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Em São Paulo, cidade símbolo da riqueza brasileira, o contraste entre asfalto e viela revela também o retrato mais nítido da injustiça climática. Um levantamento do Instituto Pólis mostra que as favelas têm menos árvores, piores índices de saneamento e maior vulnerabilidade a doenças agravadas pelas altas temperaturas.
Nas comunidades paulistanas, apenas 76,9% das casas têm rede de esgoto e 77,2% contam com coleta de lixo, muito abaixo das médias da cidade (94,6% e 91,7%). A falta de infraestrutura urbana se soma à escassez de áreas verdes: menos de 30% dos lares têm árvores no entorno, contra 68% no restante do município.
Essas diferenças não são apenas geográficas. Mais de 66% dos moradores das favelas são negros, enquanto, no total da cidade, pessoas negras representam 43%. A desigualdade ambiental também se reflete na saúde: essa população responde por mais da metade das internações por doenças como dengue e chikungunya, diretamente relacionadas à ausência de saneamento e ao aumento das temperaturas.
“A crise climática aprofunda desigualdades históricas. Não haverá justiça climática sem enfrentar o racismo ambiental que estrutura nossas cidades”, afirma Cássia Caneco, diretora do Instituto Pólis.
O estudo, realizado com apoio da Misereor, analisou as condições urbanas de quatro capitais, sendo elas São Paulo, Belém, Recife e Porto Alegre, a partir de dados do Censo 2022. O resultado confirma que fatores de raça, gênero e renda determinam quem mais sofre os efeitos da crise climática.
Em São Paulo, enquanto a renda média da população geral é de 4,3 salários mínimos, nas favelas ela cai para 1,4. E são as mulheres chefes de família, especialmente as negras, as mais afetadas: entre elas, o índice de analfabetismo é duas vezes maior do que a média da cidade.
A pesquisa também mostra que o racismo ambiental não é exclusividade paulista. No Distrito Federal, de outubro de 2023 a fevereiro de 2024, 1,5 mil árvores foram plantadas no Lago Sul, uma das regiões mais ricas, enquanto nenhuma foi plantada no Sol Nascente, uma das maiores periferias do país.
Para o Instituto Pólis, a desigualdade ambiental é resultado direto de políticas urbanas que ignoram os territórios populares. A organização defende que a justiça climática deve ser parte central das políticas públicas, com investimentos em moradia, saneamento e áreas verdes nas periferias. “É urgente colocar as comunidades mais vulneráveis no centro das decisões sobre o futuro das cidades”, reforça Caneco.
O estudo completo Racismo Ambiental e Injustiça Climática está disponível no site do Instituto Pólis.
(Redação ONG News)
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