Neste artigo, como havia me comprometido, falaremos um pouco sobre as Cooperativas e o Terceiro Setor, o papel social desenvolvido pelas Cooperativas e sua importância na atual conjuntura global.
Cooperativa: uma instituição do Terceiro Setor?
Como já falamos em artigos anteriores podem ser classificadas como instituições do Terceiro Setor basicamente as organizações e entidades sem fins lucrativos, não governamentais e que tem como objetivo gerar serviços de caráter público. Neste rol de instituições inseridas no Terceiro Setor podemos incluir as Associações, as Fundações, os Sindicatos, os Partidos Políticos e também as Cooperativas.
A inclusão das Cooperativas como instituição do Terceiro Setor é bastante controversa, em razão, principalmente, da suposta natureza lucrativa, o que de fato não é uma realidade, como indicaremos abaixo. Entretanto, a inclusão das Cooperativas como instituição do Terceiro Setor se dá em razão da promoção do desenvolvimento socioeconômico para milhões e milhões de pessoas em todo o mundo.
Representatividade do Cooperativismo
O setor cooperativo no mundo tem aproximadamente 800 milhões de membros, gerando mais de 100 milhões de postos de trabalho. Ainda, as estatísticas são bastante positivas: as cooperativas são responsáveis por 99% da produção de leite na Noruega, Nova Zelândia e Estados Unidos e por 50% da agricultura no Brasil; cerca de 71% das pescas na Coréia vem das cooperativas.
Sabemos que o planeta está à beira de um colapso. As mudanças climáticas, a escassez de recursos e a produção insuficiente de alimentos para uma população que cresce desenfreadamente, poderão nos levar a tragédias inimagináveis. Alguns indicadores demonstram que a pobreza mundial está diminuindo, mas a distribuição da renda segue desigual.
Distribuição de renda por contribuição
Neste aspecto é fundamental destacar que no modelo cooperativo, todos os membros ganham proporcionalmente à sua contribuição nos processos produtivos, opondo-se ao capitalismo, onde a distribuição de seus resultados é voltada a poucos membros de sua cadeia de valor. O dinheiro não necessariamente aumenta, mas “muda de mão”. Isso significa que, se alguém está ganhando muito, é porque alguém está perdendo.
Como nas relações cooperativistas a atividade em escala não é individual, ou seja, todos os membros da sociedade ganham, há uma melhor distribuição da renda. Comprovadamente, em alguns locais, este impacto positivo gerou o aumento do IDH (Índice de Desenvolvimento Humano).
É um fato que as Cooperativas desenvolvem papel fundamental na distribuição de renda das classes trabalhadoras, principalmente no meio rural onde, por meio das Cooperativas, os custos da produção são minorados e os resultados compartilhados entre todos.
Na minha avaliação particular, hoje as Cooperativas seriam o meio mais justo e economicamente viável de geração de renda, uma vez que eliminaria as disputas individuais de enriquecimento, priorizando o bem comum de todo o grupo de forma proporcional ao trabalho de cada cooperado. Conforme se vê, é um modelo mais justo e economicamente mais adequado ao atual modelo global de produção.
Agora que tratamos, ainda que superficialmente, das Cooperativas e de sua enorme importância para todo o contexto social de produção no atual modelo global, no próximo artigo trataremos da lei das Cooperativas e os meios para a criação de uma.