
O volume de doações individuais no Brasil atingiu R$ 24,3 bilhões em 2024, segundo a nova edição da Pesquisa Doação Brasil, realizada pelo Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social (IDIS). O levantamento aponta não só um crescimento expressivo nos valores doados, acima dos R$ 14,8 bilhões registrados em 2022, corrigidos para valores atuais, como também uma mudança no comportamento do doador brasileiro, sendo mais estratégico, exigente e sensível a situações emergenciais.
O estudo revela que 78% dos brasileiros maiores de 18 anos e com renda familiar acima de um salário mínimo realizaram algum tipo de doação no último ano, seja de dinheiro, bens ou tempo por meio do voluntariado. A mediana das doações em dinheiro passou de R$ 300 para R$ 480 por ano. As doações passaram a ser menos frequentes, porém mais planejadas, com 86% dos doadores afirmando escolher com cuidado as causas apoiadas e 83% buscando informações antes de doar.
A Pesquisa Doação Brasil, conduzida pela Ipsos a pedido do IDIS, é considerada o principal mapeamento do comportamento do doador individual no país. A edição 2024 ouviu 1.500 pessoas de forma online, com representatividade nacional e margem de erro de 2,5 pontos percentuais.
Um dos destaques da nova edição é o capítulo especial sobre doações emergenciais, impulsionado por eventos climáticos extremos como as enchentes no Rio Grande do Sul, a seca na Amazônia e os incêndios no Pantanal. Metade da população brasileira declarou ter doado para alguma emergência em 2024, e 60% dessas doações foram feitas para locais fora do estado de residência, sinalizando forte senso de solidariedade nacional. Além disso, dois terços dos doadores emergenciais afirmam intenção de continuar apoiando ONGs de forma contínua.
Apesar do aumento no volume total de recursos doados, a desconfiança ainda é um entrave: apenas 30% dos entrevistados acreditam que a maioria das ONGs é confiável, e 49% já deixaram de doar após notícias negativas sobre organizações. A fidelização também caiu, uma vez que apenas 49% mantêm o hábito de doar às mesmas instituições anualmente número que era de 69% em 2015.
A edição 2024 aponta um equilíbrio entre homens e mulheres no ato de doar, e maior concentração entre pessoas de 30 a 49 anos, com ensino superior e renda familiar mais elevada. Houve aumento significativo da doação institucional nas faixas entre 4 e 6 salários mínimos, 6 a 8 salários e acima de 8 salários mínimos. A doação de bens, no entanto, caiu de 75% em 2022 para 67% em 2024, o que contribuiu para a leve retração na prática geral de doação.
Outro fator de mudança é a digitalização das formas de doar: o PIX se consolidou como o meio preferido, adotado por 66% dos doadores institucionais, facilitando o processo e contribuindo para o aumento das transferências diretas de dinheiro.
Lançada em 2016 com dados referentes a 2015, a Pesquisa Doação Brasil se consolidou como a principal fonte de dados sobre o comportamento de doação individual no país. A cada dois anos, ela oferece informações estratégicas para o fortalecimento da cultura de doação no Brasil e subsidia políticas públicas e ações do terceiro setor.
(Redação ONG News)
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