
Obesidade, diabetes e hipertensão custam ao SUS quase R$ 1 bilhão por ano apenas em tratamentos ligados ao consumo de ultraprocessados. O dado, citado por Marília Sobral Albiero, da ACT Promoção da Saúde, revela o peso da má alimentação como problema de saúde pública no Brasil.
“É importante conhecer o conceito de desertos, lugares com pouca ou nenhuma oferta de alimentos frescos; e pântanos alimentares, lugares onde há a presença maciça de ultraprocessados”, explica Marília. Um estudo publicado na revista The BMJ, mostra que esses produtos estão associados a mais de 30 doenças, como câncer, diabetes e transtornos mentais, além de aumentarem em 60% o risco de morte por causas cardiovasculares.
Apesar dos desafios, recentemente o Brasil mostrou reação positiva ao sair da lista do Mapa da Fome este ano, conquista alcançada pela segunda vez — a primeira foi em 2014. Marília Sobral enumera diversas frentes que pavimentam esses caminhos rumo a um Brasil onde o acesso à alimentação saudável seja uma realidade constante a toda população: Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE); Programa de Aquisição de Alimentos (PAA); Cozinhas Solidárias e Restaurantes Populares; e Banco de Alimentos.
Nesse contexto, o Investimento Social Privado (ISP) surge como aliado estratégico para ampliar e fortalecer políticas públicas. Segundo Cristiane Nascimento, diretora da Fundação Norberto Odebrecht, o ISP pode, com recursos, expertise e capacidade de articulação, apoiar soluções de longo prazo em territórios vulneráveis.
“O ISP entra na promoção de um sistema alimentar saudável principalmente ao valorizar a agricultura familiar. Esse é um trabalho que já desenvolvemos em diferentes territórios, como no Baixo Sul da Bahia, em projetos no Rio de Janeiro e, mais recentemente, em iniciativas que estamos levando também para Angola”, detalha Cristiane. A estratégia envolve apoiar a vocação econômica das comunidades, incentivar a produção agroecológica, fortalecer cadeias locais e promover a emancipação de produtores, associações e cooperativas.
Esforço que, segundo ela, não se limita apenas à produção, pois também envolve educação alimentar e o acesso de populações vulneráveis a alimentos frescos e saudáveis. É um caminho que integra desenvolvimento econômico, sustentabilidade e saúde. Um exemplo é o trabalho com jovens da agricultura familiar, que ao produzirem em suas propriedades tornam-se fornecedores e consumidores de frutas, verduras e legumes — transformando os hábitos alimentares em suas próprias comunidades.
“Quando esses jovens passam a produzir em suas propriedades, não só se tornam fornecedores de alimentos para suas comunidades, mas também consumidores. Muitos deles, que antes não tinham tanto interesse em frutas, verduras e legumes, acabam mudando seus hábitos”, comenta.
Para Marília Sobral, esse movimento só se torna efetivo quando o ISP atua nas causas estruturais, em sintonia com políticas públicas, marcos regulatórios e com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável. “Não basta mitigar os efeitos da má alimentação, é preciso enfrentar os fatores que perpetuam as desigualdades no acesso a uma alimentação adequada e saudável”, conclui.
Fonte: GIFE
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