
Neste momento em que a chuva retorna em muitas cidades do País, ressurge o alerta sobre o risco de aumento de casos de dengue, zika e chikungunya. Embora grande parte da população saiba que é preciso “evitar água parada”, investir apenas em estratégias de comunicação focadas nessa mensagem não é suficiente para provocar mudanças significativas no combate às arboviroses. É o que revela estudo do UNICEF, lançado na última quinta-feira (24), com apoio da biofarmacêutica Takeda.
“O senso comum diz que quando alguém tem uma informação sobre o que é bom para si próprio e sua família, adota um comportamento ou hábito. Mas há uma diferença entre o que as pessoas falam que fazem e os hábitos que efetivamente incorporam em suas rotinas diárias. Fazer ou não fazer algo depende de uma enorme confluência de fatores, comportamentos, normas sociais, infraestrutura e acesso a políticas públicas. São esses aspectos que revelamos nesse estudo”, explica Luciana Phebo, chefe de saúde do UNICEF no Brasil.
Após uma ampla revisão de literatura, seguida por pesquisa de campo e entrevistas, o estudo explica quais os aspectos que motivam ou dificultam a adoção de práticas de prevenção do Aedes Aegypti. A pesquisa organiza esses aspectos em três níveis, de acordo com uma metodologia do UNICEF para atuar com mudanças sociais e comportamentais: psicológico, sociológico e estrutural.
Entre os fatores psicológicos relacionados à prevenção do mosquito, o estudo aponta:
Entre os fatores sociológicos, foram identificados:
E foram levantados, também, fatores estruturais:
Cada um desses fatores, combinados, impacta nas atitudes da população para prevenir – ou não – as arboviroses. Para enfrentá-los, a pesquisa traz recomendações. Uma delas é associar o controle vetorial a comportamentos vistos como “desejáveis” pela população. Algumas práticas úteis para o controle do mosquito, como manter a casa limpa ou não jogar lixo na rua, já são realizadas com outras motivações, ligadas à organização, limpeza e estética.
Outra recomendação é aumentar a percepção de risco, especialmente em relação às crianças. O estudo observou que há uma percepção elevada do risco de infecção pelos pais quando relacionada às crianças, por medo de que seus filhos estejam infectados. Essa percepção poderia ser usada de forma mais eficaz em campanhas de comunicação sobre riscos e no envolvimento da comunidade em ações preventivas.
O estudo recomenda, também, reduzir custos e esforços associados à adoção de comportamentos de prevenção e aumentar os investimentos em infraestrutura. Investir em políticas públicas que diminuam o custo e os esforços de práticas de prevenção podem ter um efeito significativo em reduzir arboviroses.
Além disso, investir em melhorias na infraestrutura e na limpeza urbana pode fortalecer a adesão da população às medidas de prevenção.
Por fim é importante avaliar estrategicamente como engajar a comunidade e realizar ações comunitárias. Há espaço para adotar mais políticas de engajamento comunitário, além de estimular e mediar discussões sobre o tema em comunidades.
“Estamos orgulhosos de lançar este estudo, fruto de uma parceria inédita com o UNICEF Brasil, que visa enfrentar as arboviroses na Amazônia Legal e no Semiárido brasileiro. A Takeda, por meio do apoio à estratégia WASH do UNICEF Brasil, reforça seu compromisso com a saúde pública e a responsabilidade social. A pesquisa revela os desafios na adoção de medidas preventivas contra essas doenças e aponta um caminho para superá-los. A adesão às medidas integradas na prevenção à dengue, como o controle do vetor, capacitação dos profissionais de saúde, diagnóstico e manejo clínico adequados, além de ações preventivas eficazes, é urgente e acreditamos que essa iniciativa será fundamental para impulsionar estratégias focadas no combate às arboviroses”, afirma Eduardo Almeida, Diretor Executivo de Acesso Estratégico e Public Affairs da Takeda Brasil.
“Sabemos da importância de garantir, para cada menino e menina, o direito de viver em um ambiente livre de doenças que possam afetar não somente sua saúde física, como também impactar na frequência escolar e na rotina de uma criança, como brincar, se alimentar de maneira adequada, entre outras atividades. Esperamos que os achados desse estudo possam contribuir com as políticas públicas e ações de comunicação nacionais e em cada município, com foco em mudanças de comportamento necessárias ao combate ao Aedes”, defende Luciana Phebo.
Sobre a pesquisa
A pesquisa “Combate à dengue, zika e chikungunya – Estudo comportamental sobre a adesão a práticas de prevenção” utilizou como quadro teórico o modelo de Determinantes Comportamentais (Behavioural Drivers Model, na sigla em inglês), desenvolvido pelo UNICEF para atuar em Mudança Social e de Comportamento (SBC, também na sigla em inglês). Esse modelo considera que o comportamento é multideterminado por aspectos psicológicos, sociológicos e ambientais (incluindo as políticas públicas). O principal ganho dessa abordagem é ir além de explicações que atribuem a responsabilidade pela adoção de comportamentos preventivos a uma decisão do indivíduo, como por falta de conhecimento ou interesse, chamando a atenção para os aspectos psicológicos, sociais e ambientais, tais como atitudes em relação às práticas de prevenção, normas sociais, infraestrutura e acesso a políticas públicas.
Este estudo retoma a literatura existente sobre comportamentos preventivos contra arboviroses no Brasil, e a enriquece com uma etapa qualitativa realizada com 24 grupos etnográficos (entrevistas conduzidas na casa das pessoas, com participantes de seu próprio círculo social) em dois municípios de médio porte, selecionados através de dados epidemiológicos. A coleta qualitativa de percepções com populações foi realizada nos municípios de Montes Claros (MG) e Sinop (MT), além de entrevistas com gestores públicos de outras oito cidades das regiões da Amazônia e do Semiárido. Os locais foram selecionados por apresentarem alta incidência de casos de dengue, integrarem a lista de municípios prioritários do Ministérios da Saúde para ações de combate às arboviroses e estarem localizados na área de atuação da iniciativa Selo UNICEF.
Este estudo foi realizado pelo UNICEF, com apoio da biofarmacêutica Takeda. O apoio para a publicação não implica qualquer interferência de Takeda no conteúdo, que reflete unicamente as opiniões do UNICEF.
Para cada criança, uma vida livre de arboviroses
Para contribuir para a prevenção e o combate a enfermidades como dengue, zika, chikungunya, febre amarela e outras arboviroses, o UNICEF, por meio da parceria estratégica com a biofarmacêutica Takeda, vem, desde 2022, mobilizando gestores e profissionais das áreas de saúde e educação, comunidade escolar e adolescentes dos municípios participantes do Selo UNICEF na Amazônia Legal e no Semiárido brasileiro. As ações estão focadas em facilitar o acesso a água limpa nas escolas, incentivar o saneamento e a adesão a medidas de higiene, bem com apoiar na elaboração e implementação de Planos Municipais de Saneamento como ferramenta de promoção da saúde.
Além disso, são compartilhados conteúdos educativos sobre os impactos das mudanças climáticas e a importância da preservação do meio ambiente, como forma de prevenir as arboviroses em áreas endêmicas do País.
Fonte: UNICEF
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