Mais de 70% dos brasileiros reconhecem que o Brasil é um país muito desigual, diz pesquisa

ONG News
18 de setembro de 2025
  • Geral
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A percepção sobre as desigualdades no país é alarmante entre os brasileiros. De acordo com a pesquisa inédita  Percepções sobre as Desigualdades no Brasil,  77% da população considera que o Brasil é um país muito desigual. O levantamento – desenvolvido pelo Observatório Fundação Itaú com apoio técnico do Plano CDE e Datafolha – evidencia como a desigualdade é entendida pela sociedade e quais fatores são apontados como principais responsáveis pela sua permanência.

“A gente não deve jamais naturalizar as desigualdades que vivemos no país”, alertou Alan Valadares, do Observatório da Fundação Itaú, durante sua fala na mesa que marcou o lançamento da pesquisa – no Itaú Cultural, em 09 de setembro. Ele também chamou atenção para outros dados discrepantes. 

“No Brasil, apenas 10% da população corresponde a quase 60% da renda. Ou seja, um abismo de distribuição de renda, pois os 50% mais pobres ganham 29 vezes menos que os 10% mais ricos.”

Percepções

Entre os elementos destacados, a impunidade diante da corrupção aparece como uma das causas centrais para as desigualdades no país, sendo mencionada por 76% dos entrevistados. Para a maioria, a falta de punição de políticos e autoridades envolvidas em escândalos de corrupção fortalece mecanismos que perpetuam disparidades sociais.

As desigualdades, no entanto, não são vistas apenas sob a ótica da política e da corrupção. O estudo também revela a consciência dos brasileiros em relação às raízes históricas do problema. Questões ligadas ao racismo e ao passado escravocrata do país foram citadas como causas relevantes: 47% acreditam que o racismo é determinante para a manutenção de barreiras sociais, enquanto 44% apontam o impacto da escravidão na limitação de oportunidades para pessoas negras.

No entanto, essa concordância é mais forte entre pessoas das classes mais baixas. No que se refere aos impactos históricos da escravidão nos tempos atuais, por exemplo, 54% das pessoas entrevistadas que integram a classe DE disseram concordar com essa perspectiva, ante os 29% da classe A. Por outro lado, 64% dos brasileiros concordam que apesar dos esforços, o racismo continua restringindo as oportunidades das pessoas negras.

De acordo com Thuanne Nascimento, diretora executiva do PerifaConnection e co-fundadora do Observatório das Baixadas, esses dados reforçam a percepção de que, embora a escravidão tenha sido oficialmente abolida há mais de 130 anos, seus efeitos ainda moldam a realidade brasileira. 

“Falar sobre desigualdade é importante e mostrar como a gente supera a desigualdade também, para que a gente não caia na narrativa de que a desigualdade é algo que desceu do céu, de achar que a desigualdade não tem uma construção histórica. É mostrar que a desigualdade existe e o combate também sempre existiu”, aponta Thuanne Nascimento. 

Gênero

Em relação às desigualdades de gênero, a pesquisa mostrou que essa é uma percepção latente quando o assunto é mercado de trabalho. Para 55% dos brasileiros, os homens ainda têm mais oportunidades de alcançar empregos de qualidade e salários melhores em relação às mulheres. 

Educação

No quesito caminhos e propostas para combater às desigualdades, a educação foi frequentemente associada como um fator importante de transformação social. 79% dos entrevistados concordaram totalmente que a educação pública é fundamental para reduzir a desigualdade de renda entre ricos e pobres. Outros 59% concordaram que sem investimentos em educação, a pobreza passa de pais para filhos. 

No ranking de sugestões para construir um Brasil mais justo e igualitário para todas as pessoas, 12 propostas foram apresentadas. Em primeiro lugar ficou a educação, com 30% de adesão, acompanhada por combate à corrupção (23%) e inclusão produtiva (21%). Saúde e equidade racial e de gênero aparecem em 4º e 5º lugar, com 16% e 12%, respectivamente. 

A pesquisa

A pesquisa foi estruturada em duas fases complementares: qualitativa e quantitativa. Na primeira etapa, de caráter qualitativo, foram realizados encontros entre agosto e setembro de 2024 em cinco capitais, uma em cada região do país. Participaram 150 pessoas, organizadas em 50 tríades que reuniam diversidade de classe social, gênero, raça, faixa etária e localidade. 

Já a fase quantitativa ocorreu em junho de 2025 e ouviu 2.787 brasileiros e brasileiras com 18 anos ou mais. A amostra foi desenhada para representar a população nacional em termos de região, gênero, raça, escolaridade e estrato socioeconômico. Os resultados possuem margem de erro de dois pontos percentuais, para mais ou para menos, e nível de confiança de 95%.

Fonte: GIFE

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