Dia 25 de julho é comemorado uma data que nem todas as pessoas conhecem: o Dia Internacional da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha. Essa celebração foi oficializada em 1992, quando aconteceu o 1º Encontro de Mulheres Negras Latino-Americanas e Caribenhas, realizado na República Dominicana, para denunciar o racismo e o machismo contra as mulheres negras do país.
Por mais que seja um país um pouco diferente do nosso, com cultura e histórias diferentes, ambos, República Dominicana e Brasil, carregam um marco histórico semelhante: a escravidão negra. E, com ela, as marcas sociais desastrosas que carregamos conosco até a contemporaneidade.
Mulheres negras no mercado de trabalho
O que mudou da escravidão para cá? Decerto, os dados demonstram que o cenário ainda não mudou tanto quanto costumamos imaginar:
Hoje, a população brasileira é formada por 29% de mulheres negras (pretas mais pardas) segundo o IBGE (Pnad, 2022), mas apenas 3% delas ocupam cargos de liderança (nível gerente e acima) nas empresas brasileiras, de um total de 25% de mulheres e 17% de negros (Representatividade, Diversidade e Percepção – Censo Multissetorial da Gestão Kairós 2022).
Conforme os dados da pesquisa “Negros e Negras no Poder Judiciário”, de 2021, realizada pelo CNJ, 39% dos funcionários do Judiciário são mulheres. Desse percentual, 8% são de mulheres negras. Quando se trata dos cargos da magistratura, esse número cai para 5%.
No Black Leadership Program, realizado pela Movile em 2022, foi aplicada uma pesquisa em que 78% das pessoas participantes do programa disseram sentir que ser negro ou negra era um entrave para ascender na carreira dentro da empresa e 38% afirmaram não conhecer nenhuma liderança negra.
Esses são apenas alguns dados no mercado de trabalho brasileiro. E eles revelam justamente o que já era esperado: a falta de presença, de representatividade e de oportunidade que as mulheres negras enfrentam no cenário profissional.
Os motivos para a falta das mulheres negras é diverso. Em um país desigual como o Brasil, diversas realidades impulsionadas pela escravidão negra influenciam na segregação daqueles que são descendentes diretos. A pobreza, a miséria, a falta de informação e de acesso são os principais limitadores que excluem as mulheres negras de qualquer posição de destaque.
Porém, quando elas encontram essa posição, por acaso, por talento, por oportunidade ou pelo privilégio de terem uma realidade diferente do comum, nem por isso são recebidas de braços abertos.
Mulheres negras na economia criativa
Em Hollywood, por exemplo, até 2018 apenas 4 mulheres negras dirigiram filmes de Hollywood nos últimos dez anos, de acordo com um estudo da Universidade do Sul da Califórnia (USC). E, em todo o período de existência do Oscar, maior premiação cinematográfica de todos os tempos, apenas uma mulher negra recebeu a premiação de melhor atriz – um dos maiores prêmios para a carreira midiática (Halle Berry, você é uma diva!).
No mundo da música, quando você pensa em uma cantora negra famosa, provavelmente pensa na Beyoncé, certo? Ou na Rihanna? Porém, quantas outras cantoras negras conseguem tanto destaque em relação às cantoras brancas? O quanto elas precisam trabalhar e se destacar para serem notadas? Percebe que, para isso acontecer, o talento dessas artistas precisa ser notoriamente maior para conseguirem chamar a atenção?
Quando começou a indústria do cinema, a contratação de atores e atrizes negros era um tabu gigantesco a ponto das produções preferirem realizar o detestável black face ao invés de escolherem profissionais de cor.
Nos filmes e nas séries que acompanhamos enquanto crescíamos, todas as produções que formaram a sociedade contemporânea e influenciaram no comportamento das pessoas ao redor do mundo… quantos personagens eram negros? Quantas mulheres eram negras? Quantas protagonistas tinham qualquer cor que ao menos se assemelhava ao de uma pessoa preta ou parda?
O racismo silencioso que está apenas começando a ser remediado agora não foi esquecido pelas mulheres negras. A dor de não se olhar, não se enxergar e não se reconhecer como uma pessoa digna de ter a própria história contada marca para uma sempre uma geração de mulheres que precisam colher os cacos da própria identidade aos poucos, com resiliência e sem outra escolha a não ser tentar.
É por isso que a Nossa Causa criou a campanha Essa História Eu Sei de Cor, especialmente no mês da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha, com o foco em recontar as produções midiáticas que tiveram tanto impacto na cultura internacional e nacional com o protagonismo das mulheres negras.
Mês da mulher negra
A campanha “Essa História eu Sei de Cor” nasce da necessidade urgente de repensar e enriquecer as narrativas contadas sobre mulheres negras. Vivemos em uma sociedade em que as histórias predominantes são frequentemente centradas em perspectivas brancas, deixando de lado a riqueza, a diversidade e a profundidade das experiências das mulheres negras.
O título “Essa História Eu Sei de Cor” é um jogo de palavras que utiliza a expressão “de cor” de maneira dupla, criando uma camada rica de significado.
“Essa História Eu Sei de Cor” celebra a autenticidade e a profundidade das experiências das mulheres negras, reivindicando o espaço para que suas narrativas sejam contadas, reconhecidas e valorizadas no cinema e na mídia.
Esta brincadeira de palavras não só enriquece o título, mas também reforça a missão da campanha de promover a diversidade e a inclusão, destacando a importância de contar histórias que refletem a verdadeira diversidade da sociedade.
O objetivo principal da campanha “Essa História eu Sei de Cor” é promover a representatividade e a diversidade racial de mulheres, celebrando as histórias e experiências das mulheres negras.
Essa causa está acontecendo em todas as redes sociais da Nossa Causa. Então, corre e se mobilize! Compartilha com todo mundo para aproveitarmos essa data histórica e empoderadora para recontar vidas; recontar histórias!