Onçafari luta pela conservação da biodiversidade brasileira

Nota Social
29 de novembro de 2024
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Com uma abordagem que alia ciência, educação e ecoturismo, o Onçafari se consolidou como uma das principais organizações voltadas à conservação da biodiversidade brasileira. Este ano, a instituição foi reconhecida como uma das 100 melhores organizações sociais do país no Prêmio Melhores ONGs 2024.

Fundado em 2011, o Onçafari atua em quatro biomas, Pantanal, Cerrado, Amazônia e Mata Atlântica, com foco na proteção de onças-pintadas, onças-pardas, lobos-guarás, antas e jaguatiricas. Além de preservar esses animais e seus habitats, a organização investe em projetos de reintrodução de espécies, criação de corredores ecológicos e iniciativas sociais que beneficiam as comunidades locais. De acordo com Stephanie Simioni, coordenadora de Conservação e Operações do Onçafari, a instituição já exerce influência em cerca de 1 milhão de hectares.

Com ações que vão desde o combate a incêndios florestais até o monitoramento de onças, o Onçafari se firmou como referência em conservação ambiental no Brasil. Nesta entrevista, Stephanie compartilha os desafios e conquistas da organização, abordando o impacto do turismo sustentável, a importância da conscientização e outros aspectos para a preservação da biodiversidade.

Nota Social: Quais são as principais frentes de atuação do Onçafari?

Stephanie Simioni: Hoje o Onçafari tem oito frentes de atuação. A primeira delas é o ecoturismo, que é a essência do nosso trabalho. Ele sensibiliza os visitantes para a importância da conservação e é uma das nossas fontes de renda, ajudando a financiar outras atividades. Além disso, temos a ciência, que embasa nossas decisões. Os passeios turísticos, por exemplo, também funcionam como saídas de campo para coleta de dados e monitoramento. Outra frente é a educação, com publicações, livros e documentários, como o Planet Earth 3, da BBC, e o Diário de uma Onça, disponível na Globoplay. Também atuamos na área social, apoiando comunidades locais, como uma aldeia indígena no Mato Grosso, promovendo qualidade de vida aliada à conservação. A reintrodução de animais é outra frente essencial, com a reabilitação de espécies para devolvê-las à natureza. Temos ainda a frente de florestas, que trabalha na criação de corredores ecológicos para conectar áreas preservadas, e a de advocacy, que engaja em políticas públicas ambientais. Por fim, a atuação anti-incêndio, que combate os grandes incêndios que ameaçam o Pantanal e outras regiões.

NS: Quais espécies a organização busca proteger?

SS: Além das onças-pintadas e onças-pardas, trabalhamos com lobos-guarás no Cerrado, antas no Pantanal, jaguatiricas na Mata Atlântica e monitoramos araras-azuis no Pantanal Norte. Embora essas sejam nossas espécies símbolo, buscamos uma conservação mais abrangente para toda a biodiversidade. No fim, o objetivo sempre é a conservação de todas as espécies, portanto, não apenas dessas espécies.

NS: Como é feito o monitoramento das onças?

SS: Utilizamos armadilhas fotográficas, que registram a movimentação dos animais 24 horas por dia. Também buscamos rastros, como pegadas e fezes, e utilizamos rádio-colares que enviam dados de GPS, permitindo acompanhar os hábitos das onças em detalhes. Além disso, realizamos saídas de campo frequentes, tanto de dia quanto à noite, para monitoramento direto.

NS: Sobre o Onçafari Education: quais os benefícios a longo prazo de conscientizar a população sobre a importância da preservação da biodiversidade?

SS: A conscientização aproxima as pessoas da natureza. Muitos vivem em áreas urbanas e acabam desconectados da importância da biodiversidade para a própria sobrevivência. O Onçafari Education busca sensibilizar o público com passeios, trilhas, documentários e materiais educativos, mostrando como a conservação está ligada ao nosso dia a dia. A ideia é engajar mais pessoas a apoiar, divulgar e exigir políticas públicas voltadas à proteção ambiental.

NS: Como o Onçafari combina preservação ambiental com ecoturismo?

SS: O ecoturismo é uma ferramenta poderosa de conservação. Ele transforma visitantes ao proporcionar experiências como avistar uma onça em seu habitat natural. Além disso, os passeios geram dados científicos valiosos, que nos ajudam a entender melhor as espécies e planejar estratégias de proteção. Essa integração entre turismo e ciência é fundamental para o nosso trabalho.

NS: Quais projetos de maior impacto o Onçafari já realizou?

SS: Um dos maiores foi a implementação do turismo de observação de onças no Pantanal, adaptado do modelo sul africano. Esse projeto mostrou que é possível habituar onças-pintadas à presença de carros, atraindo turistas de todo o mundo, gerando renda e sensibilizando as comunidades locais sobre o valor econômico da conservação. Outro marco foi a reintrodução de onças-pintadas na natureza. Fomos os primeiros a ter sucesso nesse processo, que hoje replicamos em outros biomas. Também destacamos a criação de corredores ecológicos, que já conectam cerca de 1 milhão de hectares de áreas protegidas.

NS: Quais os maiores desafios enfrentados atualmente?

SS: O principal é o fogo, que tem se intensificado devido às mudanças climáticas.O Pantanal costumava ser a maior planície alagada do mundo e de cinco anos pra cá, esse padrão tem mudado bastante, então o Pantanal está cada vez mais seco, quase não tendo mais o ciclo de cheia. Essa ausência impacta em toda a biodiversidade, gera falta de recursos para a fauna e para a flora local, e aumenta a vulnerabilidade a incêndios de grandes proporções. Isso impacta a biodiversidade, as nossas estruturas e o ecoturismo.

NS: Há novos projetos ou biomas que vocês pretendem explorar?

SS: Estamos fortalecendo a criação de corredores ecológicos, principalmente no Pantanal e na Amazônia. Também buscamos expandir os corredores, com maior foco no Pantanal, junto a organizações internacionais com foco em formar um grande corredor sul-americano que conecte áreas no Brasil, Bolívia, Paraguai e Argentina.

NS: Como o público pode apoiar as iniciativas do Onçafari?

SS: Existem várias formas. As pessoas podem seguir nossas redes sociais, compartilhar conteúdos, fazer doações mensais pelo programa Amigo da Onça ou apoiar campanhas específicas, como a de recuperação do Pantanal após incêndios. Também é possível visitar nossas bases no Pantanal, Cerrado e Mata Atlântica, adquirir produtos em nossa loja virtual ou participar da adoção simbólica de animais. Empresas também podem contribuir com doações de equipamentos ou parcerias.

Para acompanhar os projetos do Onçafari, acesse o site oficial da organização: https://oncafari.org/.

(Rafaela Eid, do Nota Social)

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