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Apesar do aumento no número de empresas que cumprem a cota legal de contratação de pessoas com deficiência, a inclusão no mercado de trabalho brasileiro segue marcada por barreiras estruturais, capacitismo e falta de oportunidades de crescimento. É o que revela a 2ª edição da pesquisa Radar da Inclusão 2025, que aponta que 56% das pessoas com deficiência e/ou neurodivergentes ocupadas já enfrentaram falta de acessibilidade que prejudicou seu desempenho e bem-estar no trabalho.
O estudo foi encomendado pela Talento Incluir e pelo Pacto Global da ONU – Rede Brasil, e conduzido pelo Instituto Locomotiva. Os dados foram apresentados a lideranças empresariais na sede da B3, em São Paulo, e evidenciam que o crescimento quantitativo das contratações não se traduz em inclusão com qualidade.
Entre os principais impactos das barreiras de acessibilidade, 41% dos respondentes afirmam já ter desistido de ir a algum lugar por dificuldade de locomoção, 34% deixaram de buscar emprego ou formação e 26% perderam compromissos profissionais por obstáculos no trajeto. Além disso, 37% relataram tristeza ou depressão após enfrentar problemas de acesso no deslocamento diário.
Segundo Carolina Ignarra, CEO da Talento Incluir, esse cenário gera o que especialistas chamam de “fadiga de acesso”. “A falta de acessibilidade nos cansa, nos atrasa e ainda transfere a culpa para a pessoa com deficiência. Isso revela o quanto o trabalho ainda não é digno para esse público”, afirma.
A pesquisa também confirma a permanência do capacitismo no mercado de trabalho. Entre as pessoas com deficiência e/ou neurodivergentes empregadas, 86% afirmam já ter vivenciado situações de preconceito, como comentários capacitistas (74%), discriminação por superiores (60%) e desqualificação profissional em razão da deficiência (51%). Apenas 23% das vítimas relataram os casos às empresas e, entre elas, 78% dizem não ter se sentido acolhidas.
O levantamento mostra ainda um cenário de carreiras estagnadas: 67% dos respondentes nunca foram promovidos, mesmo com 41% tendo mais de três anos na mesma empresa. A falta de programas de desenvolvimento específicos, vieses cognitivos e comunicação pouco transparente sobre oportunidades aparecem como os principais entraves.
Outro dado de destaque é que 77% dos profissionais não se sentem confortáveis para falar sobre saúde mental com lideranças ou RH. Embora metade das empresas ofereça algum programa voltado ao tema, 57% consideram que as iniciativas não são adequadas ou acessíveis às suas necessidades.
Para Verônica Vassalo, gerente de Diversidade, Equidade e Inclusão do Pacto Global da ONU – Rede Brasil, os resultados indicam a urgência de ir além da contratação. “A inclusão precisa considerar permanência, valorização e desenvolvimento. Equipes diversas impulsionam inovação e resultados, mas isso exige investimento real”, destaca.
Realizada entre setembro e outubro de 2025, a pesquisa ouviu 1.765 pessoas com deficiência e/ou neurodivergentes em todo o país. Para os organizadores, os dados reforçam que a inclusão no mercado de trabalho brasileiro ainda é um desafio estrutural e que práticas transformadoras precisam deixar de ser exceção para se tornarem regra.
Acesse a pesquisa aqui.
(Redação ONG News)
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