico: até que ponto o voluntariado é realmente altruísta, ou seria, em muitos casos, uma ferramenta de autopromoção, interesse econômico ou até exploração?
De um lado, os defensores do voluntariado — e eu sou um deles, embora não cego à paixão — destacam seu papel fundamental na construção de uma sociedade mais empática. Em um país marcado por desigualdades históricas, como o Brasil, iniciativas voluntárias têm preenchido lacunas deixadas pelo poder público, seja na educação, saúde ou no combate à pobreza. Exemplos como os mutirões de construção de casas em comunidades carentes ou a distribuição de alimentos durante a pandemia são frequentemente citados como prova do impacto positivo dessa prática.
Por outro lado, críticas crescentes apontam para os “lados sombrios” do voluntariado. Alguns questionam as reais intenções de organizações e indivíduos. ONGs que cobram altas taxas para programas voluntários, especialmente os voltados para estrangeiros — o famoso “volunturismo” — têm sido acusadas de lucrar com populações vulneráveis, oferecendo uma experiência superficial em troca de currículos mais atraentes. Além disso, empresas e figuras públicas que utilizam o voluntariado como uma estratégia de marketing pessoal ou corporativo levantam dúvidas sobre a autenticidade de suas ações.
Outro ponto de tensão é a precarização do trabalho. Especialistas alertam que, em alguns setores, o voluntariado pode ser uma forma de substituir mão de obra remunerada, especialmente em tempos de crise econômica. O voluntário não pode se tornar uma solução para a falta de políticas públicas ou a escassez de contratações dignas, mas pode ser um auxílio. Quando a dependência do trabalho voluntário é excessiva, isso pode mascarar problemas estruturais, adiando soluções efetivas.
Diante desse cenário, o voluntariado brasileiro se encontra em uma encruzilhada. Se, por um lado, ele reflete o melhor da solidariedade humana, por outro, expõe contradições que desafiam suas intenções. A sociedade, então, é chamada a refletir: como garantir que o ato de ajudar não se torne um fim em si mesmo, mas um meio para transformações reais e duradouras? O debate está aberto e, possivelmente, uma das grandes respostas para essas questões seja a aproximação entre empresas, organizações sociais, voluntários e o governo. A troca saudável entre esses setores, sem imposições ruidosas ou o partidarismo político que frequentemente atrasa nossas organizações, pode ser um caminho. Claro, essa é apenas uma das respostas, e outras devem ser exploradas.
*Roberto Ravagnani – Construtor de “pontes”. Palestrante, jornalista (MTB 0084753/SP), radialista (DRT 22.201), Consultor, ESG, Voluntariado, Sustentabilidade.
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