É comum sentirmos falta de algo que não está em nós em alguns momentos difíceis: um sorriso, impressão, abraço, sentimento, objetivo, ou alguém, enfim… A bagunça que fazemos em nosso interior provoca uma série de confusões e incertezas que enaltecemos quando surge algum problema.
É nesse momento que vamos. Para onde? Não se sabe, mas a sensação de ir já conforta aquele instante de desordem: a fuga é cômoda e sempre conseguimos organizar formas possíveis e impossíveis de escapismo, tentando enganar a realidade momentaneamente insegura.
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Depois de partir, muitas vezes de nós mesmos, apostamos em buscar fundamento nas coisas externas: procuramos outras pessoas, olhares, soluções, possibilidades, sentimentos e metas, tentando encontrar nossa essência. É uma penosa missão, mas mergulhamos de cabeça nessa fuga que se mostra prazerosa e um tanto quanto segura.
Entretanto, quando fugimos do mundo, estamos desviando de nós mesmos. É difícil notar, mas tentamos encontrar outros destinos possíveis ignorando o fato de que o único destino ideal é aquele que cabe dentro de cada um de nós.
Quando essa verdade começa a ser mostrada voltamos a um mar de reflexões. É o momento de encarar alguns dilemas, o amor perdido e ignorado durante dias, aquela conta a pagar, o telefonema que deveria ter sido retornado, o bilhete no trabalho, a reunião familiar, a saída com os colegas, aquele sorriso da foto que você não teve coragem de conhecer pessoalmente… São tantas questões e elas complicam ainda mais esse momento de volta.
Nosso regresso à essência do que somos é embaraçoso, porém necessário pois só aí compreendemos que todos os processos pelos quais devemos passar, metamorfoses que a vida sofre e demandas que surgem no caminho, devem ser encaradas de peito aberto.
As partidas e chegadas simbolizam apenas meios que usamos para entender nossa bagunça, respirar fundo e começar a organizar tudo. Semelhante a um ritual, estamos em fuga, mas sempre encontrando o caminho de volta para a casa.
Do caos à ordem, é tudo tão emaranhado e cheio de incertezas, porém, quando sabemos perfeitamente que devemos voltar, notamos o real sentido de um barco confuso embalado por esse ir e ficar da gente.
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