
A Inteligência Artificial (IA) deixou de ser tema de ficção científica, com aplicações cada vez mais presentes em nosso cotidiano. Em 2023, o mundo presenciou (e experimentou) a explosão do ChatGPT, plataforma de IA generativa da Open AI, que em apenas três meses atingiu 100 milhões de usuários – o crescimento mais rápido na história dos aplicativos de internet. E à medida que a tecnologia avança, também cresce a reflexão sobre implicações técnicas e éticas e sobre as oportunidades e riscos associados a ela.
A pesquisa inédita ‘O que pensam as pessoas sobre o uso de IA por ONGs’, realizada pela organização britânica Charities Aid Foundation (CAF), representada no Brasil pelo IDIS – Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social, revela uma sociedade otimista quanto à adoção da Inteligência Artificial, mas como ressalvas. Participaram do estudo mais de seis mil indivíduos em 10 países, incluindo o Brasil.
Segundo a pesquisa, 37% dos entrevistados acreditam que os benefícios do uso da IA superam os potenciais riscos, em contraste com os 22% que afirmam o contrário.
“Os achados deste estudo são ricos para aprofundarmos o debate sobre o uso da IA no terceiro setor no Brasil, com a responsabilidade e ética que o tema exige” comenta Luisa Lima, gerente de comunicação e conhecimento do IDIS.
O estudo aprofunda a análise calculando ainda a favorabilidade líquida, ou seja, a diferença entre aqueles que são favoráveis ao uso da IA e aqueles que acreditam que os riscos são maiores. No mundo, esse valor equivale a 15%. No ranking por países, o Brasil ocupa o segundo lugar entre aqueles que acreditam que os benefícios do uso da IA superam os riscos (30%), ficando atrás apenas do Quênia (44%). Entre os países pesquisados, apenas na Austrália a maioria da população se mostra cética em relação à adoção do IA, e acredita que os riscos são maiores que as oportunidades (-4%).
As oportunidades mais destacadas pelos respondentes brasileiros foram a possibilidade de auxiliar mais pessoas (29%), a capacidade de rápida resposta a emergências (22%) e a tomada de decisões mais precisas a partir da análise de dados (16%). Daniel Assunção, fundador e diretor executivo do Atados, compartilhou suas percepções sobre os resultados do estudo. Ele expressa otimismo em relação ao assunto, e destaca seu uso em situações emergenciais, como enchentes, por exemplo: “A IA poderá contribuir ainda antes dos desastres, mapeando potenciais riscos e informando a população na iminência de ser afetada. Pode ser benéfica também no momento da resposta, otimizando a distribuição dos recursos e a comunicação entre todos os envolvidos, assim como depois, avaliando a qualidade da resposta a partir do cruzamento de dados disponíveis.”
Já entre os riscos para as organizações do terceiro setor, a segurança de dados (30%), a redução de postos de trabalho (26%) e a geração de informações e decisões enviesadas (14%) foram os mais citados pelos respondentes brasileiros. Para ajudar a mitigar esses potenciais problemas, Rodrigo Pipponzi, Presidente do Conselho Grupo MOL, destaca a importância das estruturas de governança na análise de como a ferramenta deve ser utilizada nas organizações. “Os conselhos das organizações podem desempenhar um papel muito importante, não apenas facilitando a adoção das ferramentas, mas também apoiando a regulamentação de sua utilização e mediando o uso da tecnologia dentro das instituições”, afirma.
Aos poucos, a IA é adotada pelas organizações da sociedade civil, conforme relata Kiko Afonso, diretor executivo da Ação da Cidadania. “Hoje usamos a IA para a comunicação, fazendo anúncios patrocinados em plataformas como Google ou Facebook e gerando imagens, por exemplo. Vemos também um grande potencial de seu uso para a captação de recursos, pois seu uso poderá nos ajudar a compreender melhor o perfil de nossos doadores e criarmos estratégias a partir desse conhecimento.”. A pesquisa revela que o público está atento e interessado em como as ONGs aplicam a tecnologia e apenas 13% responderam que prestariam pouca ou nenhuma atenção ao seu uso pelas organizações que apoiam. Entre os países em desenvolvimento, que inclui o Brasil, 73% dizem que prestariam muita atenção a este ponto, superior aos 40% dos países onde a renda é maior.
Os resultados indicam que o público reconhece as oportunidades geradas pela Inteligência Artificial, mas espera cautela e transparência para compreender como e por que as organizações estão utilizando a inteligência artificial para alcançar sua missão. Reconhecem também que deve haver investimento para que a IA possa ser adotada por todo tipo de organização, evitando criar desigualdades no setor.
Os dados completos estão disponíveis no site da CAF.
Percepções de lideranças de ONGs brasileiras sobre os resultados da pesquisa
Daniel Assunção, fundador e diretor executivo do Atados
Rodrigo Pipponzi, Presidente do Conselho Grupo MOL
Rodrigo ”Kiko” Afonso, Diretor Executivo da Ação da Cidadania
SOBRE A CAF
A CAF – Charities Aid Foundation é um grupo de três organizações sociais sediadas no e Reino Unido, Canadá e Estados Unidos, especializadas em doações internacionais seguras e eficazes. Juntos, trabalhamos com empresas e filantropos para apoiá-los e garantir que o dinheiro alcance as causas centrais de suas estratégias de investimento social privado. No Reino Unido, a CAF também opera o CAF Bank, oferecendo serviços bancários dedicados ao apoio a mais de 14.000 organizações sociais sediadas no Reino Unido. Por meio da rede CAF International, está presente em todos os continentes, sendo o IDIS o representante na América Latina.
SOBRE O IDIS
Fundado em 1999, o IDIS – Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social é uma organização social independente e pioneira no apoio estratégico ao investidor social no Brasil. Tem como missão inspirar, apoiar e ampliar o investimento social privado e seu impacto, promovendo ações que transformam realidades e contribuem para a redução das desigualdades sociais no país. Sua atuação baseia-se no tripé geração de conhecimento, consultoria e realização de projetos de impacto, que contribuem para o fortalecimento do ecossistema da filantropia e da cultura de doação.
Fonte: IDIS
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