Jovens negros são mais afetados pela informalidade e têm piores remunerações, aponta estudo

ONG News
21 de maio de 2025
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O Brasil segue reproduzindo desigualdades históricas que afetam as condições de acesso ao trabalho de jovens e que são atravessadas pelos recortes de raça e gênero. Dados inéditos, com base no PNAD Contínua/IBGE apontam que, no terceiro trimestre de 2024, a taxa de desemprego entre jovens mulheres negras de 14 a 29 anos chegou a 16% no país — 3,6 vezes superior à registrada entre jovens homens brancos na mesma faixa etária (4,4%). Além disso, as jovens mulheres negras recebem, em média, apenas 62,4% do rendimento mensal obtido pelos jovens homens brancos.

Os dados fazem parte do relatório atualizado do projeto MUDE com Elas, que será lançado oficialmente nesta terça-feira, 21 de maio, das 16h às 18h, em um webinário aberto ao público pelo canal do YouTube “Mude com Elas”. O evento marca a apresentação de dois estudos fundamentais para o enfrentamento das desigualdades que atingem as juventudes negras no Brasil: um levantamento sobre a situação dessas jovens no mercado de trabalho entre 2021 e 2024, e outro sobre suas condições habitacionais em São Paulo, com dados de 2022 e 2023.

Realizada pelo CEERT (Centro de Estudos das Relações de Trabalho e Desigualdades) e pela Ação Educativa, com apoio da organização internacional Terre des Hommes e do Ministério para Cooperação e Desenvolvimento da Alemanha (BMZ), a iniciativa integra a agenda do programa Cone Sul, que defende que não há justiça de gênero sem justiça racial.

“Os dados revelam que as jovens negras, além de enfrentarem o desemprego em taxas altíssimas, seguem sendo empurradas para postos de trabalho mais precários, informais e mal remunerados. É um reflexo direto do racismo estrutural e da desigualdade de gênero que ainda organizam nosso mercado de trabalho”, comenta Fernanda Nascimento, coordenadora do projeto MUDE com Elas.

Mercado de trabalho: informalidade, rendimento e desigualdade persistente

O estudo evidencia que as desigualdades se manifestam em diversos aspectos. A taxa de informalidade entre jovens mulheres negras ocupadas atinge 40,8%, número 8,4 pontos percentuais acima do verificado entre jovens mulheres brancas. No caso dos jovens homens negros, esse percentual sobe para preocupantes 45,3%. 

O relatório também revelou uma diferença salarial expressiva: as jovens mulheres negras recebem apenas 46,3% do rendimento médio de jovens homens brancos no Brasil. Na Região Metropolitana de São Paulo, a disparidade é ainda maior, chegando a 62,2% de diferença. 

Além disso, 23,2% das jovens mulheres negras na força de trabalho se encontram subutilizadas — taxa mais que o dobro da registrada entre jovens homens brancos (9,6%). Essa subutilização inclui o desemprego, o trabalho por menos horas do que o desejado e a condição de desalentadas.

“Apesar de pequenas melhorias gerais no mercado de trabalho, as desigualdades estruturais permanecem quase inalteradas para as jovens negras. Isso indica que as políticas públicas precisam ser mais intencionais e específicas para esse grupo”, reforça Fernanda.

Condições habitacionais: saneamento e infraestrutura desigual

O segundo estudo, focado nas condições habitacionais das jovens negras em São Paulo, expôs um cenário igualmente alarmante. Em áreas com maior concentração de jovens mulheres negras, 19,3% dos domicílios não possuem esgoto ligado à rede geral, índice muito superior aos 0,4% observados em áreas predominantemente habitadas por jovens mulheres brancas.

A discrepância também aparece no tipo de moradia. Apenas 6% dos domicílios em regiões com maior presença de jovens negras são apartamentos, enquanto em áreas de predomínio branco esse número chega a 68,2%. “É impossível pensar políticas de equidade para as juventudes negras sem considerar as desigualdades territoriais que afetam seu cotidiano, seu acesso à infraestrutura urbana e sua dignidade habitacional”, conclui a coordenadora do projeto MUDE com Elas.

SOBRE A AÇÃO EDUCATIVA

Fundada em 1994, a Ação Educativa é uma associação civil sem fins lucrativos que atua nos campos da educação, da cultura, da juventude, da tecnologia e do meio ambiente na perspectiva dos direitos humanos.  

Para tanto, realiza atividades de formação e apoio a grupos de educadoras/es, jovens e agentes culturais. Integra campanhas e outras ações coletivas que visam à garantia desses direitos. Desenvolve pesquisas e metodologias participativas com foco na construção de políticas públicas sintonizadas com as necessidades e interesses da população. 

É sua missão a defesa de direitos educativos, culturais e das juventudes, tendo em vista a promoção da democracia, da justiça social e da sustentabilidade socioambiental no Brasil.

Conheça mais em: https://acaoeducativa.org.br/.

(Assessoria de Imprensa)

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