Chegou mais um mês de setembro e com ele a importância de resgatarmos a campanha do Setembro Amarelo, que desde 2015 acontece para nos lembrar que precisamos falar sobre o suicídio e situações próximas desse tema. Afinal, seja por medo ou culpa, dificilmente nos deparamos com abordagens que tratem com normalidade esse assunto, que muitas vezes – devido à polêmica que levanta ao imaginário das pessoas – é colocado no limbo das discussões em sociedade.
No entanto, à sombra do silêncio, caminhamos cada vez mais para dados preocupantes sobre o aumento da taxa de suicídios em nosso dia a dia. Por exemplo, você sabia que segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS) acontecem cerca de 800 mil suicídios ao ano? Uma média de uma morte a cada 40 segundos.
“Em todo o mundo, acontece 1 suicídio a cada 40 segundos”.
(Dado da Organização Mundial de Saúde)
O Brasil é o oitavo país com maior índice de suicídios. Chegando a um caso a cada 45 minutos. É chocante, não é mesmo? Mas não estamos trazendo essas informações para te assustar, pelo contrário: queremos mostrar o quão importante é que possamos e saibamos usar a nossa voz para acolher esta causa e as pessoas que vivenciam a ideia do suicídio em suas vidas. E foi com base nessa consciência, que a campanha do Setembro Amarelo teve origem. Olha só:
O que é o Setembro Amarelo?
Criada pelo Centro de Valorização da Vida (CVV), Conselho Federal de Medicina (CFM) e Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP), o Setembro Amarelo é uma campanha nacional que trabalha para conscientizar e discutir possibilidades para a prevenção do suicídio. Setembro foi escolhido para ser o mês foco deste trabalho devido ao Dia Mundial de Prevenção ao Suicídio, que é celebrado no 10/09. E a cor amarela não foi pensada por acaso, a ideia é iluminar, pintar e estampar os tons de amarelo – que é uma cor que estimula o otimismo, alegria e esperança – para garantir mais visibilidade à causa.
O suicídio deriva, essencialmente, de um estado depressivo, que pode ser causado por inúmeros gatilhos internos e externos. E mesmo com números cada vez mais altos, o assunto ainda é considerado um tabu para muitas pessoas. Tendo em vista que tirar a própria vida é uma decisão extrema para fugir do que é considerado um problema sem solução, a melhor forma de evitá-lo é detectar quando a possibilidade existe e agir a tempo.
Falar sobre suicídio é fundamental
A principal justificativa para evitar falar sobre suicídio é que a inexistência do diálogo pode minimizar a importância percebida pelas pessoas, em relação ao ato. Isso acontece nas interações entre pais e filhos, entre amigos, nas escolas e até mesmo no ambiente profissional. E mesmo que a intenção seja positiva – de não fixar a ideia do suicídio na cabeça de alguém que não esteja se sentindo completamente confortável -, é um equívoco nos privarmos de falar sobre a situação, sob esse pretexto.
Afinal, ao abrirmos mão do diálogo sobre o suicídio, podemos perder a oportunidade de contribuir para melhorar a vida de alguém. Quando não estamos preparados, podemos não dar a atenção devida a essa conversa tão necessária.
Ah, mas não para por aí. Pois além de não ignorar esse tipo de conversa, é preciso estar atento a outros sinais que podem indicar a depressão e a intenção de cometer suicídio. Dá uma olhada em alguns pontos fundamentais para os quais você pode se atentar para acolher alguém que está passando por um momento de fragilidade:
Tristeza persistente
Falas sobre não estar mais presente
Postagens relacionadas ao suicídio ou depressão profunda nas redes sociais
Despedida de pessoas e situações sem motivo aparente
Perda de interesse em atividades que antes davam prazer
Fadiga
Falta de energia
Alteração no sono
Irritabilidade
Alterações no apetite
Choro sem razão aparente
Ideias de morte
Dores e sentimento de inutilidade
Se você perceber esses sinais, incentive a pessoa a buscar ajuda profissional. A ideia do suicídio não é algo que podemos ligar e desligar com um botão. Tanto para a pessoa chegar ao extremo de considerar a possibilidade, quanto para sair dele, é necessário um processo. E no caso da recuperação é imprescindível que esse processo aconteça sob a supervisão de um profissional habilitado para acompanhar o dia a dia e receitar a medicação necessária.
O recomendável é que você demonstre seu interesse no bem-estar da pessoa, acolhendo a ela e expressando o quanto ela é importante para você. Sem culpá-la ou trazer à tona sentimentos negativos durante o processo. Ah, e sem também colocar sobre ela uma carga emocional muito forte, ao ponto dela se sentir pressionada a estar bem para refletir bem-estar sobre você também. Seja sútil, a acolha, escute e, se fizer sentido, aconselhe ela a se consultar com psiquiatras e psicólogos.
Lembre-se: você está oferecendo acolhimento; sem condescendência, cobrança ou repreensão!
Centro de Valorização da Vida
O CVV, como é popularmente conhecido, foi o precursor da campanha do Setembro Amarelo no Brasil. O centro foi fundado em São Paulo, em 1962, e atua como uma associação civil sem fins lucrativos e filantrópica, que teve seu trabalho reconhecido como Utilidade Pública Federal.
O objetivo do CVV é prestar serviço voluntário e gratuito de apoio emocional e prevenção ao suicídio para todas as pessoas que querem e precisam conversar, sob total sigilo e anonimato. É também uma instituição associada ao Befrienders Worldwide, que congrega entidades congêneres de todo o mundo, e participou da força tarefa que elaborou a Política Nacional de Prevenção do Suicídio, do Ministério da Saúde, com quem mantém, desde 2015, um termo de cooperação para a implantação de uma linha gratuita nacional de prevenção do suicídio.
A linha 188 começou a funcionar no Rio Grande do Sul e hoje em dia já está disponível para todo o brasil.
Você pode emprestar sua voz para esta causa
Além do Setembro Amarelo, é muito importante estarmos abertos e ativos nas ações para prevenir e diminuir os índices de suicídio durante todo o ano. E se você quer se engajar nesta causa, tornar-se um voluntário do CVV é uma ótima opção!
O voluntário do CVV doa seu tempo e sua atenção para quem deseja conversar com outra pessoa de forma anônima, sigilosa e sem julgamentos ou críticas. Se você tem mais de 18 anos de idade, pelo menos quatro horas disponíveis por semana e vontade de ajudar pessoas, você pode ser um plantonista do Programa de Apoio Emocional do CVV. Para isto, você precisa participar de um curso gratuito de preparação de voluntários, em uma das sedes ou no ambiente virtual. As principais frentes de atuação do plantonista são o atendimento por telefone, voip e chat.
Ficou interessado e quer participar? Acesse o site deles e entenda como realizar o procedimento de inscrição e também quais são as características solicitadas para ingressar nessa jornada.