No mês em que comemoramos o Dia da Terra, refletimos: o que estamos ouvindo e oferecendo ao planeta?

Redação
27 de abril de 2022
  • Meio Ambiente
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São muitos dados, relatórios e estudos publicados referentes à sobrecarga que damos à Terra e há algum tempo já sabemos que o nosso planeta não suporta mais a sistemática exploração de seus recursos naturais. Mas algumas questões precisam ser levantadas. Estamos realmente dispostos a mudar essa realidade ou iremos caminhar, a passos largos e acelerados, à caminho do caos e da destruição? Teremos tempo para evitar o pior? O Dia da Terra é a data em que refletimos sobre isso.

 

A história do Dia da Terra. Será que algo mudou?

 

Em 1970, o senador norte-americano Gaylord Nelson propôs a data de 22 de abril como Dia da Terra. A iniciativa partiu da ideia de estabelecer uma data para criar consciência sobre os impactos da ação humana sobre a natureza e a importância de preservação do meio-ambiente.

 

Hoje, mais de meio século depois, o que temos visto entre ações, propostas e medidas para conter o avanço do desequilíbrio ambiental e manter o aquecimento global abaixo de 1,5 graus Celsius, não é suficiente. 

 

A meta de 1,5 graus Celsius é o limite de temperatura de aspiração atribuído no marco do Acordo de Paris de 2015. É nesse limite que vemos que vemos que pequenas alterações podem levar a mudanças dramáticas em todo o sistema de suporte à vida da Terra.

 

O mundo (todo) está mudando por causa do clima

Já sabemos que a situação é grave. O relatório do IDMC aponta que os novos deslocamentos associados a desastres ambientais superaram os de conflitos e violência. Desde de 2008, em média 25,3 milhões de pessoas se deslocaram por motivos ambientais.

 

No Brasil assistimos a imprensa noticiar o crescente número de tragédias, enchentes históricas, deslizamentos de terras levando casas, pessoas, veículos e até mesmo comunidades inteiras. 

 

Em dezembro de 2021 o município de Itamaraju no extremo sul da Bahia foi a localidade que recebeu o maior volume de água da chuva por metro quadrado em um único dia no mundo. Já a região serrana do Rio de Janeiro viveu em fevereiro de 2022 o desespero de ver cidades sendo devastadas pela força das chuvas.  

 

Em Petrópolis, o índice de chuva foi de 534,4mm em 24h, o maior da história. A média esperada de chuva para todo o mês de março nesta região é de 250 mm. Pessoas e a vida dos ecossistemas totalmente impactadas. Sim, estamos à beira do limite. 

 

Segundo o relatório de abril deste ano do IPCC (órgão da ONU de 195 estados membros que avalia a ciência relacionada à crise climática em nome dos governos), não estamos mais diante de uma opção, mas de uma exigência para a continuidade da vida humana neste planeta.

 

No Dia da Terra refletimos: que caminho devemos seguir?

 

Leonardo Boff, em sua obra Habitar a Terra, qual o caminho para a fraternidade universal? afirma que, ou vivemos dentro dos limites suportáveis da Terra e lhe concedemos tempo para a sua regeneração ou ela reagirá. O autor considera ainda a Covid-19 como um sinal da mãe Terra de que não podemos continuar dominando e devastando tudo o que existe e vive.  

 

Como mudaremos essa realidade? O presidente do IPCC, Hoesung Lee, disse que o último relatório do órgão mostra que a humanidade está “em uma encruzilhada”, mas as ferramentas e o conhecimento necessários para limitar o aquecimento global estão disponíveis. 

 

Lee fala, ainda, que “Existem políticas, regulamentações e instrumentos de mercado que estão se mostrando eficazes. Se forem ampliados e aplicados de forma mais ampla e equitativa, podem apoiar reduções profundas de emissões e estimular a inovação.”

 

Várias formas e ações podem e devem ser implementadas em prol da sobrevivência, mas o mundo ao qual vimos agora precisará de muito mais. Limitar o aquecimento global vai requerer uma transformação, provavelmente, jamais vista entre os homens. 

 

Um olhar de esperança pode ser lançado sobre esse tema à medida em que a humanidade é convidada a repensar sua relação com ela própria. 

 

Na encíclica do Papa Francisco Fratelli Tutti (Irmãos Todos) a reflexão traz dois pontos como decisivos: primeiro, não basta um outro mundo possível, mas um outro mundo necessário e, segundo, que dentro desse mundo necessário devem estar os vários mundos culturais e a natureza incluída. 

 

O Papa diz ainda que: “O ser humano e as coisas deixaram de se dar amigavelmente à mão, tornando-se contendentes. Daqui, passa-se à ideia de um crescimento infinito. Isto supõe a disponibilidade infinita dos bens do planeta; trata-se de um falso pressuposto”. Parece óbvio, mas vivemos cotidianamente sem pensar nisso. 

 

A Terra é de todes e para todes

 

Outro ponto decisivo no processo de desequilíbrio ambiental sistêmico é a desigualdade social e as diferenças impostas pelo modelo do neoliberalismo. Esses são fatores que precisam ser levados à reflexão já que ou salvamos todos ou ninguém se salva. Habitamos a mesma casa porém, sem um projeto para todes. 

 

Toda a urgência nos leva a uma direção, não podemos mais esperar. Francisco dedica suas palavras a orientar pelo caminho do amor e da fraternidade entre os povos. Todos estamos relacionados uns com os outros, todos somos interdependentes e só sobreviveremos juntos. Podemos entender que não é possível mais esperar! 

 

É hora de começar. Sejamos os poetas do novo mundo, como diz Chico. A sociedade civil organizada tem a potência da transformação, do local ao regional, do regional ao nacional e do nacional ao mundo.  Como você tem escrito a sua e a nossa história?

 

Texto de Ana Virgínia,

Coordenadora de comunicação e articulação social da NC.

Uma pessoa apaixonada pela ideia de mudar o mundo através da comunicação.

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