Durante 11 anos fui analista de projetos para instituições internacionais e durante este tempo, muitas vezes, me reunia com outros analistas para trocar ideias e informações sobre análise de projetos e instituições. Abaixo vou enumerar alguns aspectos que considero relevantes e que normalmente não são levados em consideração durante a elaboração de um projeto:
Começo colocando que uma parceria para ser boa e duradoura tem que beneficiar ambas as partes. Logo, é fundamental que entendamos o que, de uma maneira geral, cada setor da sociedade têm como objetivo.
Setor Público
Quer votos e o que dá voto é quantidade e não qualidade. Assim na maioria dos casos irá privilegiar a quantidade sobre a qualidade;
Setor Privado
Quer lucro, então sua proposta deve contribuir direta ou indiretamente para o lucro da empresa;
* Terceiro Setor
Quer maior impacto com menos recursos, valorizará mais a qualidade do que a quantidade.
*Estou considerando todos aqueles que recebem recursos para investir em projetos sociais, ambientais, educacionais, saúde e/ou culturais.
[highlight] Leia mais: Gerenciamento de projetos no Terceiro Setor[/highlight]
Entendam que o processo de análise é feito por etapas, todas eliminatórias. A última é a etapa técnica onde será analisado a metodologia, indicadores, fatores de risco e o cronograma físico financeiro. Só que até chegar nesta etapa seu projeto passará por uma etapa de análise geral onde se elimina projetos que não atendem ao que se considera requisitos básicos, mesmo que não sejam tão básicos assim. Apesar dos diferentes interesses finais, o processo de análise é muito semelhante, uma vez que as preocupações são praticamente as mesmas.
Então vamos aos pontos de análise:
1. Área de atuação do projeto:
Verificar se o seu projeto está dentro da área que o financiador escolheu atuar em seu planejamento.
2. Instituição proponente:
Não importa o quão maravilhoso é o seu projeto se a sua instituição não inspira confiança. Para isso será examinado: experiência, parcerias, projetos executados e sucesso.
3. Qual o impacto deste tipo de projeto na sociedade:
Qual sua relevância e impacto de uma forma geral.
4. Situação atual e final:
Se o projeto tem claro e quantificado a identificação do problema e os resultados que serão atingidos ao final do projeto. Objetivos subjetivos serão descartados pela incoerência.
5. Quantidade e quem são os beneficiários:
Só os beneficiários diretos e dos critérios de seleção destes.
6. Quem são os outros parceiros do projeto:
Para o investidor dá mais tranquilidade saber que não é o único parceiro no projeto. É mais confortável saber que o projeto não depende só dele para existir.
7. Duração do projeto:
Não é comum se investir em um projeto de longo prazo com um parceiro que não se conhece, por isso minha sugestão é que nestes casos os projetos tenham no máximo 1 ano.
8. Orçamento:
Se analisa a relação custo benefício, o custo mensal por beneficiário e qual o investimento da instituição proponente. A grande maioria dos financiadores não exigem que a instituição invista no projeto, mas se você que é proponente do projeto não vai investir nada por que o financiador deveria?
9. Porque o financiador deveria investir:
Levando em consideração o setor do financiador e seus interesse específicos porque seria melhor investir no seu projeto e não em qualquer outro. Agora gostaria de dar algumas sugestões para quem está enviando um projeto para um financiador em potencial:
- Antes de enviar seu projeto verifique se o seu projeto atende os objetivos de seu financiador, se o seu projeto também é bom para ele.
- Use uma linguagem acessível para todos. Projeto não foi feito para você mostrar sua cultura e sim para que você comunique ao financiador o que está propondo.
- Entregue o projeto pronto, mas nunca fechado. As pessoas só se comprometem com o que é delas e o seu projeto só será dela se ela puder inferir. O quanto o parceiro poderá interferir, cabe a você dar os limites.
- Lembre-se que vivemos em um mundo visual, então uma boa apresentação do projeto, de um ponto de vista estético, é importante.
- Trate seu projeto como um produto a ser vendido, além do visual escolha um nome atrativo e busque colocar algo no projeto que faça com que o financiador se identifique.
- Muito melhor do que enviar o projeto é ir apresentá-lo pessoal, pois o contato olho no olho cria empatia que facilita a aprovação do projeto.
- Por último, o que gosto de dizer há mais de 20 anos e está no meu livro: “Não estamos vendendo projetos, mas conquistando parceiros”. Não é a venda, mas a conquista de parceiros que resultarão em recursos para os seus projetos.
[highlight] Leia também: Como estruturar a área de Captação de Recursos da sua organização[/highlight]