*Por Nathalia Vezenhassi
Resultados consistentes, inovação com propósito e impacto real são metas legítimas de qualquer organização social. Mas, antes de tudo isso, há um fator silencioso e decisivo que garante que esses objetivos sejam alcançados e sustentados ao longo do tempo: a cultura organizacional. Ela está presente nas relações cotidianas, nas decisões estratégicas e no modo como cada pessoa se conecta com a missão da organização. É a força invisível que orienta o fazer coletivo.
Durante a reunião de avaliação e planejamento do segundo semestre de 2025, a equipe da Aventura de Construir participou de uma dinâmica que provocou uma reflexão profunda: o que é essencial para que a Aventura de Construir como organização do terceiro setor funcione de forma eficiente, ética, alinhada ao seu propósito e que seja interiorizado como patrimônio institucional? A partir desse exercício de escuta e troca, foram identificados pilares que formam a base da cultura organizacional da AdC. Todos eles têm um fundamento comum: responsabilidade. A responsabilidade de cada um com o todo, com a causa e com as pessoas envolvidas. Confira abaixo os 9 princípios fundamentais para a cultura organizacional no terceiro setor:
- Visão estratégica e sistêmica: compreender como cada ação impacta o conjunto é uma habilidade indispensável em ambientes complexos. Ter uma visão estratégica e sistêmica significa antecipar necessidades, identificar oportunidades e manter o foco em objetivos de longo prazo, sem perder de vista as demandas operacionais do dia a dia. Esse olhar integral conecta o planejamento à prática e o ideal ao possível.
- Olhar humano para a realidade: a escuta sensível é uma ferramenta de gestão. Ter um olhar humano para a realidade é reconhecer os contextos de vida das pessoas com quem se trabalha, ouvir de forma produtiva e ter consciência do limite próprio dos outros. É esse cuidado que sustenta a confiança e dá legitimidade ao método adotado pela AdC.
- Presença, profundidade e criatividade: estar presente, de fato, é mais do que marcar presença física. É envolver-se com profundidade nas discussões, valorizar ideias no momento certo e permitir que a criatividade floresça mesmo em meio a rotinas exigentes. É prestar atenção ao timing das ideias. Entusiasmo e comprometimento caminham juntos quando há espaço para inovação com sentido.
- Firmeza e transparência: agir com transparência implica comunicar com clareza, mas também manter coerência entre discurso e prática. Para isso, é preciso firmeza na tomada de decisões, na gestão de conflitos e na condução de processos. Ser transparente não é abrir tudo, mas saber o que, como e porque comunicar.
- Cuidado com a história e com as pessoas: a cultura organizacional é viva e se alimenta da história que a precede. Lembrar de onde se veio, reconhecer quem construiu esse caminho e acompanhar com atenção os processos humanos são formas de manter a identidade da organização viva. O cuidado com as pessoas não é acessório, é central para que a cultura se mantenha coesa.
- Foco nos resultados e atenção aos prazos: resultados importam. No terceiro setor, eles precisam ser acompanhados de rigor metodológico e compromisso com a entrega. Cumprir prazos e metas não é burocracia: é respeito a quem acredita e investe na causa.
- Gestão de crises e resiliência: dificuldades fazem parte do percurso. O que diferencia uma organização sólida é a capacidade de responder a essas crises com inteligência e persistência. Enfrentar os desafios com responsabilidade e senso de pertencimento é o que mantém a missão ativa mesmo em tempos adversos.
- Ousadia com propósito: ousar é sair do comum, propor o que ainda não foi pensado e ter coragem de assumir riscos. É necessário ter coragem para abrir portas, articular parcerias e defender ideias que podem parecer ousadas demais à primeira vista. Mas ousadia não é agir sem direção, é ter clareza de propósito para saber quando insistir, quando provocar mudanças e quando desafiar o que já está estabelecido. É essa atitude que move organizações para além do óbvio.
- Adaptabilidade e espírito de construção: organizações que resistem ao tempo são aquelas que se adaptam. Estimular a equipe a ver a mudança como oportunidade, encorajar novas propostas e permitir que as pessoas construam algo maior do que si mesmas é o que leva um projeto a transbordar.
Com uma cultura organizacional viva, construída coletivamente, alinhada ao propósito, que valoriza o senso de responsabilidade e liderança, a Aventura de Construir segue fazendo exatamente o que seu nome propõe: construindo. E mais do que isso: transformando protagonistas!
*Nathalia Vezenhassi é Assistente de Comunicação na Aventura de Construir