MMA divulga resultado da seleção de painéis para os Pavilhões Brasil na COP30


*Por Bruna Lopes
Toda roda de capoeira começa com o toque do berimbau e a ginga do corpo. Mas quando o grupo quer expandir seus movimentos e ir além da roda, buscando promover maior impacto social, uma pergunta surge no meio do jogo: será que vale mesmo a pena virar uma associação, uma Organização da Sociedade Civil (OSC)? Com CNPJ e tudo?
A resposta não é tão direta como um martelo bem aplicado – envolve a ponderação de escolhas, responsabilidades, e, claro, visão de futuro. Essa é uma decisão estratégica que pode mudar os rumos do grupo, oferecendo oportunidades, mas também trazendo novas exigências.
Nos últimos anos, a capoeira tem se fortalecido significativamente, impulsionada pelo reconhecimento como patrimônio cultural imaterial do Brasil e da humanidade¹²³. Além disso, avanços legais – como a Lei nº 13.019/2014⁴ e a Lei nº 14.903/2024 – e o novo Marco Regulatório do Fomento à Cultura (Lei nº 14.903/2024)⁵ – têm contribuído para a inserção, cada vez maior, da capoeira nas agendas de programas governamentais e não-governamentais.
Nesse sentido, a formalização como OSC abre mais possibilidades para acesso a editais e financiamentos públicos, que podem garantir a continuidade e o crescimento das atividades do grupo ou coletivo. Da mesma forma, ter um CNPJ confere mais credibilidade na busca pelo apoio de empresas privadas. Outro ponto positivo é a segurança jurídica: com a documentação em dia, além de gestão administrativa e contábil, o grupo passa a ter mais proteção e clareza nas relações com parceiros e com a própria comunidade.
Alguns exemplos mostram que a formalização pode trazer bons resultados. O Instituto Brasileiro de Capoeira Educação (IBCE), fundado em 2016, desenvolve ações de educação, inclusão e cultura voltadas a populações vulneráveis⁶. Em 2023, conquistou reconhecimento em editais e prêmios, atuando como referência entre as OSCs culturais no Brasil⁷. Da mesma forma, entidades como o Grupo Nzinga de Capoeira Angola e a ABADÁ Capoeira alcançaram projeção internacional após se organizarem formalmente⁸⁹, demonstrando como a estrutura administrativa pode potencializar a missão cultural e social da capoeira. Em São Paulo, grupos que se organizaram formalmente passaram a participar de festivais maiores e a integrar redes de Pontos de Cultura, fortalecendo o movimento local¹⁰¹¹.
É importante reconhecer, contudo, os desafios que acompanham esse processo. A formalização exige uma série de etapas: elaboração de estatuto, registro em cartório, abertura de CNPJ, organização de diretoria e manutenção contábil.
Mas não para por aí! Há exigências legais contínuas após a constituição, como prestação de contas, relatórios financeiros e realização de assembleias. Para grupos pequenos ou comunitários, isso pode representar um peso significativo, desviando o foco da prática cultural para questões burocráticas.
Não se pode esquecer, ainda, que o processo de formalização envolve custos como taxas cartorárias para registro do estatuto, assessoramento- inicial- jurídico e contábil, e que, após a constituição da entidade, devem ser consideradas, ao menos, as despesas com tributos e com o serviço permanente de contabilidade.
Para aqueles que ainda não se sentem prontos para dar esse passo da formalização, existe a possibilidade de participar de cadastros municipais de cultura. Muitos municípios criaram sistemas para reconhecer oficialmente grupos e coletivos culturais, mesmo sem CNPJ, a partir da apresentação de documentos mais básicos. Essa alternativa possibilita o acesso a alguns editais e benefícios locais, além de dar visibilidade ao trabalho do grupo.
Dessa forma, é possível iniciar uma caminhada institucional de maneira gradual: primeiro por meio do cadastro cultural local, depois, se houver estrutura e vontade coletiva, pela formalização como OSC. A escolha depende dos objetivos do grupo e de sua capacidade de cumprir obrigações administrativas.
O importante é que cada grupo escolha o caminho que melhor preserve seu compromisso com a capoeira, com sua comunidade e com os valores que o sustentam – respeitando suas raízes e, ao mesmo tempo, abrindo espaço para crescer. Seja como associação formalizada ou como coletivo independente, o essencial é manter viva a tradição, o axé e a ginga que fazem da capoeira um instrumento de transformação pessoal e social.
Dúvidas sobre a formalização de sua iniciativa, projeto, grupo ou coletivo? Escreve pra gente: www.osclegal.org
*Bruna Lopes é advogada, especialista em Direito Processual Civil e Direito Tributário, com atuação destacada em Direito do Terceiro Setor, negócios públicos-privados e Licitações e Contratos. Tem experiência como gestora e técnica em políticas públicas sociais. É membra das Comissões de Direito do Terceiro Setor da OAB/SP e da OAB/BA.
MMA divulga resultado da seleção de painéis para os Pavilhões Brasil na COP30
Navio do Greenpeace chega ao Brasil para mobilizar ações climáticas
Artistas indígenas têm exposição de fotos no Museu da UFPA
Letalidade da Operação Contenção desrespeita comunidades, dizem ONGs

11 3251-4482
redacao@ongnews.com.br
Rua Manoel da Nóbrega, 354 – cj.32
Bela Vista | São Paulo–SP | CEP 04001-001