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Por Pollyana Andrade (*)
O Brasil é um dos países mais empreendedores do mundo. É o que revela o relatório Monitor Global de Empreendedorismo (Global Entrepreneurship Monitor – GEM) de 2023. A pesquisa, que já ocorre há mais de 20 anos, é a maior do mundo, perpassando mais de 100 países. O Brasil figura na segunda posição em estimativa absoluta, a qual contabiliza o número de empreendedores estabelecidos somados aos potenciais. Essa posição é validada pelos aumentos das taxas correlatas, como a taxa de empreendedorismo nascente, que aumentou de 7,5% para 7,7% em 2023.
O que está por traz dessa projeção do empreendedorismono Brasil? Quem são as pessoas, as histórias, as motivações? O qualitativo por traz dos números é um campo aberto para investigações e análises, especialmente se navegarmos por mares ainda pouco explorados, como a capacidade empreendedora do terceiro setor.
Ao mesmo tempo, temos compreendido melhor o papel do terceiro setor para a economia por meio de alguns estudos contemporâneos, como o realizado pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe). Intitulado “A importância do terceiro setor para o PIB no Brasil”, o estudo traz dados importantes sobre esse setor econômico, como a incidência de suas atividades em 4,27% no valor adicionado (PIB) brasileiro. Esse percentual se aproxima da contribuição apresentada pela agricultura e está acima do setor de fabricação de automóveis, caminhões e ônibus.
A pesquisa mostra, também, a magnitude da cadeia de valor associada ao terceiro setor, que contribui com 5,88% dos postos de trabalho no país e com 3,93% do Valor de Produção. Em dados absolutos, são mais de 6 milhões de postos de trabalho e mais de 400 bilhões de Valor de Produção.
É interessante ver as possibilidades de entrelaçamento entre as duas pesquisas. Afinal, o terceiro setor, com sua expressiva participação no cenário econômico, tem acompanhado o contexto evolutivo do empreendedorismo no Brasil? Esse campo merece análise, especialmente porque temos vistos exemplos bem-sucedidos de organizações que empreendem em busca da sua sustentabilidade financeira.
Foi o que aconteceu com o Instituto Vida Positiva, organização que atende pessoas que foram detectadas com o vírus da Aids, além de oferecer apoio aos familiares. A fundadora e presidente, Vicky Tavares, teve a ideia de criar uma fábrica de farofa para apoiar a sustentabilidade financeira da Instituição. Foi assim que nasceu o negócio Vovó Goumert, que fica na 110 Norte, Bloco B, de Brasília. Atualmente, o empreendimento, que oferece mais de 30 sabores de farofa, cobre até 60% do custo médio mensal da instituição.
Para conseguir criar a fábrica da farofa, Vicky contou com doações, inclusive do apresentador Luciano Huck. Esse processo inicial mostra a importância da filantropia até mesmo para induzir o empreendedorismo no terceiro setor. Paulo Martins, diretor de negócios da BioTIC S.A, também faz parte do sucesso dessa organização. Ele realiza apoios recorrentes para esse projeto social, que considera sério e cheio de amor. “Eu fui fazer uma visita. Eu fui na casa. E o que me fez pensar – Esse projeto aqui realmente transforma, foi o olhar das crianças para ela(Vicky), o olhar de amor”.
O que Paulo traz extrapola os aspectos econômicos do terceiro setor, adentrando no que o próprio relatório da Fipe descreve como “valor intangível perante à sociedade”. Apesar da intangibilidade, os retornos são percebíveis. São, inclusive, mensuráveis quando aferimos os níveis de transformação social e de impacto social.
Durante os processos de avaliações de impacto, sabemos que o engajamento das lideranças que estão à frente dessas organizações é determinante para o alcance de bons resultados. Vicky é uma dessas lideranças enérgicas e engajadas, o que fica claro em seu relato sobre o instituto. “Lá não é apenas uma instituição. Lá é a extensão da minha casa, porque eu os trato como eu trato meus filhos, com o mesmo amor, com o mesmo respeito”
Observar essa experiência nos mostra as conexões profundas entre liderança, engajamento e empreendedorismo. O que já é evidenciado em estudos sobre a capacidade empreendedora em outras áreas, é visto no terceiro setor. São elementos que enriquecem análises futuras mais profundas sobre o potencial gigantesco desse setor de não apenas contribuir para o PIB, mas de movimentar o cenário do empreendedorismo de forma veemente.
Para acessar a pesquisa “A importância do Terceiro Setor para o PIB no Brasil”, realizado pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe): A Importância do Terceiro Setor para o PIB no Brasil e em suas Regiões (sitawi.net).
Para acessar apresentação em português sobre o relatório Monitor Global de Empreendedorismo (Global Entrepreneurship Monitor – GEM) de 2023: Apresentação do PowerPoint (agenciasebrae.com.br).
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(*) Pollyana Andrade é escritora e consultora em gestão estratégica, impacto social e mobilização de recursos, atuando principalmente com investimento social privado. Trabalhou em diferentes organizações, incluindo ONU, Governo Federal e Sistema S. É autora de livros e métodos neste campo de atuação.
Instagram: @pollydeandradeinside
Site: www.iandenegocios.com
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