Eu poderia começar contando a minha origem humilde e uma história muito triste sobre a minha infância, mas essa não é a minha história. A minha história não tem traumas, nem doenças, pobreza ou preconceito (exceto por um certo bulliyng devido a minha altura, ou a falta dela). Portanto, vou começar com dados.
Sobre mudar o mundo
Numa pesquisa realizada no meu facebook, o entrevistado tinha um parágrafo para responder a pergunta VOCÊ QUER MUDAR O MUNDO?
95% disseram SIM, de uma forma ou de outra, e 5% disseram NÃO ou acharam a pergunta muito estúpida para ser respondida.
Com isso, a única certeza que eu tenho é que as 95% das pessoas que têm vontade de mudar o mundo querem outra coisa. Por que mudar o mundo é como mudar um móvel de lugar. “Mudar” é modificar algo por tempo determinado. Eu mudo a cor do meu cabelo todo ano. Eu mudo a cor do meu batom conforme o meu humor. Eu mudo de humor conforme os meus hormônios.
Mudar deixa as coisas diferentes. À vezes é bem difícil, mas acontece sempre. Nascem pessoas, comércios fecham, a conta de luz sobe. E o que eu vejo é que o “querer mudar o mundo” está associado a novas experiências para a nossa vida (como mudar a rotina para doar sangue), ao invés de buscamos lidar melhor com as experiências existentes (ser gentil todos os dias).
Mudamos de namorado, mas não conseguimos transformar a carência. Mudamos de remédio, sem transformar a ansiedade. Mudamos de casa achando que seremos mais felizes, mas não conseguimos transformar a insatisfação. As transformações nascem a partir das várias mudanças da nossa vida, mas nem toda mudança gera uma transformação.
Mudar x transformar
Por que “mudar” é modificar algo por tempo determinado, mas “transformar” é mudar algo de uma maneira irreversível. Transformar é um exercício íntimo, é olhar para dentro, ao invés de olhar para fora.
O líder budista Daisaku Ikeda, em seu livro A ARTE DE SER HUMANO, disse:
É duro reconhecer, mas nenhum ser humano pode encontrar a felicidade se não começar por transformar o seu interior.
E sim! Transformar o nosso interior pode nos fazer pessoas mais felizes, assim como pessoas mais saudáveis.
Por exemplo:
50% da felicidade de uma pessoa é genético, mas você sabia que 40% são aprendíveis e transformáveis? E que a meditação transforma as células do nosso corpo dando mais poder ao nosso sistema imunológico a ponto de evitar doenças?
Então quando mudamos um hábito, uma atitude, por exemplo, podemos iniciar uma transformação dentro de nós. É. A transformação acontece com a gente. Da gente, pra gente. A transformação acontece dentro. E quando ela acontece é aí que começamos a atingir o objetivo de mudar o mundo. Por que o mundo é formado por pessoas.
Da mesma forma uma torta de chocolate, pode ser mais ou menos gostosa. Depende que tipo de chocolate você coloca nela. O mundo é isso. Ele fica melhor ou pior dependendo de quem o habita. Se quem o habita somos nós, precisamos de habitantes melhores.
E para que esses habitantes sejam melhores, cada um precisa fazer a sua parte. E essa parte é transformar a si mesmo. Pois as mudanças, como eu já disse, são passageiras. A transformação resiste. Resiste à mudanças de casa, de cor de cabelo, de ingrediente de bolo e até de humor.
Mas transformar a nós mesmos nos exige conhecer quem nós somos. O que nós estamos fazendo aqui e por quê? E o que estamos dispostos a fazer por isso.
Qual é o seu propósito?
Agora pegue o seu propósito e coloque-o em primeiro lugar na sua vida. E talvez, pela primeira vez em toda a sua vida, alguém (no caso eu) esteja dizendo a você que ser egoísta – nesse sentido – é bom. Não apenas bom, é essencial. Quem não consegue transformar a si, tampouco transformará o mundo.
Você transformaria o seu hábito de consumo se desafiando a viver com 37 peças de roupas apenas? É possível, e já tem gente fazendo. A expressão CAPSULE WARDROBE se refere a ter um armário com peças chave, essenciais e que não saem de moda. Precisa mais?
Eu te desafio a viver com 37 peças de roupas até o final do ano.
Você transformaria a sua alimentação para salvar os animais? Segunda Sem Carne é uma campanha que se propõe a conscientizar as pessoas sobre os impactos do uso de produtos de origem animal e te pede para evitá-los pelo menos na segunda.
Eu te desafio a não comer nada de origem animal 1 vez por semana.
Você deixaria a preguiça e falta de vontade de lado para contar para o máximo de gente novos conhecimentos adquiridos que podem transformar vidas? O conhecimento transforma, sensibiliza, tira as pessoas da ignorância e oferece novas possibilidades.
Eu te desafio a ser um novo colunista mensal do portal social Nossa Causa.
Você consegue parar a sua mente por apenas 5 minutos, sem celular, sem televisão ou qualquer outra distração para melhorar o seu cérebro? Essa é a proposta da campanha 5 Minutos, Eu Medito, que já conta com mais de 3 milhões de minutos meditados.
Eu desafio você a baixar o aplicativo e meditar diariamente por 1 mês e avaliar os benefícios.
Você pararia num sábado, domingo, feriado e dia de semana para correr conduzindo uma pessoa com deficiência numa cadeira de rodas sem ganhar nada por isso? 144 pessoas participaram como corredores voluntários da corrida Pernas, pra que te quero.
Eu desafio você a servir a pelo menos uma pessoa todos os dias.
Chega de desafios. Eu não vou obrigar ninguém a cumprí-los. Afinal, a transformação que vocês precisam fazer é diferente da minha. A minha lente é diferente da de vocês. Eu vejo o mundo da minha forma.
De que forma você vê o mundo? Será que a sua lente está limpa?
E se vocês acharem que nós não somos a maioria, se prepare, é que ainda não nos organizamos. Sozinhos vamos mais rápido, mas juntos vamos mais longe.
Esse texto foi produzido para a apresentação no Pecha Kucha Night – 5ª edição. Confira:
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