Gosto muito de falar em inovação na captação de recursos. Na verdade, sou uma estudiosa no tema e me jogo de cabeça em processos que permitam que essa teoria vire prática. Adoro entender como tem se dado a movimentação de investidores e em como a filantropia se comporta em um mundo cada vez mais ligado na necessidade de mudança. As mudanças estão presentes em tudo! Inclusive na mobilização de recursos.
E as mudanças estão acontecendo! O número de empresas que adotaram práticas ESG ou criaram áreas de responsabilidade social vem crescendo consideravelmente e, por consequência, os valores de doação também. Consumidores e consumidoras estão escolhendo as empresas considerando seus valores e suas práticas, isso é fato. Daqui a uns anos, as gerações mais jovens estarão ocupando a maioria dos postos de trabalho, uma turma cada vez mais engajada, exigente com as questões socioambientais e altamente conectada com as novas tecnologias.
No mundo do investimento, projetos de impacto social são ótimas opções para gerar retorno financeiro e, de quebra, contribuir para um planeta mais justo. Não por acaso, esse é um dos temas mais pautados hoje quando falamos sobre inovação e captação de recursos.
Nessa minha andança como Consultora, tenho colaborado com estratégias de sustentabilidade e autonomia financeira para organizações sociais, negócios de impacto e startups e estou convicta do quanto o tema é urgente para esse nosso campo. Inovar nas estratégias de captação de recursos é uma questão de resiliência e sobrevivência. É hora de dar um passo grande para frente e desapegar de uma rotina presa aos métodos tradicionais que geram pouco resultado (inscrição em editais, por exemplo) e que não dão conta da necessidade de recursos que as iniciativas que vêm promovendo impacto precisam.
Se olharmos ao redor, estão brotando novos formatos bem inovadores, atraentes e criativos, um verdadeiro cardápio disponível que inclui estratégias como blended finance, criptodoação e crowdlending. Existem outras metodologias, ainda pouco adotadas pelas organizações, mas que são super relevantes, como é o caso do donor scoping, que mapeia oportunidades e que aquecem os resultados de captação quando adotado.
Um mundo em constante mudança demanda estratégias novas que acompanhem novas linguagens, novos formatos e novos métodos de comunicação. Olhar para isso com peito aberto é um movimento muito sábio daquelas instituições que topam se jogar para o novo, de testar, errar, mas fundamentalmente tentar. É nesse caminho que a sustentabilidade se constrói e floresce em impacto.
Daiane Dultra é mobilizadora de pessoas e recursos, consultora e mentora de organizações da sociedade civil, startups e profissionais da captação. Possui um curso online de 80h sobre captação de recursos e um podcast chamado “Tá, Captando?”, que fazem parte de um projeto de democratização do conhecimento sobre sustentabilidade e autonomia financeira para quem quer mudar o mundo.
Texto escrito por Daiane Dutra, colunista voluntária da Nossa Causa