
Com o recente anúncio da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) de que o Brasil saiu novamente do Mapa da Fome, iniciativas comunitárias têm se mostrado fundamentais nessa virada. Na favela de Paraisópolis, zona sul de São Paulo (SP), sendo a terceira maior do país, a ONG Ação Gueto realiza, desde 2020, um trabalho de redistribuição de alimentos que seriam descartados por grandes redes varejistas, mas que hoje ajudam a garantir a sobrevivência de milhares de famílias em situação de extrema vulnerabilidade social.
A iniciativa, criada durante a pandemia da Covid-19, é liderada por Gabriel Finamore e já evitou o desperdício de mais de 50 mil quilos de alimentos. Os produtos resgatados são entregues, prioritariamente, a mães solo, pessoas com mobilidade reduzida, idosos e famílias em situação de extrema pobreza. Ao todo, mais de 20 mil pessoas já foram impactadas diretamente pela ação. “A fome não é só a falta de comida, é o silêncio diante da dor do outro. Quando entregamos um prato, estamos dizendo que você importa. Isso é reparação, não caridade”, afirma Gabriel Finamore, fundador da instituição.
Mais do que distribuir alimentos, a Ação Gueto promove vínculos e fortalece o tecido social dentro da comunidade. Para muitos moradores, o projeto representa um gesto de acolhimento em tempos de crise.
“Achei que o mundo tinha esquecido de mim. Mas quando aquela sacola chegou, eu chorei. Era comida, mas parecia carinho”, conta Dona Nair, de 60 anos, moradora da comunidade.
“Tinha dia que eu dormia com fome pro meu filho comer. Agora, consigo preparar uma refeição digna em casa. Mudou tudo pra gente”, relata Angela Marques, mãe solo atendida pela ONG.
Segundo o relatório da FAO divulgado em julho, o Brasil conseguiu reduzir significativamente os índices de subalimentação e, com isso, saiu novamente do Mapa da Fome, que havia voltado a integrar no triênio 2019-2021, se mantendo até em 2022. Naquele ano, o país contabilizava 33 milhões de brasileiros em situação de fome.
Apesar do avanço, o Brasil ainda tem 50,2 milhões de pessoas que não podem pagar por uma alimentação saudável, de acordo com dados divulgados pela FAO.
É nesse contexto que ações como a da Ação Gueto, ganham ainda mais relevância. Organizadas por jovens periféricos e lideranças comunitárias, essas iniciativas são importantes na luta contra a fome e o desperdício de alimentos.
A ONG segue ativa em Paraisópolis com apoio de voluntários e parcerias locais, e busca ampliar sua rede para alcançar ainda mais famílias.
Para saber mais sobre a organização, doar ou se voluntariar, acesse Ação Gueto.
(Redação ONG News)
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