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*Por Aziz Camali, cofundador do Orgânico Solidário
A sociedade civil organizada tem demonstrado uma capacidade de mobilização notável. Movidas pelo profundo desejo de transformar a realidade e promover a justiça, as organizações sociais têm se posicionado como protagonistas de diversas causas. No entanto, para que as iniciativas continuem a gerar impactos significativos e sustentáveis, é imprescindível que sejam profissionalizadas.
Tradicionalmente, o terceiro setor era visto como território marginalizado, habitado por idealistas e voluntários motivados pela caridade. Essa visão está cada vez mais ultrapassada. Hoje, as organizações da sociedade civil atuam em um cenário complexo e dinâmico, onde a competição por recursos é acirrada e a eficiência é uma exigência crescente. Isso significa que, para garantir sua sobrevivência e ampliação de impacto, as OSCs precisam adotar modelos de gestão eficientes, desenvolver planos estratégicos bem estruturados e aprimorar a capacidade de captação de recursos.
Para se destacar e alcançar seus objetivos, a organização social precisa ir além da improvisação e do voluntarismo. Assim, a profissionalização é uma necessidade estratégica e prática. Isso significa investir em gestão, formação de equipes qualificadas e fortalecimento institucional. Não basta apenas captar doações para atender às necessidades imediatas; é preciso construir uma base sólida que permita à organização crescer e gerar mais impacto no médio e longo prazo. Esse processo passa pela adoção de boas práticas administrativas, implementação de métricas de desempenho e transparência na prestação de contas. Além disso, as lideranças devem se preparar para enfrentar desafios como burocracia, mudanças regulatórias e a necessidade de inovação constante.
Parcerias com marcas e empresas são fundamentais. A integração entre o mundo corporativo e o terceiro setor cria sinergias que podem gerar soluções inovadoras para problemas sociais históricos. Para isso, é essencial que as organizações aprendam a dialogar de forma estratégica, utilizando uma linguagem orientada por resultados e adaptada aos líderes corporativos. Esse discurso deve traduzir suas causas sociais em narrativas convincentes e persuasivas, ligadas não só aos objetivos das empresas, mas à apropriação das lideranças que as representam. Se, por exemplo, uma executiva, mesmo sendo de uma área vinculada à responsabilidade social, não se apaixonar e se ver como agente de transformação da sua causa, ela não vai mobilizar seu time.
Profissionalizar as organizações sociais não quer dizer abandonar ideais e se vender a um corporativismo tóxico. Pelo contrário, significa oferecer uma proposta de valor complementar ao que o mundo dos negócios precisa, com contrapartidas claras. Mais do que transparência para prestação de contas, as OSCs devem criar relatórios que impactam para despertar confiança e credibilidade na atração de novos parceiros e investidores. Demonstrar resultados tangíveis garante que projetos sejam vistos como investimentos de impacto, e não apenas como ações filantrópicas sem retorno mensurável.
As novas tecnologias também contribuem para a modernização e profissionalização do terceiro setor. A digitalização de processos administrativos, ferramentas de gestão financeira e a adoção de plataformas para captação de recursos que priorizam a transparência são algumas das estratégias para otimizar o funcionamento das OSCs. A comunicação digital permite que as organizações alcancem um público mais amplo, sensibilizando a sociedade para suas causas e aumentando o engajamento de voluntários e doadores.
Agora, mais do que nunca, é necessário reconhecer que as revoluções sociais dependem de lideranças preparadas, que saibam aliar propósito a estratégia. Transformar ambições em realidade, com pouco recurso e equipe, exige sensibilidade e capital social — atributos que só quem aprende a amar o que faz adquire.
*Aziz Camali é cofundador do Orgânico Solidário, organização social que atua pela Soberania Alimentar Popular por meio da regeneração da agroecologia e fortalecimento da economia dos produtores familiares orgânicos do país.
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