Universidade lança pós-graduação em mobilização de recursos e parcerias

Conseguir financiamento é um dos maiores desafios enfrentados por organizações da sociedade civil, especialmente as de pequeno porte. Para apoiar esse cenário, a Universidade UniEVANGÉLICA, de Goiás, lançou a Pós-Graduação em Mobilização de Recursos e Parcerias para a Sustentabilidade, que busca ajudar profissionais a desenvolver estratégias consistentes de captação e gestão de investimentos.

A especialização é destinada a quem já atua ou deseja atuar em responsabilidade social empresarial, fundações, institutos, organizações do Terceiro Setor, órgãos governamentais e organismos internacionais. O curso amplia a qualificação de gestores e técnicos para dialogar com múltiplas fontes de recursos e fortalecer estratégias de captação e manutenção.

A grade curricular inclui temas como mobilização de filantropia nacional e internacional, investimentos de impacto, blended finance, big data e inteligência artificial aplicados ao financiamento climático, além de disciplinas voltadas ao setor público. Cada módulo possui carga horária de 36 horas-aula. A proposta é preparar profissionais para um cenário em que a diversificação das fontes de financiamento e a integração com agendas globais, como os ODS e o ESG, se tornaram determinantes para a sustentabilidade das organizações.

Em entrevista ao ONG News, a internacionalista e coordenadora da pós-graduação Pollyana Andrade, profissional sênior em gestão estratégica, impacto e mobilização de recursos, analisa os erros mais comuns cometidos por ONGs, aponta tendências para 2026 e explica como a formação pode fortalecer a prática da mobilização de recursos.

ONG News: A maioria das ONGs, especialmente as de menor porte, sofre para levantar recursos. Na sua visão, qual é o principal erro ou dificuldade dessas organizações quando tentam buscar apoio financeiro?

Pollyana Andrade: O grande obstáculo das ONGs de menor porte é a ausência de planejamento estratégico para a captação. Muitas atuam de forma reativa, buscando recursos apenas quando a necessidade se torna urgente, o que limita a construção de relacionamentos sólidos com financiadores. Além disso, a comunicação pouco estruturada sobre resultados e impactos gera insegurança em potenciais parceiros.

ONG News: A captação de recursos pode ser aprendida na prática do dia a dia, ou um curso de pós-graduação faz diferença real para quem já atua na área?

Pollyana Andrade: A experiência prática é valiosa e ensina muito sobre o relacionamento com doadores e parceiros. Porém, uma formação especializada, como um curso de pós-graduação, amplia a visão estratégica, organiza metodologias e apresenta ferramentas já consolidadas. Isso acelera o aprendizado e fortalece a credibilidade de quem atua na área.

ONG News: Existe um momento ideal para iniciar uma estratégia de mobilização de recursos, ou a organização precisa estar pronta para captar em qualquer fase da sua trajetória?

Pollyana Andrade: Não existe um único momento certo: a organização precisa estar preparada em qualquer fase de sua trajetória. O essencial é ter clareza de propósito, objetivos bem definidos e um mínimo de estrutura de gestão e prestação de contas. Com isso, até organizações em fase inicial podem começar a captar de forma consistente.

ONG News: O próximo ano tende a ser desafiador para o financiamento das organizações, considerando o cenário político e econômico do Brasil. Que tendências você enxerga para 2026 na mobilização de recursos?

Pollyana Andrade: O cenário político e econômico continuará exigindo resiliência das organizações. A tendência é o aumento da busca por transparência, mensuração de impacto e inovação na forma de captar. Além disso, há três aspectos importantes a serem observados: parcerias intersetoriais (ONGs, empresas e governo trabalhando juntos), o uso de tecnologia e inteligência de dados para atrair e fidelizar apoiadores, e o alinhamento das ONGs com agendas globais, como os ODS e o ESG.

ONG News:  O curso destaca a importância de diversificar as fontes de recursos — nacionais, internacionais, privados e públicos. Mas, na prática, como uma ONG pequena pode acessar essas diferentes frentes sem se perder no processo?

Pollyana Andrade: Para uma ONG de pequeno porte, diversificar não significa abraçar todas as frentes ao mesmo tempo, mas escolher prioridades de forma estratégica. Pode começar pelo fortalecimento da base local (doadores individuais, pequenos editais nacionais) e, aos poucos, acessar fontes internacionais e parcerias privadas. O segredo é crescer de forma planejada, sem comprometer a capacidade de gestão.

ONG News: As empresas têm falado muito em ESG. Como as ONGs podem se posicionar para não ficarem apenas como “fornecedoras de impacto”, mas como parceiras estratégicas reais para o setor privado?

Pollyana Andrade: Para não se limitarem a “fornecedoras de impacto”, as ONGs precisam mostrar que podem gerar valor estratégico para as empresas. Isso significa apresentar evidências de impacto, conhecimento profundo da realidade em que atuam e capacidade de inovar. Dessa forma, deixam de ser apenas executoras e passam a ser vistas como parceiras essenciais na construção de agendas de sustentabilidade e responsabilidade social.

Para se inscrever, acesse Pós Graduação em Mobilização de Recursos e Parcerias para a Sustentabilidade.

(Redação ONG News)

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